Imagem do momento, com a carta de Morricone, em que foi anúnciada a morte em Roma
Vêm-me à cabeça dezenas de imagens de filmes musicados por Morricone, centenas de horas passadas a ouvir os seus discos, mundos-história inteiros sintetizados em pequenos momentos capazes de nos retirar do lugar e de nos fazer viajar infinitamente. Acredito no seu sentido íntegro e único, mas questiono-me o quanto deste texto de adeus, escrito pouco antes de se ter sentido mal e pressentir que estava quase a deixar-nos, se relaciona com a maneira de estar latina? O quanto tem isto que ver com a necessidade e reconhecimento do outro humano, aquele que conosco faz a jornada, a necessidade de proximidade desse outro? Caminhamos para um mundo de total individualismo, em que o espaço é cada vez mais pequeno para a relação humana, e em que tudo se move por objetivos, metas, métricas e valores financeiros...
Ennio Morricone e Maria Travia
Tradução para português
Obituário escrito pelo PapaEuENNIO MORRICONEEstou morto.Por isso anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho. Impossível nomear todos eles.Mas uma lembrança especial é para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos da nossa vida.Há apenas uma razão que me leva a cumprimentar todos assim e a ter um funeral de forma privada: não quero incomodar.Saúdo calorosamente Inês, Laura, Sara, Enzo e Norbert, por terem partilhado grande parte da minha vida comigo e com a minha família.Quero lembrar com amor as minhas irmãs Adriana, Maria, Franca e seus entes queridos e dizer a eles o quanto eu os amava.Uma saudação completa, intensa e profunda aos meus filhos Marco, Alessandra, Andrea, Giovanni, minha nora Monica e aos meus netos Francesca, Valentina, Francesco e Luca.Espero que eles entendam o quanto eu os amava.Por último mas não menos importante (Maria). Renovo contigo o extraordinário amor que nos uniu e que lamento abandonar.Para ti a despedida mais dolorosa."
NECROLOGIO SCRITTO DA PAPA'IoENNIO MORRICONEsono morto.Lo annuncio così a tutti gli amici che mi sono stati sempre vicino e anche a quelli un po’ lontani che saluto con grande affetto. Impossibile nominarli tutti.Ma un ricordo particolare è per Peppuccio e Roberta, amici fraterni molto presenti in questi ultimi anni della nostra vita.C'è una sola ragione che mi spinge a salutare tutti così e ad avere un funerale in forma privata: non voglio disturbare.Saluto con tanto affetto Ines, Laura, Sara, Enzo e Norbert, per aver condiviso con me e la mia famiglia gran parte della mia vita.Voglio ricordare con amore le mie sorelle Adriana, Maria, Franca e i loro cari e far sapere loro quanto gli ho voluto bene.Un saluto pieno, intenso e profondo ai miei figli Marco, Alessandra, Andrea, Giovanni, mia nuora Monica, e ai miei nipoti Francesca, Valentina, Francesco e Luca.Spero che comprendano quanto li ho amati.Per ultima Maria (ma non ultima). A Lei rinnovo l’amore straordinario che ci ha tenuto insieme e che mi dispiace abbandonare.A Lei il più doloroso addio.