julho 29, 2012

a intolerância em stop-motion

Zero (2010) é uma curta em stop-motion criada por Cristopher Kezelos (Austrália) fazendo uso de bonecos de novelo de lã, a fazer lembrar 9 (2009) de Shane Acker. Mas Zero, diferentemente de 9 usa a numeração para efeitos de crítica social, em que a escala de números serve para estabelecer os patamares da sociedade.


Zero é o número mais baixo da hierarquia, àquele a quem tudo é vedado, mesmo o enamoramento e a constituição de família. A sua vida muda quando encontra um outro zero, do sexo oposto, e é aí que tudo se complica, mas também tudo se transforma. Com este cenário o filme toca em feridas sociais como o Racismo, a Intolerância, o Preconceito tudo regulado por um ambiente político de puro Totalitarismo.


O filme é apresentado do ponto de vista de Zero e nesse sentido a sua visão do mundo contrasta com o modelo da sociedade em que vive, permitindo que o filme nos arraste ao longo da sua vida num tom particularmente inocente. Esta construção desenvolve uma ligação entre nós e Zero, e é aí que o filme brilha, tocando-nos, incitando-nos a velar pelo seu futuro. O filme não trata nada de novo, mas este é um assunto que por mais vezes que seja tratado nunca será demais. Todos nós já sentimos ao longo da nossa vida em alguma situação, o poder da intolerância, da discriminação. A resposta do filme a estes problemas é uma questão, que aparece em subtítulo, How can nothing be something? e é com a resposta a esta questão que o filma termina, e de forma brilhante.


São 12 minutos, mas valem esse tempo. O filme obteve cerca de duas dezenas de nomeações e prémios em vários festivais de renome. Depois de verem o filme divirtam-se com o making of.


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