Desta vez podemos jogar com uma personagem feminina, a princesa Barbara
Legends é mais completo, mais denso, oferece muito mais ao jogador, mantendo e elevando o potencial de “flow”. Um potencial que atinge o seu zénite nos níveis finais de cada área do jogo, quando o gameplay é sincronizado com a música de fundo, e nos faz querer chegar ao fim para ouvir o resto da música, uma música que vai sendo pontuada por cada um dos nossos cliques. Sentimos que o flow se começa a entranhar em nós, quando deixamos de racionalizar as nossas acções, e deixamos o nosso corpo fluir ao ritmo da música, apertando os botões, não em função dos obstáculos que se aproximam, mas em função do ritmo da música, sobre a qual praticamente “surfamos” (ver o exemplo do nível Mariachi Madness no vídeo aqui abaixo).
Nível "Mariachi Madness" do jogo, Rayman Legends (2013)
Esta descrição de flow num videojogo é passível de ser visionada no vídeo aqui acima, mas mais uma vez, impossível de experienciar por meio do mero conteúdo audiovisual. Nem a minha descrição, nem o vídeo, podem dar-vos a sentir do que é jogar o nível Mariachi Madness, porque só as acções somáticas do vosso corpo, em conjunto com o visual e o musical, conseguem gerar a palete completa de visceralidade despoletada.
De resto e como já tinha dito a propósito de Origins, Legends é riquíssimo no campo da ilustração, do humor e re-invenção de gameplay de plataformas. Por outro lado continua a não dar muita atenção à narrativa como em Origins, porque o que está aqui em “jogo” é o puro êxtase por via das mecânicas de jogo. O flow é todo ele gerado à custa da progressão de mestria do jogador em conjunto com a novidade e recompensa constantes, capazes de nos manter no reino ilusório, totalmente imersos durante o tempo em que ali vivemos, numa espécie de mundo encantado dos videojogos.