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julho 02, 2012

Vessel, curta sci-fi/horror através do Kickstarter

Vessel (2012) de Clark Baker é mais um excelente projecto financiado no modelo de crowdfunding. O valor pedido no Kickstarter foi de 8 mil dólares, conseguiram 10 mil a partir de cerca de 100 apoiantes. Tenho aqui falado várias vezes desta forma de produzir obras criativas, embora nem sempre pelas melhores razões, contudo é um modelo que continua a conseguir surpreender-nos.


Claro que um filme com este nível de produção precisaria de muito mais do que 10 mil dólares, o que se passa é que toda a equipa é constituída de pessoas licenciadas na área e que trabalha na indústria americana do audiovisual e isso abre imensas portas para se conseguir aceder a espaços, materiais e know-how de forma gratuita. De outra forma os custos reais poderiam facilmente ultrapassar dez vezes o valor pedido.


O nível de qualidade técnica do filme é muito alta, tanto em termos de design de produção como nos efeitos especiais que não se limitam aqui ao CGI mas fazem uso de monstros em materiais físicos e com uma qualidade impressionante. A realização é muito bem conseguida assim como a cinematografia. Em termos narrativos os personagens estão perfeitamente bem delineados, são credíveis, sendo que a direcção de actores cumpre com eficácia o seu papel.



Quanto à história é muito interessante porque ficamos a pensar como é que nunca ninguém se tinha lembrado disto, ou talvez até tenham, o modelo não está muito longe da série Twilight Zone e não sei se esta ideia não terá sido aí alguma vez explorada. Para uma curta de 13 minutos, está muito bom, embora o final tenha deixado a desejar, como que se os guionistas não soubessem muito bem o que fazer chegados ali. É um filme de género, lida com OVNIs e aliens numa mistura de sci-fi e horror perfeita.



Outro link para o filme no YouTube.

junho 15, 2012

"Indie Game: The Movie" é simplesmente inspirador

Indie Game: The Movie (2012) é o filme que qualquer criador de videojogos vai querer ver, e é obrigatório para todos aqueles que desejam criar videojogos. O filme mostra não só o que está em causa na criação de um videojogo, mas acima de tudo, plasma na perfeição todo o espírito Indie.

Tommy: "It's not a game I made for the people. I make it for myself."
Edmund: "I make games to express myself."
Phil: "It's me. It's my ego, my perception of myself"
Mas a verdade é que isto acontece no momento da criação, no auge da expressão do Eu. Quando se liberta a obra no mundo, o desejo é igual para qualquer artista. Que os outros o percebam, o compreendam, e gostem dele. Como é dito no filme, "é como lançar um filho no mundo".




Isto quer dizer que um artista pretende expressar o seu interior, tudo o que lhe vai na alma, e quer fazê-lo racionalmente, mas como as suas emoções ditam, não como as lógicas de mercado pedem, aqui tudo é emoção e razão em sintonia. Mas isto não quer dizer que não queira saber sobre aquilo que os outros pensam, porque todos queremos. Só que queremos fazer algo de tão puro, de tão único, e ainda assim esperar que os outros nos entendam e nos sigam.




Este filme põe uma pedra final na discussão sobre os videojogos serem, ou não, uma arte. Para quem ainda tiver dúvidas, veja o documentário e perceba o que está por detrás do design de um videojogo, e porque é que estes são uma arte.




O momento no fim do filme em que Edmund nos fala daquilo que mais lhe diz a audiência, em que ele imagina um miúdo que esteve há espera, como ele estaria, para ver sair o jogo e poder jogá-lo. E imagina o momento em que a criança se dá conta que o jogo foi feito por apenas duas pessoas, o Edmund e o Tommy, e o miúdo simplesmente pensa que pode vir a ser como eles, e também criar o seu próprio jogo, que está ao seu alcance. Isto é o ponto mais alto do movimento indie. Um verdadeiro hino ao espírito criativo.


Façam um favor a vós mesmos e comprem o filme - Direct Download, Steam, iTunes - e vejam, e revejam, vale todos os segundos.

Trailer Indie Game: The Movie (2012)

março 31, 2012

Porque o Kickstarter não resolve tudo

Moving Takahashi (2012) é uma curta metragem financiada pelo sistema de crowdfunding Kickstarter. Os autores pediram $17,500 e conseguiram $24,944, ou seja, mais um sucesso para o crowdfunding. Mas se trago aqui este projecto não é por ter sido financiado com sucesso mas é antes porque este demonstra alguns dos problemas deste sistema.


Vendo a página do Kickstarter do projecto, lendo a sinopse, e vendo o trailer de três minutos, ficamos totalmente apanhados pela história, pelos propósitos da equipa, e muito facilmente acreditamos que este é um projecto que tem tudo para dar certo.

Trailer do projecto para financiamento no Kickstarter

A questão é que depois aquilo que vemos surgir na curta tem muito pouco a ver com aquilo que nos foi prometido. Ou seja, em termos de linguagem formal só posso dizer maravilhas do filme, nomeadamente a luz e a cinematografia. Mas tudo o resto é bastante fraquinho, isto claramente pensando em tudo aquilo que nos foi dito para nos convencer a financiar o filme. Começando pelos actores, passando pelos diálogos e terminando no simples facto de que existe uma total inabilidade para dramatizar as questões, de comunicar de forma expressiva o que está aqui em causa. O trailer do Kickstarter fala-nos da paixão pelo storytelling, mas aqui a única coisa que vemos é a paixão pela execução técnica, nada mais.


Assim sendo resta-me constatar que um sistema como o Kickstarter está longe de ser infalível, e até mesmo o ideal. Porque não existindo editores, curadores, críticos no meio do processo que possam ajudar a separar o trigo do joio, será sempre muito difícil para o público em geral perceber o que é que vale a pena financiar. E neste caso tenho ainda a registar que foi muito injusto para quem quis apoiar a produção, terem colocado a fasquia tão alta. Ou seja, foi preciso pagar o equivalente a dois bilhetes de cinema para poder contribuir para o projecto, o que é em meu entender um exagero.

novembro 19, 2011

Arte + Ciência, uma visualização do Tempo

Ken Murphy desenvolveu um conceito muito original para a instalação, A History of the Sky (2010), com base na visualização de informação, sobre a passagem do tempo.


O projeto consistiu em filmar time-lapses do céu (imagens de 10 em 10 segundos), ao longo de um ano inteiro a partir do Exploratorium Museum, São Francisco, EUA. Para fazer este trabalho Murphy transformou a sua ideia num projecto Kickstarter e arrecadou $3,578 para realizar o trabalho. Depois a ideia era pegar em todos os vídeos e criar uma instalação em mosaico, em que cada vídeo é um dia.
Each day's images are assembled into a time-lapse movie. The final piece will consist of a large mosaic of 365 movies, each representing one day of the year, arranged in order by date. The days all play back in parallel, so that at any given moment, one is looking at the same time of day across all of the days.
A intenção do autor era assim revelar os padrões de luz e tempo ao longo de um ano inteiro. Isto foi desenhado para uma instalação e esteve em exibição em vários locais, entre os quais, a SIGGRAPH 2010, ou a Google I/O Conference em 2010, ou ainda Create:Fixate em Los Angeles, em 2011. Entretanto esta semana Murphy resolveu disponibilizar o trabalho online em 1080p, de modo que a melhor forma de experienciar este trabalho é ver este link do YouTube a 1080p diretamente num ecrã Full HD. No final deste artigo podem ter uma primeira impressão do trabalho disponibilizado também no Vimeo.


Devemos ter em atenção que o projeto inicia-se em Julho, daí que os extremos do mosaico representem o Verão, e o centro o Inverno. Murphy diz-nos ainda que o mosaico não apresenta os 365 dias, mas 360 de modo a criar um mosaico retangular mais perfeito. Para além disso também não realizou ajustes no relógio da câmara, em termos de hora de inverno ou verão para criar um maior rigor cronológico na captação e sincronia. Mais detalhes técnicos sobre a tecnologia utilizada para criar o projeto podem ser vistos no site.


Não posso deixar de dizer que isto é um belíssimo exemplo do cruzamento entre Arte e Ciência. Em que uma instalação usa o melhor da ciência, para inspirar uma criação estética. É um trabalho maravilhoso que nos dá em menos de 5 minutos uma noção mais profunda e intensa do planeta que habitamos.


setembro 23, 2011

Roubem este filme, sejam criativos

Trago aqui um documentário em duas partes que tem alguns anos, mas continua tão atual como se tivesse sido distribuído este ano, falo de Steal this Film parte I (2006) e parte II (2007).


Se quiserem ver apenas um dos documentários, vejam apenas a Parte II. A primeira parte está muito dedicada à discussão em redor do The Pirate Bay, e à tentativa de derrubar o site na Suécia por parte de forças norte-americanas. A segunda parte é muito mais interessante porque vai ao amago da questão do copyright, explica o seu aparecimento, e ao mesmo tempo trabalha os seus paradoxos.

O filme socorre-se do método da entrevista direta para suportar as suas perspectivas. Nesse sentido para nos falar da criação do coyright somos levados até aos tempos de Gutenberg, e da sua prensa, por historiadores como Elizabeth Eisenstein, Robert Darnton e Siva Vaidhyanathan, por especialistas em direito como Eben Moglen, e Yochai Benkler ou ainda especialistas em documentação como Rick Prelinger.


São abordados tópicos como as primeiras comunidades de piratas de livros nos arredores de Paris na altura de Gutenberg, dadas as proibições de prensagem de muitas das obras existentes e de acesso restrito. Como a absoluta necessidade de partilha existente no ser humano. Como a evolução tecnológica e o crescimento da partilha levou a que o Autor não morresse, mas em vez disso, este multiplicasse por cem, mil, ou um milhão de vezes. De como a rede intermediária que transaciona a Propriedade Intelectual, e que nada contribui para a sua produção ou criação acabará por desaparecer. De como a sociedade é o que é hoje, porque estamos dispostos a criar e a partilhar. Tudo isto porque,
making money is not the point with culture, or media - making something is the point with media, and I don't think that people will stop making music, stop making movies stop making - taking cool photographs - whatever.

Esta nova cultura da criação e partilha começou a dar resultados e hoje temos todo um novo modelo de negócio, se assim lhe quisermos chamar, que dá pelo nome de Crowd Funding, e está presente em grandes portais de acesso global como Kickstarter, Indiegogo or Rockethub. Esta é a resposta das pessoas, dos Novos Autores, e que põe de uma vez por todas fim aos intermediários, os que nada produzem. O Crowd Funding vem criar todo um novo modelo de suporte à criação de conteúdos, que passa pelo estabelecimento de comunicação direta entre o autor e o recetor, e que se socorre de uma ideia cunhada por Chris Anderson sob o termo Cauda Longa. É todo um novo mundo a explorar, e para o qual eu próprio tento contribuir com projetos como as Tecnologias Criativas.

Para fazer download dos filmes podem usar os links para torrent abaixo. No site do filme existem legendas em mais de dez línguas diferentes que podem puxar e utilizar juntamente com os filmes.

Steal This Film Part 1 Torrent Download: Regular - DVD - iPod

Steal This Film Part 2 Torrent Download: Regular - DVD - iPod - HD  & Youtube

setembro 11, 2011

Blind (2011), medo do amanhã

A transformação das condições de vida no planeta terra é algo que nos assalta à medida que vamos evoluindo enquanto seres capazes de racionalizar o ecossistema que habitamos. Como seres ligados à condição primária de medo, essencialmente medo do desconhecido, muitas das imagens que nos chegam mentalmente são de transformação para cenários de destruição da qualidade de vida, literariamente qualificados de visões distópicas. Na realidade isto não é algo totalmente imaginário, sendo um filme japonês, é fácil pensar no recente terramoto e em todos os problemas criados pela central nuclear de Fukushima que se deverão prolongar por muitos anos naquela região.
Nesse sentido quando chega a altura de qualquer um de nós trazer uma nova prole para este ecossistema, são muitas as dúvidas que nos assaltam. O futuro toma conta do nosso presente, por vezes bloqueando a ação e impossibilitando o simples aproveitar do que a vida contém de bom.


Tudo isto é apresentado, nos escassos cinco minutos, do novo filme de Yukihiro Shoda, Blind (2011). Shoda é um realizador japonês formado em design pelo Kyoto Institute Technology especializado no campo do motion design e que trabalha agora em regime de freelance a partir da sua empresa K.I.R. (Keep it Real) Film.


Blind é enquanto artefacto uma pedrada emocional, um filme com um arco narrativo perfeitamente delineado que nos atinge com um fechamento surpreendente. Em termos estéticos o filme apresenta níveis de excelência no campo da fotografia e pós-produção. De notar ainda o campo da pré-produção em que o filme se destaca pela qualidade dos materiais utilizados tanto no guarda-roupa (máscaras) como dos cenários.


Finalmente quero notar que este foi mais um dos muitos projetos que recentemente começaram a ser possíveis no campo das obras criativas graças ao modelo de crowd funding, neste caso específico foi utilizado o portal Kickstarter. Blind foi apoiado na sua finalização por um grupo de cinquenta pessoas online que investiram voluntariamente um total de 4 mil dólares para que o filme fosse terminado.



Blind (2011) de Yukihiro Shoda


[via B9]

maio 07, 2011

Documentário: "Indie Game"

Mais um documentário no campo dos videojogos, depois de sabermos do 8 Bit Generation, agora é a vez de Indie Game: The Movie. Um filme que está a ser produzido pelo realizador James Swirsky e pela jornalista Lisanne Pajot da BlinkWorks Media, Canada.


O "Indie Game: The Movie" pretende ser um documentário sobre os videojogos, os seus criadores, e a sua arte. Através da análise do trabalho dos criadores de jogos pretende-se compreender o medium e a teoria. O filme terá uma incidência sobre os aspectos humanos do processo criativo, e as ligações que se criam entre o criador e o jogo. No vídeo abaixo a funcionar como uma espécie de trailer podemos ver uma parte da entrevista do game designer Edmund McMillen e é genial ver como um videojogo pode servir de meio expressivo a um game designer.


Entretanto e até ao momento já foram realizadas entrevistas com Tommy Refenes e Edmund McMillen de "Super Meat Boy", Alec Holowka de "Infinite Ammo", Jon Blow de "Braid", Ron Carmel de "World of Goo", Derek Yu de "Spelunky", Phil Fish de "Fez", Jenova Chen de "Flower", Jason Rohrer de "Passage" entre outros. Em parte estes são os jogos que dei como exemplos a seguir para a indústria nacional na conferência de há um mês atrás, o que faz deste documentário um filme ainda mais importante e totalmente obrigatório.


O filme está a ser financiado através de uma mescla entre o sistema de crowd-funding e as pré-encomendas de DVDs. É de salientar que após apenas 48 horas de ter dado entrada no Kickstarter.com, já tinha conseguido recolher 23 000 dólares. Espera-se que o filme saia no Outono de 2011, vamos aguardar porque promete.


abril 26, 2011

Uma pérola chamada Yokai


O que trago aqui hoje é uma espécie de pérola, embora seja ainda um projeto em construção, em fase alfa segundo os seus autores, mas que com apenas 2 meses de existência promete muito. Fiquei apaixonado assim que vi um pequeno vídeo de testes de animação do personagem de Yokai. O que me chamou mais à atenção foi o empenho no detalhe e a qualidade na seleção e uso de cor. Fiquei com uma enorme vontade de o jogar imediatamente.
Yokai é um projecto em desenvolvimento por uma empresa portuguesa do Alentejo, a 2 Bad Company. A empresa é constituída pelo Pedro Pitéu (27), artista plástico pela Universidade de Évora, e Luís Baleca (25), músico compositor de formação, ambos de Elvas. Trabalham atualmente ambos como designers gráficos e dedicam o seu tempo livre ao desenvolvimento de Yokai.


Fiquei contente em saber que as ideias desta dupla não são as comuns ideias megalómanas, mas que pretendem criar o seu projeto em pequenos passos. Começar por "ser distribuído digitalmente, lançado separadamente em quatro episódios para facilitar o desenvolvimento a nível financeiro". E que em termos de financiamento já estão a estudar a opção de "crowd-funding".
Tendo em conta que são dois artistas, sem programador na equipa, estão a criar o seu jogo com base na plataforma Construct. Uma plataforma da Scirra que permite o authoring de ambientes 2d sem recurso a programação.
Mais informação e atualizações podem ser seguidas no blog e facebook da empresa.