Gostei muito de "Station Eleven" (2014) por apresentar um olhar novo sobre as distopias, assente na calma e tranquilidade. Depois em "O Hotel de Vidro" (2020) Mandel, seguindo o mesmo tom, acaba por mudar para uma linha contemporânea e mais mundana, focando-se na crise económica de 2008, usando personagens que se socorrem do absurdo para gerar interrogações que ficam sem explicação. Neste terceiro livro, em que o título encaixa totalmente na sua forma de escrita, "Mar da Tranquilidade" (2022), já pouco parece existir de novo para nos oferecer. Temos um livro que sintetiza as distopias do primeiro, juntando-lhe as questões estranho-absurdas do segundo, alargando ambos os universos e unindo-os num só. É interessante, porque somos recompensados por ter lido os anteriores, mas ao mesmo tempo sentimos falta de mundo, sentimos que a autora esgotou aquilo que pesquisou sobre os temas e não consegue sair do ciclo em que se fechou.