The Seventh Continent (1989) de Michael Haneke é forte, muito forte, e é estranho, ou nem por isso, como a obra que se me chama a coacção é Every day the Same Dream (2009) da Molleindustria. Apesar de serem média diferentes, a mensagem aproxima-se, claro que sem o poder emocional do cinema, mas aqui apenas e só por causa do realismo fotográfico, da ausência de comicidade, e do facto de não ser dado à experimentação nem ao nosso controlo. No filme é assim, e nada podemos mudar para ser diferente.
O filme toca num ponto fundamental da nossa existência, e por isso é impossível sairmos indiferentes da experiência. Alguns pensarão que é um exagero, mas sendo baseado num caso real, tudo ganha outro contorno. Poderíamos nós chegar àquele estado? Todos queremos acreditar que não, mas… Não existe ali crise que explique, e esse é o grande problema de todo o filme e que Haneke trabalha de forma brilhante, apresentando sem propor causas, nem explicações.
Em termos estéticos, tal como diz Haneke, numa entrevista de 2005, a Serge Toubiana, uma das coisas mais impressionantes no filme é o ritmo a que decorre. Como uma composição musical, somos levados pelo ritmo audiovisual, sentimo-nos a progredir na história até que percebemos para onde estamos a ir, e não queremos acreditar que estamos a ser levados para ali.
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