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outubro 03, 2015

Série fotográfica: “Onde Dormem as Crianças"

James Mollison criou uma nova série fotográfica, mais uma vez dedicada às crianças. Depois dos célebres recreios de escola analisa agora os sítios onde dormem as crianças no mundo. Se a série anterior nos tocava pelo lado nostálgico, esta joga com a intimidade e empatia. Para tal Mollison não se limitou a fotografar os quartos, fotografou também as crianças que neles dormem, confrontando lado a lado, o ser humano e o lugar, criando um contraste entre o ser humano como nós, e o espaço por vezes tão distante. Da série ressalta com muita força a diferença sócio-económica, mas existem também traços culturais sobre os quais vale a pena deter-se e refletir.

Alex, 9, Rio de Janeiro, Brazil

Jivan, 4, New York, USA

Bilal, 6, Wadi Abu Hindi, The West Bank

Kaya, 4, Tokyo, Japan

Syra, 8, Iwol, Senegal

Prena, 14, Kathmandu, Nepal

Li, 10, Beijing, China

Lamine, 12, Bounkiling Village, Senegal

Rhiannon, 14, Darvel, Scotland

Roathy, 8, Phnom Penh, Cambodia

Risa, 15, Kyoto, Japan
"Stories of diverse children around the world, told through portraits and pictures of their bedrooms. When Fabrica asked me to come up with an idea for engaging with children’s rights, I found myself thinking about my bedroom: how significant it was during my childhood, and how it reflected what I had and who I was. It occurred to me that a way to address some of the complex situations and social issues affecting children would be to look at the bedrooms of children in all kinds of different circumstances. From the start, I didn’t want it just to be about ‘needy children’ in the developing world, but rather something more inclusive, about children from all types of situations."

Estas imagens são apenas um pequeno excerto da série que possui um total de 56 conjuntos, mais alguns estão disponíveis no site do autor, o resto foi publicado no formato de livro, no qual as fotos são acompanhadas de pequenos textos de caracterização social das crianças.

junho 17, 2015

Os recreios do mundo

Depois de há dois anos aqui ter deixado uma série fotográfica, de Gabriele Galimberti, sobre Brinquedos de crianças de várias partes do globo, agora trago uma nova série fotográfica, com um tema próximo, os Recreios (Playground) em várias partes do globo, por James Mollison. Esta série de Mollison, à semelhança da de Galimberti, é poderosa emocionalmente porque toca de forma muito direta memórias que todos possuímos, e por outro lado ao obrigar a um processo de comparação, instiga-nos a ir ainda ao fundo dessas memórias, para poder comparar em detalhe. Claro que podemos ler aqui componentes políticas e sociais de cada país, mas antes desse nível de significado temos, em essência, as crianças, as suas relações, e as suas vidas em cada um daqueles momentos. Aliás, é o próprio Mollison que o refere como objecto de partida para a série.

Dechen Phodrang, Thimphu, Bhutan

Stonyhurst College Lancashire, Uk

St. Mary of the Assumption Elementary School, Brookline, Massachusetts
"When I conceived this series of pictures, I was thinking about my time at school. I realized that most of my memories were from the playground. It had been a space of excitement, games,bullying, laughing, tears, teasing, fun, and fear. It seemed an interesting place to go back and explore in photographs.I started the project in the UK, revisiting my school and some of the other schools nearby. I became fascinated by the diversity of children’s experiences, depending on their school. The contrasts between British schools made me curious to know what schools were like in other countries.

Most of the images from the series are composites of moments that happened during a single break time—a kind of time-lapse photography. I have often chosen to feature details that relate to my own memories of the playground. Although the schools I photographed were very diverse, I was struck by the similarities between children’s behavior and the games they played.
"
James Mollison
Cadet School of the Heroes of Space, Moscow

Kroo Bay Primary, Freetown, Sierra Leone

Utheim Skole, Kårvåg, Averøy, Norway

Holtz High School, Tel Aviv, Israel

Aida Boys School, Bethlehem, West Bank

He Huang Yu Xiang Middle School, Qingyuan, China

Shohei Elementary School, Tokyo

Valley View School, Mathare, Nairobi, Kenya

Inglewood High School, Inglewood, California

Pilgrim’s School, Winchester, UK

Seabright Primary School, London

Affiliated Primary School of South China Normal University, Guangzhou, China

Seishin Joshi Gakuin School, Tokyo

abril 05, 2013

a criança e o brinquedo

"Nestas idades, todos eles são mais ou menos iguais. Eles querem apenas brincar." É esta a conclusão de Gabriele Galimberti ao fim de 18 meses passados a fotografar crianças junto dos seus brinquedos preferidos. Ainda assim Galimberti diz que se podem notar diferenças no modo como brincam.

Niko - Homer, Alaska
"As crianças mais ricas, eram mais possessivas. No início, não queriam que eu tocasse nos seus brinquedos, e eu precisava de mais tempo até que elas me deixassem brincar com eles. Nos países pobres era muito mais fácil. Mesmo que apenas tivessem dois ou três brinquedos, elas não se importavam. Na África, as crianças brincavam essencialmente com os amigos fora de casa."
Mais interessante, é a conclusão de Galimberti a propósito daquilo que se pode extrair em termos associativos. Ele sentiu no seu trabalho que de algum modo aqueles brinquedos refletiam também as ambições e mundos dos pais de cada criança. A mãe da Letónia que guiava um taxi e enchia o filho de carrinhos. O agricultor italiano cuja filha orgulhosamente exibia ancinhos, enxadas e pás de plástico. Os pais do Médio Oriente e da Ásia que quase empurravam os miúdos para serem fotografados, mesmo aqueles que não estavam muito dispostos a isso. Enquanto os pais da América do Sul estavam muito mais relaxados e diziam que podia fazer o que quisesse, desde que o seu filho não se importasse.

Os brinquedos são uma parte extremamente importante da cultura humana. Nesta imagem podemos ver um brinquedo grego do Século IV A.C. [Brinquedo em exposição no Museu Arqueológico de Atenas. Fonte]

Do meu lado, o que mais me impressionou neste retrato internacional, foi a obsessão do ser humano pelos conjuntos de peças, de diferentes formas e cores. Como se existisse uma necessidade constante de juntar mais ao que já temos, uma espécie de colecionismo processado ao nível mental. Repare-se na menina da Zambia e os seus óculos de sol, ou no menino do Texas com os seus aviões. Impressiona-me em termos cognitivos, porque se reflete ao longo de toda a nossa vida. Aquilo que buscamos nos brinquedos, de algum modo não se diferencia muito daquilo que vamos procurar mais tarde, na nossa vida. Não me refiro concretamente ao tema dos brinquedos, mas à nossa relação possessiva e coleccionista com estes.

Empatização e Sistematização (Baron-Cohen, 2003: 178)

Sobre os temas, apesar de toda a influência circundante, própria de seres em construção e modelação, o que mais me impressiona é a reiterada clivagem entre meninas e meninas, e uma tão clara afirmação e peso das bonecas para meninas e de carros para meninos. Apesar de podermos encontrar excepções, maioritariamente e independentemente do continente, podemos dizer que universalmente as meninas brinca com bonecas e peluches, enquanto os meninos brincam com carros, comboios e aviões. Sei bem que se levantam muitos contra esta diferença, afirmando que é meramente criada pela sociedade. Do meu lado o que vejo aqui, é aquilo que venho falando, baseado nos trabalhos de Baron-Cohen (ver imagem acima). As meninas recorrem às bonecas porque elas estimulam a imaginação no campo da empatia e do relacionamento social. Já os rapazes recorrem aos carros porque estes evocam a sua motivação para compreender como é que os sistemas funcionam. Isto não quer dizer que não existam homens mais empáticos, e mulheres mais orientadas aos sistemas, mas como podemos ver nesta série fotográfica são mais excepção do que regra.

Allenah - El Nido, Philippines

Abel - Nopaltepec, Mexico

Bethsaida – Port au Prince, Haiti

Chiwa – Mchinji, Malawi

Cun Zi Yi – Chongqing, China

Davide - La Valletta, Malta

Elene - Tblisi, Georgia

Farida - Cairo, Egypt

Arafa e Aisha – Bububu, Zanzibar

Jaqueline - Manila, Philippines

Julia – Tirana, Albania

Kalesi - Viseisei, Fiji Islands

Li Yi Chen - Shenyang, China

Keynor – Cahuita, Costa Rica

Lucas - Sydney, Australia

Maudy - Kalulushi, Zambia

Naya - Managua, Nicaragua

Noel - Dallas, Texas

Norden – Massa, Morocco

Orly - Brownsville,Texas

Pavel – Kiev, Ukraine

Puput - Bali, Indonesia

Shaira – Mumbai, India

Ragnar - Reykjavik, Iceland

Ralf - Riga, Latvia

Reanya - Sepang, Malaysia

Ryan - Johannesburg, South Africa

Stella – Montecchio, Italy

Taha - Beirut, Lebanon

Talia - Timimoun, Algeria

Tangawizi – Keekorok, Kenya

Tyra - Stockholm, Sweden

Alessia – Castiglion Fiorentino, Italy

Botlhe – Maun, Botswana

Enea - Boulder, Colorado