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agosto 22, 2016

“Almas Mortas” (1842)

Uma comédia negra social e uma introdução à arte de Tolstói e Dostoiévski. Dito isto, “Almas Mortas” é uma obra relevante em termos históricos pela sua a sua arte e crítica social, no entanto continua a ler-se imensamente bem, com bons momentos de humor e uma belíssima escrita.


Este livro deveria ter sido o primeiro de uma trilogia, mas face às reações violentas da sociedade Gogol que tinha já iniciado o segundo volume acabaria por o destruir pouco antes de morrer. Contudo e sendo este o seu único romance, não desmerece em nada a leitura, já que o livro se fecha, deixando claro, caminho aberto para novas aventuras que nunca viremos a conhecer. A agressividade despoletada pela obra é facilmente entendível, já que Gogol desfaz tudo e todos ao longo do texto, desde os grandes proprietários, aos camponeses, aos funcionários públicos, incluindo procuradores, chefes de polícia, etc. Nada escapa à sátira, frontal e direta, que hoje está já muito distante desse real, mas que facilmente percebemos, já que se muito mudou, muito ainda continua na mesma.

Chichikov é alguém com anos de experiência na função pública russa do século XIX, sabe manejar a máquina e ganhar com isso. O seu mais brilhante esquema é o foco deste livro, e passa por comprar "almas mortas", nesta Rússia as "almas" eram servos, os camponeses que trabalhavam para os grandes proprietários que por sua vez mediam a riqueza em função do número de almas que possuíam. As almas mortas eram os servos mortos, que pagavam impostos enquanto o senhorio não desse baixa dos mesmos. Chichikov pretendia comprar os contratos dessas almas, conquanto os senhorios não os dessem como mortos. O fundamento e o esquema é revelado no final do livro, mas ficamos a perceber assim que o nosso herói é um vilão, mas é-o no sentido da sátira, já que para Gogol ele encarna o espírito da época, o que se levados a refletir sobre os esquemas criados pela banca internacional nos dias de hoje (ex. subprimes, ativos tóxicos, etc.) rapidamente percebemos que pouco mudou, neste caso apenas passou do público para o privado.

Claro que toda esta análise social pode ser também encontrada em Tolstói, e tendo em conta o facto de Gogol no fim do livro dizer que o escritor tem o dever de relatar e criticar o social, nenhum outro sucessor de Gogol poderia ter sido mais efetivo nessa função. Já Dostóievski é bem mais psicológico, embora traga sempre rente ao texto o olhar social, mas considero que aquilo que melhor recupera de Gogol é a descrição realista com laivos poéticos. Aliás Gogol sempre que se refere ao livro, já que enquanto autor se assume como narrador e vai falando com o leitor em apartes à história de Chichikov, fá-lo como poema. Para quem tenha lido Tolstói e Dostoiévski facilmente sentirá ao ler Gogoel as suas reminiscências.
"Feliz o viajante que após longa e incómoda jornada, durante a qual suporta o frio, a chuva, a lama, o tilintar contínuo dos guizos, as constantes reparações nas estradas, as sempiternas zaragatas dos cocheiros com os ferradores, chefes de posta ensonados e demais canalha dos caminhos, volta a ver enfim o telhado familiar, as luzes e os lugares que conhece, as pessoas que estima e acorrem, calorosas, a recebê-lo, e a ouvir as alegres exclamações dos criados, as turbulentas correrias das crianças, os relatos de tudo quanto se passou na sua ausência, estes entrecortados de abraços e beijos tão ardentes que varrem logo da memória todos os desgostos sofridos.” (p.141)

Edição do Círculo de Leitores, 1977, p.263, trad. José António Machado

abril 08, 2016

"Anna Karénina" (1877)

Confesso que vinha à procura de mais, nomeadamente porque é um livro que surge no topo de várias listas, e que raramente se encontra ausente de qualquer lista. O livro é bom, é até muito bom, mas depois de ler "Guerra e Paz" pouco daquilo que Tolstói aqui faz nos surpreende. Por outro lado a personagem principal, a sua estrutura em termos de conteúdo, apesar de bastante rica fica atrás de outras personagens do universo da literatura clássica.


Com Anna Karénina (1877) chego ao final da leitura das grandes heroínas clássicas, depois de Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito, 1813), de Catherine Earnshaw (O Monte dos Vendavais, 1847), de Jane Eyre (Jane Eyre, 1847) e Emma Bovary (Madame Bovary, 1857). Europeias, representando a Rússia, Inglaterra e França, todas do século XIX, todas imensamente relevantes e ao mesmo tempo tão diferentes. Talvez o maior paralelo se possa aqui traçar seja entre Karénina e Bovary, mas de todas continuo a elevar a um patamar completamente distinto Jane Eyre.

Anna Karénina é uma personagem que vamos adorando e odiando ao longo do romance dada a sua organicidade, incerteza, e inconstância, caraterísticas próprias de verdadeiros seres-humanos mas que em termos de histórias e romances acabam contribuindo para alguma desfocagem do nosso processo de empatia. Talvez por isso existam críticos que prefiram como personagem principal da obra, em vez de Anna, Levin, espécie de alter-ego do próprio Tolstói, mas na verdade Anna é o reverso de Levin, e de certo modo passa a ideia de que esta poderá representar o grito interior do próprio Tolstói, nomeadamente em tudo o que tem que ver com todos os seus problemas com o amor e o desejo.

Tolstói acaba por na aproximação ao final evocar a fé como espécie de amor último, mas mais ainda como forma comparativa, para poder dizer da impossibilidade de compreender completamente o que é o amor. Era desnecessário, e não me parece sequer que funcione, mas é a forma de Tolstói trabalhar, sempre à procura de compreender os porquês, sempre questionando para além do questionável, e quando não encontra o que procura prossegue atrás dos comparativos. Levin não precisava de chegar àquele ponto, apesar de o servir bem, e conseguir fechar um livro trágico com uma nota otimista.

O melhor do livro são os interiores psicológicos do grupo central de personagens — Anna, Vronsky, Levin, Kitty, Dolly e Stepan — e as descrições dos seus encontros que Tolstói consegue literalmente "mostrar" através de palavras. Impressiona por vezes seguir no fluxo da descrição, ver e sentir não apenas a cena, o quadro narrativo exposto, mas tudo aquilo que percorre a mente de cada um dos envolvidos, verdadeiros momentos de puro xadrez de emoção humana.

fevereiro 02, 2016

“Guerra e Paz”

Escrito entre 1863 e 1868, o projeto nasce como simples crónica sobre a revolução aristocrática dos anos 1850, evolui para um projeto de análise histórica da campanha de Napoleão na Rússia em 1812, acabando por se transformar num monstruoso projeto sobre a vida humana. Podemos dizer que o resultado do projeto final, o livro “Guerra e Paz”, nos  oferece três diferentes obras numa só: a) o romance à volta das famílias russas aristocráticas; b) o relato histórico sobre a guerra contra Napoleão; e c) a análise filosófica do sentido da guerra, consequentemente da vida. Aproveitando esta categorização assim farei os meus breves comentários sobre o texto.



a) O Romance

Neste campo Tolstói não nos dá nada de novo, apesar do realismo, e do drama próprio ao género, raramente nos arranca do lugar, nos surpreende ou prende a respiração. O romance atravessa os dilemas comuns de cinco famílias da aristocracia do século XIX, com as suas querelas por heranças, casamentos de fachada e de manutenção de riqueza, com os amores impedidos, impossíveis ou de consanguinidade, mas a “faca e o alguidar” não entra aqui, mesmo quando na relação com a guerra, da saída dos familiares ou das invasões do inimigo, Tolstói nunca aproveita o fácil que seria puxar a lágrima, ou impressionar com a aspereza, dureza e frieza próprias da vida em guerra, das faltas, da insegurança ou do frio, dos desaparecidos ou mortos em combate. Existem alguma cenas marcantes, como o exemplo inesquecível de Andrei pegando na bandeira logo no início, mas não está aqui o foco do autor.

Tolstói pretendia algo diferente, procurava dar conta de algo que se estava a transformar na sociedade, algo que acabaria por se ligar à guerra de Napoleão, a Revolução Francesa. Daqui começaram a surgir as elevações do povo, mas mais do que isso, para a camada aristocrática que estudava e refletia sobre a realidade, que tinha feito os estudos lá fora, tinha lido Rousseau, era tempo de mudança. Era tempo de repensar a propriedade privada, de repensar a escravatura, os direitos humanos, de repensar o Estado e as suas leis. E é isto que surge no centro do romance, ainda que de algum modo vá sendo camuflado pelo romanesco das relações, mas sempre que pode, e fá-lo imensas vezes, colocar Andei ou Pierre a falar, tudo isto vem ao cimo, e faz-nos refletir sobre o tipo de sociedade que existia nessa altura. De certo modo faz-nos pensar sobre a razão de ter surgido Napoleão.

As várias famílias acabam por dar conta de diferentes perspetivas sobre a sociedade, apesar de todas aristocráticas (condes e condessas), estavam todas em situações diferentes, acabando por estabelecer premissas e objetivos distintos. O centro inevitavelmente acaba por rodar à volta de Pierre, um filho bastardo que chega à aristocracia por mero acaso, e é no seu encalço que passamos o resto do romance, vendo muito daquilo que era a Rússia e do que foi a guerra, por meio do seus olhos. Alguém desprendido que por várias vezes tenta recompor-se mas que pela vicissitudes da vida, do acaso e coincidência, acaba por cair e voltar a cair. Tolstói faz isto imensamente bem, conseguindo estabelecer uma clara ligação entre o leitor e Pierre.

Por outro lado, tudo isto é acompanhado por um espírito crítico, que paira sobre o texto do próprio Tolstói, desde a igreja à política, à hierarquia militar, à medicina, aos académicos, à maçonaria, ao jornalismo, nada escapa, tudo é apresentado com direito a contraditório, mas na maior parte do tempo sucumbindo ao desejo reformador de Tolstói que está aqui claramente ao serviço de um desígnio, como veremos já a seguir.

b) O Relato Histórico

Guerra e Paz é assumidamente escrito com um espírito de missão, Tolstói procurava dar uma nova visão da História, estava claramente insatisfeito e sentia-se incomodado com os vários volumes escritos por académicos que relatavam a campanha de Napoleão na Rússia como um verdadeiro passeio, sem sofrer qualquer afronta por parte das forças russas. Daí que os 4 volumes sejam dedicados a discorrer sobre a História, mas não apenas a História como se contava, mas antes dando uma nova versão, ao mesmo tempo que criticava a ciência por detrás das análises históricas até então escritas, o que daria origem à terceira via deste livro, e de que falarei a seguir.

A História descreve Napoleão como o génio militar, e Tolstói sentiu-se profundamente incomodado com tal. Deste modo Guerra e Paz acaba por apresentar, além do romance, uma nova visão do embate de 1812 entre Alexandre I e Napoleão, colocando o general russo, Kutuzov, na frente, enaltecendo feitos pouco conhecidos ou reconhecidos, e assim trazendo orgulho ao povo russo. Não admira que esta obra se tenha tornado digna de honras de monumento para os russos. Ela é um monumento em si, épica, mas é-o ainda mais para o povo que viu nascer e morrer Tolstoi.

Para o comum leitor, a união do romance à História é fundamental na criação do espaço e universo narrativo. No final da leitura, dificilmente se fica com a mesma ideia do século XIX, sentimos os nossos horizontes crescer, e compreendemos melhor o que se passou com Napoleão, embora neste caso concreto tivesse gostado de ver Tolstói ir mais longe. Tolstói porque tinha algo a provar, que o faria na terceira via do livro, acaba por não reconhecer a origem de Napoleão, nem dos escritos que o suportavam, os "autores" por detrás da Revolução Francesa, o que teria sido muito interessante. Por outro lado, ao assumir que o leitor detém esse conhecimento, obriga a procurar e a querer saber mais quem tenha aqui algumas lacunas. Deste modo acaba por tornar Guerra e Paz uma obra praticamente obrigatória em termos da cultura geral europeia, embora não seja uma obra que se possa obrigar à leitura, dada a sua complexidade.

c) A Análise Filosófica 

Esta foi talvez a vertente do livro mais criticada desde o seu surgimento, tendo mesmo levado Tolstoi na 4ª edição em 1873 a cortar quase toda esta análise do livro, algo que foi apenas reposto mais tarde pela mulher em 1886 para 5ª edição, a que hoje normalmente lemos. Um dos elementos mais marcantes desta edição aparece como segunda parte do Epílogo, em 35 páginas inteiramente dedicadas à reflexão sobre a Ciência da História e à vida em si. Diga-se que são 35 páginas um tanto obsessivas, Tolstoi procura convencer-nos por todos os meios, detalhando ao pormenor o seu argumentário, mas desta forma acaba tornando-se excessivamente complexo, afastando muitos leitores. Em algumas críticas chega-se mesmo a recomendar os leitores a arrancar o epílogo, para diminuir o tamanho e peso, mas principalmente para não se ter de atravessar aquilo que para alguns é a parte mais árida do romance.

Percebo que assim seja para quem vem à procura de romance, mas Guerra e Paz não seria o que é sem as suas três partes. Para quem consiga seguir o raciocínio de Tolstói é recompensado no final, sendo capaz de sentir o que ele sente. Sim, ele é nestes momentos mais pregador que artista, aliás existem dois momentos no meio do livro em que o narrador abandona a terceira pessoa, e sentimos claramente Tolstói a falar connosco, a dizer-nos o que pensa sobre os factos históricos, sobre os erros de leitura, e sentimos que ele ja não está a escrever uma história, mas a dar uma aula carregada de impressões pessoais, ainda que de algum modo sustentadas. Tolstói não se limita a escrever sobre um assunto que leu, faz uso da sua experiência pessoal na Guerra da Crimeia (1853-1856), assim como de imensa pesquisa no terreno, chegando a incluir mapas de correção dos campos de batalha no livro.

Antes de entrar na discussão histórica quero frisar algum dos devaneios que vão surgindo ao longo do livro da parte de Andrei e Pierre, com perspetivas sobre a vida bastante negras, nas quais podemos encontrar facilmente paralelos com Schopenhauer, filósofo que Tolstói admirava, claro que não se fica pelo mero seguimento, notamos mesmo ao longo do livro uma evolução das perspetivas mais negras, um amadurecimento. Claramente que o seu desânimo com a sociedade, a aristocracia e o tratamento dado às pessoas do campo afetou muito o mundo de Tolstói, ele que fundou várias escolas especificamente para quem não tinha acesso à educação na Rússia.

Mas o cerne da filosofia apresentada por Tolstói com o culminar no Epílogo dá conta da discussão em redor do determinismo e acaso. A discussão surge a Tolstói por vida da demonstração de que não é um homem, neste caso Napoleão, que pode mudar o mundo, que é preciso um movimento, que são precisas massas, e que essas não se movem à vontade de uma só voz. Esta luta começa logo no início do livro, mas agudiza-se no final, com Tolstói a dar conta de uma ciência incapaz de nos dar a conhecer a História, por se concentrar apenas nas figuras de proa, esquecendo as massas, as pessoas reais que fizeram a História. Esquecendo a imensidão de variáveis que contribuem para cada evento, em que tudo tem uma causa e um efeito, e que cada efeito afecta a causa seguinte, num sucedâneo que provoca aquilo que mais tarde reconhecemos como História.
"Para estudar as leis da história, temos de mudar completamente o objeto da observação, deixar em paz os czares, os ministros e os generais, passando a estudar os elementos heterogéneos, infinitesimais que dirigem as massas.” p. 298, III
“Se dispusermos de uma grande série de experiências, se as nossas observações incidirem incessantemente nas relações de causa a efeito nos actos humanos, então estes actos apresentam-se tanto mais necessários e tanto menos livres quanto mais ligarmos os efeitos às causas.” p. 397, IV
Daqui chegamos à grande dualidade entre Liberdade e Necessidade, que no fundo serve a oposição, livre-arbítrio e determinismo. De um lado, a liberdade total pode apenas existir na nossa consciência, enquanto a necessidade existe na razão (no espaço, tempo e causalidade). A luta entre liberdade e necessidade é permanente, não podendo nós viver apenas num dos lados.
“Assim, para imaginarmos um acto humano sujeito tão-só à necessidade sem a mínima dose de liberdade, seríamos obrigados a admitir o conhecimento de um número ‘infinito’ de condições espaciais, um período ‘infinitamente’ grande de tempo e uma série de causas ’infinita’.
Para podermos imaginar um homem completamente livre, não sujeito à necessidade, deveríamos imaginá-lo sozinho, ‘fora do espaço, fora do tempo e não dependendo de qualquer causa’.” p.401, IV



Conclusões

Tolstói não considerava Guerra e Paz um romance e Gustave Flaubert concordava dizendo que o livro estava cheio de repetições e demasiada filosofia, com o que concordo em parte. Só não concordo que não continue a ser um romance, porque o romance não tem uma forma, é antes aquilo que quisermos fazer dele, mas claro que é muito mais fácil para mim dizer isto em 2016.

Na realidade, Guerra e Paz opta por uma forma do tipo “edutainment”, um trabalho que ao mesmo que entretém (romance), educa (história e filosofia), e nesse sentido é um trabalho enormemente conseguido. Este tipo de abordagem híbrida não pode almejar ao mesmo tipo de uma obra consagrada a um domínio apenas. Ou seja, um romance focado no romance, pode ir muito mais longe no drama e emoção, na envolvência da nossa atenção e captação dos nossos sentires. Por outro lado um tratado filosófico sobre estes temas, vai muito mais ao fundo da essência do que Tolstoi faz aqui, mesmo com a sua repetição obsessiva do tema, porque acaba faltando-lhe espaço para a exposição metodológica. O mesmo acontece com a componente histórica, em que muito do contexto do cenário de 1812 fica de fora. De qualquer modo, Tolstoi consegue juntar os três discursos e não só tocar-nos como abrir-nos os horizontes históricos e filosóficos, e é isso que tem mantido esta obra relevante ao longo de tantos anos.

Estilisticamente a inovação, e dificuldade de leitura, advêm por esta abordagem tripartida, já que em termos de escrita temos um texto bastante fluído, numa lógica realista, com um bom vocabulário mas nada demasiado exigente. O primeiro tomo é dedicado à apresentação dos personagens, é um bocadinho mais chato na progressão mas é amplamente compensado pelo segundo e o terceiro nos quais temos o desenvolvimento do romance e História, com algumas interessantes digressões filosóficas, já no quarto entra novamente num ritmo mais descritivo, de fechamento de pontas, tornando-se menos envolvente, embora o epílogo redima e nos ponha num estado profundamente reflexivo sobre tudo aquilo que acabámos de ler.

Apesar de vivamente recomendado, não é um livro que sinta, pelo menos no imediato, vontade de reler. É um livro magnífico, capaz de nos fazer ver o mundo de uma forma diferente, mas que sofre um pouco com a progressão ocorrida no seio da ciência e filosofia. Entre Tolstói e Proust, julgo não haver lugar para dúvidas no que toca ao prazer da leitura de Proust, ainda que em termos de assunto e conteúdo seja imensamente mais rico Tolstói.


Lev Tolstói, (1869), Guerra e Paz, Trad. Nina Guerra e Filipe Guerra, Editorial Presença (2005), 4 volumes, p. 1697