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maio 04, 2023

Plágio no Design Português: roubar à descarada

Em novembro de 2022 o jornal Público iniciou a publicação de uma coleção de livros — designada "História do Design Gráfico em Portugal" — criada pelo professor José Bártolo, um crítico e curador de referência do design português. Em dezembro 2022, dois professores da Universidade do Porto deram o alerta para problemas graves de plágio. Em poucos dias o Público retirou a coleção de venda e passados mais alguns dias anunciava que, em vez de abandonar a coleção e pedir explicações ao autor, iria ser realizada uma segunda edição com a revisão de todos os "erros", leia-se plágios! Foi dito aos leitores que poderiam depois pedir a substituição dos primeiros livros. Não houve uma palavra do Público para com os autores plagiados. No final de fevereiro 2023, saiu a reedição, alegadamente revista, e desta vez com nomes do design português a assegurar, dizem, uma completa revisão por pares. Hoje, 4 de Maio, e para nossa total estupefacção, os mesmos professores da U. Porto publicaram os resultados da análise desta 2ª edição e não só uma boa parte dos plágios da 1ª edição continuam lá, como surgiram novos problemas! Irá o Público agora realizar uma 3ª edição e substituir todos os livros vendidos da 1ª e 2ª edições? 

outubro 29, 2022

O foco desfocado

Cheguei a "Stolen Focus: Why You Can't Pay Attention- and How to Think Deeply Again" (2022) por meio de um excerto do mesmo que discutia as questões do multitasking, tendo logo ganho o meu interesse pelos resultados dos estudos que citava. Quando procurei mais pelo autor, percebi que vinha atrelado a acusações de plágio e consequente despedimento de um jornal britânico. Acreditando que as pessoas têm direito a reabilitação, decidi avançar para a leitura do livro, ainda que munido de algumas cautelas extra. A experiência final não foi das melhores, mas ainda me interrogo se foi por causa do seu passado, ou pela sua incapacidade de manter o foco, exatamente aquilo que no título diz pretender explicar a quem o lê. 

julho 03, 2014

Plágio Castello

Esta semana estalou a polémica em redor de uma campanha da Agua Castello, tendo na altura escrito sobre o assunto no facebook, aproveito apenas para colocar o texto aqui sem alterações, como forma de registo. O artigo do Dinheiro Vivo saiu no dia 30 Junho, por volta do meio-dia, eu publiquei o meu texto no facebook com o título "Não é Strat. É Charles Burns" por volta das 14h00, no final desse mesmo dia, por volta das 19h00, a Água Castello retirava a campanha. Apesar disso a Fantagraphics tinha exposto a campanha três dias antes, a 27 de Junho.


A Água Castello portuguesa foi exposta internacionalmente à vergonha do plágio. A culpa não é sua, mas da agência que contratou para criar a nova campanha baseada em quadros de banda desenhada. Quem acusa é a Fantagraphics editora do trabalho de Charles Burns, autor dos alegados desenhos originais.

Inicialmente tive dúvidas, mesmo depois de ver algumas imagens da editora, principalmente porque não gosto de embandeirar com ataques de plágio no mundo das artes visuais já que tenho visto demasiado trabalho ser atacado injustamente. Mas vista a composição de desmontagem visual realizada pela Fantagraphics (imagem acima) as minhas dúvidas desvaneceram-se por completo (a cara do topo da garrafa é composta a partir da parte inferior da cara de um desenho, e da parte superior da cara de outro desenho). Estamos perante um trabalho de remix muito bem feito, o que para mim não teria nenhum problema caso fosse para ser usado sem fins lucrativos. Mas a ser usado deste modo, é mau, é muito mau.

Da análise do trabalho da Strat, a agência que criou a campanha, verifico que são muito bons em manipulação de fotografia. Ora é isso que temos nas garrafas da Castello, quadros de desenhos de Charles Burns manipulados (redimensionar ou rodar imagens, adicionar traços ou pontos, sobreposição de diferentes imagens para formar outras, etc.). Por isso vir dizer que meramente se “serviram de referências” é altamente abusivo, pois não estão cá referências, mas antes o trabalho em concreto de outro autor.

Sei bem porque a Strat diz isto, porque à partida não existe cobertura legal para que a Strat possa ser processada, uma vez que a manipulação deste tipo é muito usada exactamente para fugir aos direitos de autor. Ou seja em vez de pagar os direitos, alteram-se os trabalhos originais para ficarem ligeiramente diferentes, e assim passarem no crivo.

Mas se isto pode ser “aceitável” na faculdade ou em trabalhos sem componente comercial, desde que citadas as fontes, não é, nem pode ser, tolerado a uma empresa que quer trabalhar a este nível. Porque o que vemos aqui é simplesmente o cortar de custos. Não se contrata um ilustrador, nem se quer pagar quem desenhou o que se encontra online, mas pretende-se receber por um trabalho não realizado.

A Água Castello deve mandar retirar a campanha sem demoras, realizar um pedido de desculpas a Charles Burns, e pedir a total devolução da verba paga à Strat.


Fica a mensagem da Água Castello, deixada no Facebook, e que não me satisfaz, no sentido em que não realiza um claro pedido de desculpas ao autor e de certa forma quase protege a agência responsável pela campanha:
Declaração: A Água Castello enquanto marca portuguesa sempre se guiou por valores de responsabilidade, qualidade e transparência o que lhe grangeou a admiração e o respeito dos seus inúmeros consumidores.
A Água Castello quer acreditar que a Agência de Publicidade que desenvolveu a campanha “Não é Água. É Castello” se pautou pelos mesmos princípios como tem reiterado.
No entanto, para que nenhuma dúvida subsista e como prova de boa fé, a Água Castello vai dar por terminada esta campanha. A Água Castello quer continuar a merecer o respeito dos seus consumidores, dos criadores e de todos os que amam a verdade.
Água Castello

setembro 28, 2012

Jonah Lehrer forjou citações

É com enorme tristeza que faço este artigo neste blog. Mas depois de ter lido os seus três livros, e os ter analisado para este blog, seria imperdoável se não o fizesse - Imagine: How Creativity Works (2012), How We Decide (2009), Proust Was a Neuroscientist (2007). Quando soube inicialmente desta notícia nem quis acreditar, resolvi esperar para tentar perceber em detalhe o alcance daquilo que se dizia. Mas chegou a altura de o escrever aqui, divulgar que o autor Jonah Lehrer procedeu à fabricação de citações e mentiu sobre as suas fontes.


Jonah Lehrer com apenas 30 anos tinha acabado de conseguir ser contratado pela New Yorker, uma das revistas mais selectas do mundo. E se o conseguiu foi porque nos seus três livros e nos muitos textos que publicou na Wired, no Wall Street Journal e em vários outros jornais e revistas de renome, demonstrou uma enorme inteligência, perspicácia, e acuidade para interpretar a realidade à luz dos novos preceitos da neurociência. Aliás basta ver que o seu livro Imagine chegou ao primeiro lugar do NYT na primeira semana.

Imagine: How Creativity Works (2012), How We Decide (2009), Proust Was a Neuroscientist (2007)

Deste modo o seu contrato com a New Yorker não durou sequer um mês, e pode-se ver na sua coluna online, que teve apenas tempo para realizar cinco entradas. Em todas essas é agora possível ler pedidos de desculpa da New Yorker a propósito de autoplágio. Ou seja, partes daqueles textos foram publicados previamente em outros textos. Mas não foi por isto que a New Yorker o despediu. Quando isto foi descoberto, o editor ainda desculpou o autor, esperando que não voltasse a acontecer. O problema acontece a seguir quando se descobre que Lehrer forjou citações de Bod Dylan para o livro Imagine. Ou seja, no livro Imagine aparecem frases, que supostamente terão sido ditas por Dylan, mas que nunca o foram, e é aqui que a carreira de Lehrer começa a sua queda vertiginosa.

Nota de aviso da Wired

A New Yorker despede Lehrer, e começa uma enorme investigação a tudo o que Lehrer escreveu e publicou. Desse modo no final de Agosto, e depois de se descobrirem mais problemas nos textos na Wired, é a vez da Wired o despedir. Entretanto a editora Houghton Mifflin Harcourt dos livros de Lehrer retira do mercado Imagine e começa também uma investigação que ainda decorre aos três livros. Depois foi a vez do Wall Street Journal retirar também dois artigos da sua página online, e corrigir dois outros.

Nota de aviso da New Yorker

As notícias correm online em vários sítios de referência. Nota-se contudo alguma contenção por parte de quem escreve, porque acredito que muitos devem ter ficado tão chocados como eu fiquei, tornando-se muito difícil de digerir tudo isto. Apesar de tudo isso e procurando não me deixar levar por esse viés, concordo totalmente com o professor de jornalismo, Charles Seife, contratado pela Wired para analisar os seus posts, que acaba o seu parecer dizendo o seguinte,
Lehrer's transgressions are inexcusable—but I can't help but think that the industry he (and I) work for share a some of the blame for his failure. I'm 10 years older than Lehrer, and unlike him, my contemporaries and I had all of our work scrutinized by layers upon layers of editors, top editors, copy editors, fact checkers and even (heaven help us!) subeditors before a single word got published. When we screwed up, there was likely someone to catch it and save us (public) embarrassment. And if someone violated journalistic ethics, it was more likely to be caught early in his career—allowing him the chance either to reform and recover or to slink off to another career without being humiliated on the national stage. No such luck for Lehrer; he rose to the very top in a flash, and despite having his work published by major media companies, he was    operating, most of the time, without a safety net. Nobody noticed that something was amiss until it was too late to save him.
Fica aqui explícito, que não é apenas uma questão de verificação, para mim é uma questão de vida em alta-velocidade. Em todos os trabalhos criativos, todos temos que cada vez dar mais, e mais, e mais, em cada vez menos, e menos, e menos tempo. E isso complica tudo. Eu próprio apesar de ser muito arrumado em termos de organização de ficheiros, textos e imagens, já dei por mim a tentar perceber se uma determinada frase que estava num txt/doc era minha ou retirada de uma qualquer página da net. Tentar perceber se o tipo de escrita era minha, e claro fazer a pesquisa no Google, que nem sempre ajuda, caso tenhamos entretanto já mexido na frase. Face ao Lehrer tenho a vida facilitada, porque o facto de escrever em Português e usar maioritariamente fontes em inglês, ajuda a distinguir facilmente os textos que vamos colando nas folhas de texto.

Claro que nada disto desculpa a sua atitude. Chegamos a um ponto em que percebemos que isto era o seu modo de funcionar, o constante remix de tudo o que digeria. E na verdade Lehrer era excelente nisso, era brilhante mesmo. E por isso mesmo alguns dizem, que apesar de ter caído tão fundo, ainda voltaremos a ler a sua escrita. E a realidade, é que a última notícia sua que temos, é que este está neste momento a escrever sobre todo este assunto.

julho 13, 2011

uma nova imagem EDP

No dia do lançamento da nova identidade da EDP e após ter colocado o novo logo da EDP no meu mural do Facebook iniciou-se uma discussão acesa à volta do logo e do seu criador. Entretanto o assunto passou, mas ontem voltei a tocar no assunto postando no mural um pequeno vídeo das reuniões criativas em redor da criação da nova imagem, e a discussão reacendeu-se com alguns intervenientes novos e com algumas novas ideias. Daí que eu tenha iniciado uma reposta em maior detalhe à discussão mas como não é possível fazer uso de imagem/vídeo nas caixas de comentário, acabei por resolver transformar esse comentário num artigo para o blog, servindo assim também de resumo e registo da discussão no Facebook.


Então dessas discussões o se pode resumir é que existem três abordagens enunciadas e defendidas por várias pessoas que avaliam negativamente o novo logo da EDP:

a) O não recurso a uma empresa portuguesa
b) O rebranding acontecer em muito pouco tempo
c) A estética pouco apurada

Percebo as três perspetivas, não dou razão a nenhuma delas, e é nesse sentido que faço este texto para tentar explicar em maior detalhe porque razão acolho muito bem a nova identidade da EDP.

A)
Apesar de poder perceber o mal-estar da comunidade portuguesa de design, é preciso que tenham noção que quando se centram sobre esse ponto, estão a assumir um posicionamento ético muito reprovável, apenas qualificável como discriminatório. Vivemos num mundo global, não aqui no nosso quintalzinho. Os produtos sejam eles quais forem, devem ser reprovados em termos qualitativos, nunca em termos de origem, raça, credo, nacionalidade, etc.
Mas este ponto ainda tem outra análise. É que o facto de ser feito por Portugueses, não garantiria absolutamente nenhum valor extra, e mais grave ainda, teria-se corrido o risco de ver o trabalho ser atribuído a uma empresa não pela sua qualidade, mas pelo amiguismo e clientelismo.
Dou um exemplo muito simples para que se perceba o território em que nos movemos. Hoje em dia quando abre uma vaga para professor, investigador ou Reitor de uma Universidade Portuguesa o concurso é obrigatoriamente internacional. Ou seja, não pode de modo algum ser sobreposta a nacionalidade da pessoa à qualidade do seu trabalho. E isto é para mim muito saudável. Por outro lado temos algumas forças dentro de nós que continuam a lutar contra isto, em que se denota exatamente o mesmo sentimento que vi nas discussões sobre o criador da nova imagem da EDP. Mas "o gajo é estrangeiro e vem para aqui armado em salvador, nós somos tão capazes, não precisamos cá desse pessoal", queiramos ou não, cheira a "Orgulhosamente Sós".

B)
Começando pelo facto de que as necessidades de rebranding no séc. XXI serem totalmente diferentes das necessidades no séc. XX. As transformações operadas em muitas das marcas nacionais, nomeadamente com a sua internacionalização, ou ainda a entrada em sectores anteriormente não contemplados, justificam o forte rebranding a que temos assistido em Portugal.


Como se não bastassem estas lógicas que tocam o âmago da atual EDP, temos ainda que a anterior imagem da EDP estava em Tribunal desde 2005 por plágio de imagem! Quem olhe à primeira vista para os dois logos, até pode ficar com aquela sensação de que o logo da EDP é profissionalmente melhor do que o do "O Feliz". Mas atenção porque em parte está apenas a ser iludido por um make-up estético. Quando analisados na sua essência, os logos são praticamente iguais.


O logo do O Feliz não caiu do céu, pode ser facilmente visto a quem passeia por Braga ou quem se cruza com os carros da sua emprea, está registado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial com o número 11.842. No entanto houve espaço para serem colocados a circular rumores de que a marca bracarense teria recebido indemnizações para prescindir dos seus direitos de imagem. E como factor ainda mais relevante, o design da imagem tem todo um conceito subjacente concebido por Paulo Cabral, melhor ou pior conseguido tecnicamente, está lá,
"O logo foi criado há mais de 10 anos pelo designer gráfico que trabalhava com a empresa "O Feliz" e registado, sublinhando criativamente a associação da cor vermelha ao carácter do aço (tratando-se de uma metalomecânica), assim como a rigidez do quadrado perfeito que enquadra o sorriso conotado ao nome da empresa." Por Ana Feliz.

Mas tudo isto a própria EDP assume, percebe e explica. Mais ainda porque vai ao ponto de explicar o que está subjacente à coincidência, que é para mim o mais relevante no meio deste processo todo,
"Todas as marcas têm um ciclo de vida e consideramos que o anterior logo, o “smile”, já não representa a nova realidade da EDP e do mercado. O processo de internacionalização da companhia veio ainda reforçar o carácter não distintivo do “smile”, símbolo relativamente vulgar em diversos produtos e geografias, o que aliás trouxe também problemas de registo de marca e custos acrescidos. Paralelamente, a EDP foi confrontada com um processo interposto por uma empresa cuja logomarca era em tudo idêntica à da EDP e que já existia quando a EDP criou a sua, em 2004Paulo Campos Costa, director de marca e comunicação EDP

C)
A última abordagem que tem sido feita diz respeito à componente estética do novo logo. Ora falamos de Design e não de Arte. Assim a primeira coisa que é preciso avaliar numa nova imagem é a sua Funcionalidade, e só depois a sua Estética. E agora indo direto ao que me interessa, em termos de funcionalidade, não conheço mais nenhuma identidade Portuguesa com estas capacidades.



Vejamos então em termos técnicos como é feito, e depois qual a funcionalidade do trabalho técnico desenvolvido. Com recurso a elementos gráficos simplicíssimos, mas que combinados criam uma imagem complexa e muito coerente, temos:

1 - Uso de formas geométricas simples variáveis.
2 - Uso de um único tom de vermelho constante,
3 - Uso de três níveis gerais de saturação do tom, de modo constante em todas as variações.
4 - A constante variação da saturação do vermelho, justificada pela sobreposição e transparência das formas geométricas.
5 - A constância do lettering e da sua força como bloco uno, sempre centrado e sobre as formas.



Agora vejamos em que se traduz funcionalmente este trabalho,

1-  Uma identidade que não está fechada na forma, mas que pode gerar múltiplas formas, continuando a ser reconhecida. Pode ser associada a todos os segmentos existentes na EDP agora, e pode ser adaptado para todos os segmentos que venham a ser criados, sempre com identidade própria, mas sempre muito coerente com o discurso da imagem central.

2-  Uma imagem que consegue passar por visualizações verdadeiramente Abstractas, ou Icónicas, ou Simbólicas e até mesmo Diagramáticas e manter o reconhecimento da imagem central. Ou seja é possível criar uma imagem abstrata para segmentos menos facilmente traduzíveis em conceito visual, ou criar uma imagem figurativa que é automaticamente associada ao segmento em questão (exemplo das Renováveis)


Posta toda esta análise a única imagem que me vem à cabeça, e que em termos de inteligência funcional possa ombrear com esta é a do MIT Media Lab. Embora aí se tenha ido ainda mais longe ao criar um algoritmo para conceber formas de modo generativo. Ainda assim o algoritmo não é depois utilizado para colar as imagens aleatoriamente sobre cada departamento do Media Lab, o que no fundo acaba por vir dar ao que temos com este logo da EDP.

Quanto ao criador desta nova imagem, como repararam, não apareceu ao longo de todo o texto, porque simplesmente não é necessário chamar para aqui quem fez, basta que nós nos concentremos sobre os objetos e não sobre quem os faz. Mas e porque seria ridículo falar de tudo isto e não dar nome a quem é devido, o trabalho foi criado por Stefan Sagmeister. De notar que não é o seu primeiro trabalho para Portugal, a identidade da Casa da Música é também sua.


E no final quero agradecer a todos os que se dispuseram a discutir o assunto no meu mural do Facebook, sem os quais este texto não existiria: Artur Leão, Nicolau Pais, Cristina Sylla, Diogo Valente, Cristina Carvalho, Catarina Lelis, Leonel Morgado, Ana Melo, Luis Gama, David Mota, Heduino Rodrigues, Nuno Franco, Jorge Lima, Luís Ricardo.