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julho 06, 2014

Torna-te artista, agora!

Kim Young-ha (1968) é um dos escritores mais respeitados da Coreia do Sul. Depois de vários anos como professor na Korean National University of Arts resolveu deixar tudo para trás, ir morar para NY e viver apenas da escrita. Nesta TED, “Be an artist, right now!” dada em Seoul em 2010, Kim Young-ha fala sobre os dilemas que nos impedem de nos tornarmos artistas, as amarras que nos prendem, e aquilo que podemos fazer para as quebrar.



Uma frase vai ficar marcada para mim depois de ver esta palestra “The moment kids start to lie is the moment storytelling begins.”. Se nada mais fosse dito de relevo, esta frase teria sido suficiente para justificar o tempo que investi a ver a comunicação. É algo pelo qual já passei em casa, e já me interroguei, não neste sentido, mas nas razões do seu surgimento. Esta explicação apresentada por Kim Young-ha diz muito, se não tudo, sobre aquilo que somos e porque a arte é tão importante, mesmo quando sabemos, e como ele defende no final, respondendo à questão, “Para que serve a arte?”, “But art is not for anything. Art is the ultimate goal. It saves our souls and makes us live happily. It helps us express ourselves…". Isto porque criar arte é acima de tudo um acto que nos permite depurar aquilo que somos, porque o fazemos pela espontaneidade do nosso devir, emergindo do largar das amarras do dever, envolvido por actos de puro brincar. Como diz Young-ha, "just for the fun of it. Sorry for having fun without you”.

junho 26, 2014

As escolhas que nos definem

A filósofa Ruth Chang realizou uma TED sobre “How to make hard choices” apresentando toda uma nova forma de nos posicionarmos face às escolhas difíceis. Todos nós já passámos por escolhas complexas, escolhas que tivemos de enfrentar - terminar ou manter uma relação; escolher um curso ou outro; escolher abrir uma empresa ou procurar um emprego - e para as quais não encontrámos respostas concretas. Quando chegados a um destes dilemas entramos em desespero porque ficamos ansiosos. É assim que funcionam as nossas emoções, quando não existe um efeito conhecido e concreto, a ansiedade toma conta de nós para nos obrigar a focar no problema e a resolvê-lo. O que Chang vem dizer é que podemos olhar para as escolhas difíceis como algo mais do que uma escolha entre o melhor e o pior.


Antes de avançar com a sua proposta Chang realiza um enquadramento sobre a racionalidade científica que domina o pensamento da sociedade atual na qual tudo precisa de ser quantificável, tudo precisa de ser medível, e tudo precisa de ser comparável com precisão. Nesse sentido, a racionalidade empurrou-nos para um precipício no qual conseguimos apenas racionalizar o mundo segundo três vectores: menor “<“; igual “=“; ou maior “>”.
"As post-Enlightenment creatures, we tend to assume that scientific thinking holds the key to everything of importance in our world, but the world of value is different from the world of science. The stuff of the one world can be quantified by real numbers. The stuff of the other world can't. We shouldn't assume that the world of is, of lengths and weights, has the same structure as the world of ought, of what we should do."
Deste modo Chang propõe que se deixe de pensar as escolhas como tendo de existir uma melhor que a outra. A ideia é passar a refletir sobre estas como nenhuma delas sendo melhor ou pior, assumindo antes que estão a par. Ou seja, a escolha será importante mas nenhuma é melhor que a outra. Desta forma o que Chang nos propõe é que sejamos então nós a decidir o que queremos para nós. Estando as opções a par, cabe-nos a nós, e só a nós, criar razões para escolher uma das opções. Ao fazê-lo estamos a definir aquilo em que acreditamos, aquilo que queremos ser em vez daquilo que os outros querem que nós sejamos. Tomamos a vida nas nossas mãos e tornamo-nos autores dela.
“When we choose between options that are on a par, we can do something really rather remarkable. We can put our very selves behind an option. Here's where I stand. Here's who I am. I am for banking. I am for chocolate donuts. This response in hard choices is a rational response, but it's not dictated by reasons given to us. Rather, it's supported by reasons created by us. When we create reasons for ourselves to become this kind of person rather than that, we wholeheartedly become the people that we are. You might say that we become the authors of our own lives.

So when we face hard choices, we shouldn't beat our head against a wall trying to figure out which alternative is better. There is no best alternative. Instead of looking for reasons out there, we should be looking for reasons in here: Who am I to be?”

setembro 09, 2013

somos feitos de histórias

Aproveito para deixar aqui algumas notas sobre duas interessantíssimas TED Talks sobre as histórias, e o cinema que conta histórias. Tudo fica dito pelas palavras do título da comunicação de Shekhar Kapur, "Nós somos as histórias que contamos…", reafirmado por Beeban Kidron, "há indícios de que o ser humano de todas as idades e de todas as culturas cria a sua identidade em alguma forma narrativa."


O que fica aqui explícito é que o mais importante para o ser humano são as histórias, e não o meio. Não interessa se acedem aos mundos das histórias através da literatura, do cinema ou dos videojogos, interessa apenas que lhe acedam. Que sintam as "contradições" que nos apresentam, e sigam em busca das "harmonias do mundo", para utilizar as palavras de Shekhar Kapur.

Porque o poder da narrativa, das histórias que nos contam, está na sua capacidade para instigar o questionamento. Como vai dizendo Beeban Kidron, mentora do projecto FILMCLUB em Inglaterra que levou o cinema às escolas, obtendo resultados estrondosos, com as crianças a elevarem a sua auto-estima, a sua motivação para ir a escola, e principalmente aguçar a sua curiosidade.
"Quem estava certo, quem estava errado? O que fariam sob as mesmas condições? A história foi bem contada? Havia uma mensagem escondida? Como é que o mundo mudou? Como poderia ser diferente? Um tsunami de perguntas sairam da boca de crianças que o mundo pensava não estarem interessadas. As próprias não sabiam que se importavam. Conforme escreviam e debatiam, em vez de verem os filmes como artefactos começaram a ver-se a si próprias." Kidron
Kidron fala sobre algo com que nos debatemos desde os anos 50 do século passado, o valor do cinema face à literatura. Algo que os videojogos só agora começaram a trilhar.
"Se honramos a leitura, porque não honrar visualizar com a mesma paixão? Considerem "O Mundo a Seus Pés" tão valioso quanto Jane Austen. Concordem que "A Malta do Bairro", assim como Tennyson, oferece uma paisagem emocional e uma compreensão enriquecida que se complementam. São ambos um objecto de arte memorável, ambos, um tijolo na construção de quem somos." Kidron
Porque a essência é a história, é esta que activa a nossa mente, desencadeia o processamento mental, e nos ajuda a descobrir-nos a nós mesmos de cada vez que acedemos a uma nova história,
"Quando estas pessoas chegam a casa, após a visualização de "Janela Indiscreta" e olham com atenção para o prédio ao lado, têm as ferramentas necessárias para questionarem quem, para além deles, está ali e qual é a sua história." Kidron

Beeban Kidron, A Maravilha partilhada do Cinema (2012)

julho 09, 2013

o génio criativo

Depois de ter aqui falado de emergência, trago uma TED que vai no sentido oposto, que procura a razão do sentir, não na biologia, nem na ciência, mas no esotérico, num quasi-paranormal. Admito que a meio da conferência quase desisti e desliguei, mas mantive até ao final. Acabou por ser uma palestra muito interessante, com alguns dados bastante curiosos sobre a nossa cultura (ex. Olé, vem de Ala), mas essencialmente porque nos apresenta uma perspectiva da criatividade, nada académica, mas a partir do interior do sentir de uma artista. Elizabeth Gilbert escreveu o bestseller "Eat, Pray, Love".


Na verdade, o que me entusiasmou nesta TED foi a análise que fiz do que Gilbert descreveu, como o génio. Uma personagem imaginária, externa a nós, que nos serve quando estamos inspirados e conseguimos fazer algo brilhante. O lado funcional, é que nos torna humildes, quando criamos algo genial, não fomos nós, mas o nosso génio. Por outro lado é excelente em termos terapêuticos porque quando o trabalho é menos bom, podemos dizer que não é só culpa nossa, mas do génio que não fez o seu trabalho.
"Na Grécia e Roma antigas - as pessoas não acreditavam que a criatividade vinha dos seres humanos. As pessoas acreditavam que a criatividade era um espírito divino criador que vinha para os seres humanos de uma fonte distante e desconhecida, por razões distantes e desconhecidas. Os gregos chamavam a estes espíritos divinos e assistentes da criatividade, "demónios". Sócrates acreditava que tinha um "demónio" que lhe transmitia sabedoria, a partir de longe.
Os romanos tinham a mesma ideia, mas chamavam a este tipo de espírito criativo desencarnado, génio. O que é fantástico porque os romanos na realidade não pensavam que um génio era um indivíduo particularmente esperto. Eles acreditavam que um génio era uma espécie de entidade mágica divina, que vivia literalmente nas paredes do estúdio do artista, que saía, e invisivelmente assistia o artista no seu trabalho e moldava o resultado desse trabalho.
E depois veio o Renascimento e tudo mudou, tivemos esta grande ideia, de colocar o ser humano, como indivíduo, no centro do universo, acima de todos os deuses e mistérios, não havendo mais espaço para criaturas místicas que ditavam a vontade divina. Este foi o início do humanismo racional, as pessoas começaram a acreditar que a criatividade vinha completamente do próprio indivíduo. E pela primeira vez na história, começámos a ouvir as pessoas referirem-se a este, ou aquele artista, como sendo um génio, em vez de "ter" um génio."
Pensei que a uma determinada altura Gilbert procurasse teorizar o assunto, mas esqueci-me que ela é uma criativa, não uma académica. Nesse sentido,  enquanto ela explicava a ideia de um pensamento, uma inspiração que se aproxima de nós, e que tudo tentamos fazer para agarrar, e assim criar algo único, algo surpreendente, que nos transcende, eu só pensava que isto que ela descrevia, só podia ser o momento em que o nosso cérebro está a juntar os vários pedaços de ideias dispersas no nosso cérebro. O momento em que o processo de remix se inicia, e começamos a atribuir estrutura, e a nossa consciência tenta desesperadamente dar-lhe um significando, um padrão, uma representação.
"[Tom Waits] contou-me um dia ia a conduzir na auto-estrada em Los Angeles, e foi quando tudo mudou para ele. Ele ia acelerando e, de repente, ele ouve um pequeno fragmento de melodia, que entra na sua cabeça como inspiração, que vem elusivo e tentador, e ele quere-o, sabem, é lindo, e ele procura-o mas não tem maneira de o conseguir. Não tem um papel, não tem um lápis, não tem um gravador."

julho 04, 2013

a empatia e a moral estão inscritas na nossa biologia

Ainda não foi há muito que aqui falei dos estudos de Paul Bloom sobre o lado negro da moral. Hoje trago a TED de Paul Zak, Confiança, Moralidade e Oxitocina, sobre o seu trabalho em redor da chamada "molécula da moral". Em ambos os casos, verifica-se que a selecção natural, dentro da espécie humana, nos tem conduzido a uma optimização biológica que tem como objectivo máximo a criação de seres profundamente sociais. A espécie tem progredido em função da sua capacidade para gerar laços, comunidade, colaboração, interdependência, entreajuda, e tudo aquilo que congrega, e une cada ser humano ao outro. Então porque raio teimamos no isolamento?


A base do nosso sistema moral, aqui defendido por Zak, assenta em duas moléculas, a Oxitocina e a Testosterona. Sendo a a Oxitocina responsável por gerar Empatia, enquanto a a Testosterna é responsável por gerar o seu contrário.
"Mostrámos que a infusão de oxitocina aumenta a generosidade em transferências monetárias unilaterais em 80 por cento. Mostrámos que aumenta os donativos para a caridade em 50 por cento. Também investigámos formas não farmacológicas de aumentar a oxitocina. Que incluem massagens, dança e orações… sempre que aumentámos a oxitocina, as pessoas abriram as suas carteiras voluntariamente e partilharam dinheiro com estranhos.
Mas porque é que fazem isso? O que é que sentem quando o cérebro é inundado de oxitocina? Para investigar esta questão, fizemos uma experiência em que as pessoas viam um vídeo de um pai e do seu filho de quatro anos, e o seu filho tem cancro terminal no cérebro. Depois de verem o vídeo, eles avaliaram as suas emoções e deram amostras de sangue antes e depois para medir a oxitocina. A mudança na oxitocina previu as suas emoções de empatia. Por isso é a empatia que nos liga às outras pessoas. É a empatia que nos faz ajudar as outras pessoas. É a empatia que nos faz morais."
Já sabíamos que aquilo que gera um psicopata é a sua incapacidade para sentir Empatia. Agora ficamos a saber que aquilo que gera um psicopata, é a sua incapacidade biológica para gerar Oxitocina.
"Descobrimos, testando milhares de indivíduos, que cinco por cento da população não liberta oxitocina quando estimulada. Se houver dinheiro na mesa, eles ficam com ele todo… Têm muitos dos atributos que têm os psicopatas."
Outra grande questão é que a Oxitocina pode ser inibida. Ou seja, não se trata de nascer apenas com um problema genético. A falta de carinho, a violência e o abuso destroem a capacidade de gerar oxitocina. Aliás, não é por acaso que uma grande parte dos psicopatas são pessoas que sofreram abusos de alguma forma.
"Há outras formas de o sistema ser inibido. Uma é através de cuidados afectivos inadequados. Estudámos mulheres abusadas sexualmente, e cerca de metade não libertam oxitocina quando estimuladas. Precisamos de cuidados afectivos suficientes para este sistema se desenvolver devidamente. Além disso, o stress elevado inibe a oxitocina." 
Finalmente o mais interessante sobre a molécula oposta, a testosterona, é que o Homem possui 10 vezes mais que a mulher, assim como a mulher possui 10 vez mais oxitocina. Ora, será preciso alguma coisa mais para se perceber, de uma vez por todas, que a forma como um Homem e uma Mulher reagem emocionalmente, e logo racionalmente, são diferentes? Depois disto ainda haverá alguém que se sinta capaz de evocar a Cultura, e a formatação da sociedade, para dizer que estes são os responsáveis pelas diferenças que existem entre género? É claro que existem variações, existem mulheres com níveis maiores de testosterona, e homens com níveis maiores de Oxitocina. Mas a realidade é que estamos perante diferenças do foro biológico, que condicionam fortemente aquilo que somos.

"Há outra forma de a oxitocina ser inibida, que é interessante através da acção da testosterona. Em experiências, administrámos testosterona a homens. E em vez de partilharem dinheiro, eles tornaram-se egoístas… Agora pensem nisto. Significa que, dentro na nossa biologia, temos o yin e o yang da moralidade. Temos a oxitocina que nos liga aos outros, que nos faz sentir o que eles sentem. E temos a testosterona. E os homens têm 10 vezes mais testosterona que as mulheres, por isso os homens fazem isto mais que as mulheres, temos testosterona que nos faz querer punir as pessoas que se comportam imoralmente. Não precisamos de Deus ou do governo para nos dizer o que fazer. Está tudo dentro de nós."
Para fechar quero apenas deixar a receita que Zak deixa, a quem quiser ser mesmo feliz nesta vida, e que consiste num acto diário simples, mas poderoso, Zak recomenda "oito abraços por dia."


É inevitável não pensar em todas aquelas campanhas que vamos vendo um pouco pelas cidades mais cosmopolitas, em que as pessoas vivem cada vez mais isoladas, de oferta de abraços grátis. É uma realidade que estes nos comovem, nos fazem sentir, mesmo quando não conhecemos o outro, porque o abraço é um elemento físico de toque, fundamental no estabelecimento de empatia.

TED Talk de Paul Zak, "Trust, morality and oxytocin" (2011)

Se preferirem ver a palestra com legendas em português, vejam directamente no site TED.

junho 07, 2013

a vida através dos livros (e do cinema)

Lisa Bu é membro da equipa que produz as conferências TED, nesse sentido foi convidada para as conferências anuais internas de colaboradores da TED. A sua conferência foi tão interessante que a convidaram a apresentar a sua palestra no palco principal da TED, tornando-se assim na primeira colaboradora a fazê-lo.


Lisa Bu nasceu na China, veio para os EUA já depois de se licenciar, fazer um MBA em Sistemas de Informação, seguido de um doutoramento em Jornalismo na Universidade de Wisconsin-Madison. Ficou na universidade a trabalhar na rádio, como directora de conteúdos digitais, até que foi trabalhar para a TED.

A mais importante mensagem desta talk é o facto de que mesmo depois de destruírem os nossos sonhos ainda podemos emergir. Que para o fazer, muitas vezes não podemos apenas basear-nos nas pessoas que nos rodeiam, precisamos de ir além disso. No caso de Bu, foram os livros. Foi através dos livros que Bu descobriu o seu novo sentir, e criou os seus novos sonhos. Depois de todos terem desistido dela, ela acreditou no poder dos livros, para crescer, para emergir.

How books can open your mind (2013) Lisa Bu na TED

Sobre isto tenho apenas a dizer que não é nenhuma possibilidade remota, é algo a que dou muita importância em termos de educação e formação de um ser humano. Não apenas a literatura mas também o cinema. Passei toda a minha adolescência longe dos meus pais, num colégio interno, só os via nas férias. Durante todos esses anos, grande parte da minha formação foi feita à base de fins de semana de cinema. As sessões começavam a seguir ao almoço e prolongavam-se até depois do jantar. Desse modo via entre 4 e 5 filmes no sábado, mais 4 ou 5 no domingo. Depois passava o resto da semana envolvido nas aulas e trabalhos de casa, na interacção com os colegas que estavam ali como eu longe dos pais, mas à espera que chegasse de novo o fim-de-semana. Isto forma e educa, mas também deixa marcas, ainda hoje se passo muitos dias sem ver cinema começo a sentir uma espécie de melancolia invadir-me.

junho 12, 2012

TED: Efeitos da História Única

A razão pela qual algumas TEDs são magníficas, e muitas outras nomeadamente as que pululam pelos milhares de TEDx, são apenas satisfatórias ou até medíocres, tem que ver com a capacidade para contar uma história. Não uma qualquer, mas uma história pessoal, a história de uma vida, de se expor e abrir-se ali naquele momento, como se fosse uma confidência que se faz em primeira mão com a audiência.


E é isso que podemos ver nesta magnífica Ted Talk da escritora nigeriana Chimamanda Adichie.
"Quando era criança escrevia histórias passadas na neve, com pessoas que comiam macãs, falavam constantemente do tempo, e que diziam que bom que estava o dia quando o sol brilhava. Mas se o escrevia não era por viver naquela realidade, eu vivia na Nigéria aonde não existia neve, não comiamos maçãs, mas mangas, e não falávamos do tempo porque não era necessário. Eu escrevia sobre aquelas coisas porque aquela era a realidade literária a que eu tinha acesso. E isto demonstra o quão vulnerável podemos ser a uma história, particularmente enquanto crianças.Quando tive acesso a literatura africana fiquei impressionada, ocorreu uma mudança mental em mim."
Sobre os efeitos negativos da História Única, como nos diz Adichie, quando a única história que tenho sobre os Nigerianos é sobre um pai que abusa de uma filha, essa história converte-se na história única sobre os nigerianos, e cria modelos mentais em quem conhece apenas essa história. Deste modo todos os nigerianos homens passam a ser violadores. Por outro lado,
"Não é porque vejo o filme American Psycho que acredito que todos os americanos são serial killers. Mas não é por eu ser uma pessoa melhor do que qualquer outra de outro país. É antes porque tenho acesso a imensas histórias diferentes sobre os americanos". 
No final da comunicação Adichie deixa-nos com um pensamento poderoso, e que nos devia levar a todos a reflectir,
"Quando rejeitarmos a História Única, quando percebermos que não existe, nunca, apenas uma história sobre qualquer lugar, redescobriremos uma espécie de paraíso."