Voltar a ler Carl Sagan, em particular ouvir, aproveitando o facto de nos ter deixado uma
versão áudio do livro “Pale Blue Dot”, é por si apenas toda uma experiência. Há muitos anos que não o lia. Os seus livros “The Demon-Haunted World”, “The Dragons of Eden”, “Contact”, mas muito particularmente “Cosmos” tornaram-se parte daquilo que hoje sou. Não tinha ainda lido “Pale Blue Dot”, considerado uma espécie de sucessor de “Cosmos”, mas quanto mais o tempo foi passando menos o considerava adequado ler. Sentia o receio de alguma desilusão. As leituras de fim de adolescência raramente são para repetir, nomeadamente se nos marcaram tão indelevelmente. Por isso, não me surpreendeu não ter “voado” com “Pale Blue Dot”, ainda que tenha andado muito perto. Já não vivo sob o manto da inocência de outro tempo, em que a crença otimista no humano dependia de acreditar na nossa capacidade para transformar o mundo. Sagan dá-nos uma lição de humildade, mas simultaneamente de enorme ambição, o que passado 30 anos sobre o livro, e analisada a evolução da nossa espécie nesse tempo, torna muito difícil de aceitar.
Versão portuguesa pela Gradiva. A versão audio inglesa apresenta apenas os primeiros 5 capítulos lidos por Carl Sagan, os restantes capítulos perderam-se, tendo sido lidos por Ann Druyan para uma nova versão em 2017.
Continua a valer pela beleza das suas descrições, e principalmente das suas metáforas. Continua a valer pela enorme paixão que transmite. Mas é inevitável sentir que se tornou datado.
Sobre o Ponto Azul-Claro, fica o link para a
missão Voyager, onde podem encontrar toda a informação base que suporta este livro.