Carlos Cidrais foi Director Técnico de Iluminação em Clash of the Titans (2010), filme que estreia nos EUA no próximo dia 2 de Abril
O que me levou a pedir esta entrevista ao Carlos foram duas simples razões, a primeira foi ter uma experiência profissional na área já bastante rica. A segunda o facto de ter investido também bastante na sua formação académica. Para além da normal licenciatura, realizou ainda o mestrado e depois disso continua a fazer formações altamente especializadas para poder melhorar o seu rendimento. Estas duas características fizeram-me pensar que tínhamos aqui uma pessoa bastante pro-activa, uma pessoa que poderia dar algo a aprender a quem visse a entrevista.
Depois de ver o resultado da entrevista no vídeo fiquei muito satisfeito, é posto bem a claro a importância dos estudos e da pro-actividade. É tão bem evidenciada a necessidade de uma maior aproximação do ensino académico à indústria, e ao mesmo tempo algumas razões para as suas falhas. Por outro lado evidencia-se a necessidade de grande especialização em detrimento da banda-larga tão propalada nos tempos que correm.
Antes do vídeo da entrevista e para quem ainda não conhece o trabalho do Carlos, vale a pena ver o seu reel mais recente,
E agora sim, as perguntas e o vídeo com as respostas.
. Como é que começaste na animação?
. Onde fizeste a Universidade?
. Valeu a pena?
. O que é que pensaste quando acabaste o curso?
. Tinhas alguma ideia para onde irias quando acabasses a Universidade?
. Surpreende-te estar onde estás hoje? E gostas de aí estar?
. Quantas horas trabalhas por dia?
Cumprimentos. O meu nome é Nelson Ramos e sou aluno do Professor Nelson na Universidade do Minho. Antes de mais gostava de te dar os parabéns pelo teu percurso. Em seguida gostava de fazer algumas perguntas. Durante a entrevista falas-te do cenário negativo que existe na indústria em Portugal. O que realmente existe de diferente, por exemplo no mercado em Inglaterra do Português? Depois falas-te também na necessidade de uma especialização em cada área, coisa que eu concordo totalmente. Mas também acho que conhecimentos sobre todo o processo não é de si mau para um aspirante a esta área. Eu especialmente gosto do 3D, mas ainda não tive possibilidade de realizar qualquer projecto. Contudo, já trabalhei academicamente em 2D, nomeadamente no Aftereffects. Contudo, como tu falas-te na entrevista, já me tinha ocorrido tirar um curso online através da Escape Studios, mas os cursos não são acessíveis a todas a bolsas. Embora eles disponham de recursos "free" mas que acabam por ser limitados no processo de aprendizagem. Por último gostava de perguntar que tal foi a experiência no filme "Clash of Titans" e que pudesses explicar um pouco mais os conceitos que utilizas-te quando falaste nas diferentes formações que fizeste. De resto desejo continuação de bom trabalho e muito sucesso.
ResponderEliminarBoa tarde Nelson,
ResponderEliminarQuando falo do cenario negativo que existe na industria em Portugal falo de casos destes:
http://dimensao3.com/forum/viewtopic.php?t=4153
Infelizmente, vemos muitos anuncios semelhantes.
Podes ver no mesmo forum, ou noutros, assim como falar com profissionais da area.
Achas que isto que podemos ver neste anuncio e digno ou uma forma de respeitar os colaboradores das empresas?
Por outro lado, nao podemos propriamente falar de uma industria em Portugal. Trabalhei ca em Londres em empresas que iam desde os 40-50 colaboradores ate empresas com 700 colaboradores.
As maiores empresas portuguesas que conheco sao na area da visualizacao arquitectonica e mesmo essas nao ultrapassarao as 30 pessoas, em publicidade e jogos os numeros sao ainda mais baixos.
Nao ha dimensao.
Mas pior do que a dimensao, e descontando talentos individuais, que os temos em Portugal e sao em muitos casos fantasticos temos uma falta de organizacao das equipas monumental - falo disso quano menciono os generalistas ( faz-tudo) vs. pessoas com especializacao.
De acordo que e bom conhecer outras fases do processo - mas o mais das vezes o que acontece e pedir pessoas que dominem areas e competencias que nem se cruzam ( como no caso do anuncio que reproduzi acima ).
E lamento, mas e necessario a certa altura escolhermos uma area na qual nos destacarmos para sermos realmente bons - caso contrario seremos mediocres em muita coisa, e nunca mestres de algo.
Por outro lado o estudo de qualquer area especifica e algo que so por si ja nos consome imenso tempo. Nao compreendo ( nem conheco ninguem ) que seja igualmente genial em todas as areas.
Se fosse a ti veria os precos dos cursos online da Escape e das outras empresas ( comecam nos 40 euros/mes na digital tutors, os cursos online da Escape custam em media 170-200 euros, e os da fxphd, cgsociety e gnomon nao sao muito mais caros ).
Mesmo numa universidade publica portuguesa gastas muito mais do que isso em propinas anuais, ja nem falo de alimentacao, rendas se fores estudante deslocado, etc, etc.
muitas vezes para ter uma educacao menos util para as necessidades do mundo profissional...
No Clash, o meu trabalho foi de direccao tecnica de iluminacao - tinha que iluminar e renderizar os planos que me eram dados, usando para tal ferramentas proprietarias da Framestore, sobre um pipeline de Maya e Renderman.
Tinha tambem que fazer alguns scripts em MEL, para optimizar algumas partes do trabalho, mas o essencial foi trabalho de iluminacao e render.
Cumprimentos.
Mas entao em que e' que ficamos? As empresas Portuguesas, Portugal e o mercado Portugues para ti sao uma merd@, mas para te darem trabalho remoto ja te serve? ;-)
ResponderEliminarFalas, falas, falas, mas trabalhinho do bom e do bonito, e' que nunca vimos, apenas o basico...
Cheira-me e' que foste corrido de Portugal porque precisamente (pelo que se ve pelo teu fraco portfolio) nao tens jeitinho pra coisa...
Hoje em dia, com a mania da blogoesfera, toda a gente quer dar opiniao sobre tudo... ahah... lol
Mas ate' gosto do design do teu site...
Olá Ana?
ResponderEliminarPor um princípio básico da ética argumentativa era bom que se identificasse em vez de recorrer ao subterfúgio do anonimato.
Obrigado
Olá Carlos
ResponderEliminarObrigado por mencionares os cursos online e os valores,
"os precos dos cursos online da Escape e das outras empresas ( comecam nos 40 euros/mes na digital tutors, os cursos online da Escape custam em media 170-200 euros, e os da fxphd, cgsociety e gnomon nao sao muito mais caros )."
Sobre estes cursos, que fizeste, por exemplo os da Gnomon, achas que valem a pena, isto é, se se equivalem pelo menos em parte aos presenciais. Um curso presencial ali custa valores muito elevados, sem sequer falarmos na deslocação lá e estadia e alimentação.
Já agora como é que feito, com video-aulas? pdfs de exercícios? E o seguimento do aluno, existe alguma personalização no ensino, na tentativa de o orientar ou conduzir?
Achei que valeram a pena, sim.
ResponderEliminarMas tambem achei que os cursos que fiz em PT valeram a pena, como disse no video.
No caso destes cursos online, temos acesso a uma plataforma online aonde podemos visualizar os videos, descarregar os ficheiros dos exercicios para acompanhar e reconstituir o que esta a ser explicado, e na propria plataforma podemos colocar perguntas aos tutores que respondem num prazo de 24 horas.
Quanto aos cursos presenciais, fiz um de Renderman na Escape, que foi bastante mais caro ( 1000 libras ) , mas deu-me acesso a plataforma online, que ainda hoje uso, e a 5 dias de treino full time acompanhado.
Como disse no video, nao acho que a formacao em PT e UK seja radicalmente diferente em termos qualitativos, mas e um facto que os conteudos sao mais praticos e adequados as necessidades das industrias. Nao pretendo com as minhas afirmacoes desqualificar o ensino em Portugal, apenas ilustrar as diferencas.
É bom ver um exemplo como tu Carlos.
ResponderEliminarApenas para deixar os parabéns pelo teu percurso e um obrigado pelo trabalho e esforço que tens feito pela nossa comunidade aos mais variados níveis.
Keep it going!
Quanto aos comentários menos felizes, é uma constante em Portugal, mas com a idade e exp. basta ignorá-los e eles acabam por desaparecer na próprias maresias de frustrações diversas.
Cumprimentos. Depois da resposta do Cidrais fiquei mais esclarecido em relação aos cursos que se podem tirar online e também acerca da realidade que existe em Portugal. Normalmente não gosto de fazer raccionios generalistas, mas a verdade é que o anúncio que o Carlos indicou demonstra uma realidade que existe em Portugal. Ao vê-lo comecei a pensar que para algumas pessoas a formação não faz qualquer diferença e apenas querem o produto finalizado independentemente da sua qualidade. Tenho pena que existam pessoas, como aquela que deixou aqui um comentário, que não estejam acordadas para o país que vivem e que que se escondam por detrás do anonimato para argumentar sobre aquilo que não sabem. De resto deixo r aqui um link que vi na 3D World que fala sobre os cursos online da Escape Studios: http://www.3dworldmag.com/page/3dworld?entry=escape_studios_launches_online_training
ResponderEliminarP.S: Carlos obrigado pelos conselhos de sites onde se podem tirar cursos online, vai valer a pena perder algum tempo a ve-los.
Carlos, muito boa entrevista. Precurso invejavel. Qdo eu começei as coisas eram tão faceis :). Ainda bem que agora o são.
ResponderEliminarQueria só deixar aqui a minha opinião em relação aos chamados 3D Generalists, pois é o que acho que sou... :). Considero a especialização obviamente um passo importante, se nos dedicarmos a tempo inteiro a uma áea que gostamos, ao fim de algum tempo seremos melhores nessa area. Não ha dúvidas disso. Para mim em particular isso torna-se um problema, adoro animar, adoro dynamics e FX, render, etc... mas claro que me acontece o que falaste, n me considero muito bom a nenhuma das áreas, mas por outro lado sempre fui "obrigado" a aprender de tudo um pouco. Em Portugal, devido ao tamanho da indústria, nunca fez muito sentido a especialização, penso que ainda hoje é assim, n ha empresas na area com equipas organizadas o suficiente(ou com meios para as ter) para aproveitarem a especialização de cada um, logo, o valor de ter alguém que pega num trabalho do pricípio ao fim continua a ser maior do que o contrário. Claro que n posso deixar de perceber a importância de haver alguem para cada area, isso é o cenário ideal para projectos a partir de uma certa envergadura... os quais n existem em Portugal. No actual cenario eu só contrato um rigger se precisar de um rigg complexo ou se precisar de riggar varios personagens ou ainda se o prazo do trabalho for muito apertado, de outra forma prefiro trabalhar em conjunto com alguém que saiba de tudo, claro que n é facil arranjar alguem assim, que tenha qualidade em varias áreas, mesmo por isso acho que essas pessoas tem muito valor.
Numa era em que cada vez mais as aplicações são construidas de forma a facilitar a vida aos utilizadores e os interfaces são estudados até ao mais infimo pormenor, numa era em que o "touch" está a mudar a forma como interagimos com as maquinas (iPad\iPhone) acho existirá cada vez mais o chamado "The One Man Show", e acho que isso n é mau, é simplesmente uma evolução.
Quero só acrescentar que tambem acho uma falta de respeito e de inteligência colocar um anuncio daqueles. O que procuram n é um generalista mas sim um escravo.
ResponderEliminarRui e Mario,
ResponderEliminarObrigado pelos vossos comentarios.
Mario, quando falo dos generalistas nao pretendo desqualificar ninguem - mal era, ja que eu proprio sou tambem generalista de background.
Aonde pretendo chegar, e ai acho que ambos nos entendemos, e que quando trabalhamos numa estrutura maior, os artistas desempenham tarefas especificas num todo maior - o que nao quer dizer que nao conhecam outras componentes do processo e nao tenham outras competencias. Mas conhecem a fundo uma area na qual trabalham 8 ou mais horas/dia. Naturalmente a evolucao nessa area sera maior, do que no caso do artista que tem que dividir o seu tempo por todas as areas.
No meu caso escolhi a iluminacao como foco da minha carreira, mas tambem adoro modelar e texturizar. No meu trabalho pessoal, faco-o. No meu trabalho profissional, faco-o por vezes...La esta, dependendo do tamanho da empresa.
Na Framestore, nao tocava noutras partes do processo, nas empresas em que tenho trabalhado a seguir, ja o fiz...
E nada impede que no futuro, mude o meu foco e invista mais noutra area do CG.
Em Portugal, como referiste, dificilmente e alcancavel esse grau de especializacao,a meu ver nao tanto pela dimensao do mercado, mas pela dimensao das empresas.
Eu sou um optimista e quero crer que com a evolucao do mercado portugues ainda veremos empresas com este tipo de estrutura e divisao das tarefas.
Olá Carlos.
ResponderEliminarEu conheço o Carlos já algum tempo. Sempre foste um dinamizador, alias foi por causa de uma situação na católica relacionada com os direitos de autor que eu te conheci.
Eu realmente posso afirmar que não procuro ser um generalista, muito embora o meu percurso/educação até setembro passado tenha sido efectuado dessa forma.
A minha decisão pela especialização foi realmente tomada tendo em conta determinados objectivos pessoais. Posso estar errado mas acho que chegarei mais rapidamente onde desejo, industria cinematográfica, pela especialização. Digo eu, estudante finalista.
Carlos continua, obrigado pela dica do cinesite.
Que tudo corra bem e que em breve estejamos a trabalhar perto um do outro lol
Um abraço
Sim concordo, a ver vamos.
ResponderEliminarMas a dimensão das empresas é proporcional à dimensão do mercado, se o mercado é pequeno as empresas também o são.
Concordo.O k mtos chamam de imaturidade ou idealismos de putos,eu e alguns(como tu),prefiro chamar de nova geração de artistas(e não operadores...)CG.Ainda bem que o "parolismo" e os dinossauros de 1995 estão a começar a dar as últimas(a conta dos próprios tiros dados nos pés + falta de educação académica),e a mentalidade aos poucos e poucos começa a alterar-se.
ResponderEliminarBtw,ainda esta semana te contacto de novo,recebi hoje mail do americano a confirmar(o prazo foi alargado para 3 semanas).Entretanto a Blur contactou-me outravez,dps conto-te.=)
Porto olé!=D
Abraços,
-Miguel
Curti a entrevista =)
ResponderEliminarparabéns pela carreira, e tou curioso para ver o clash (por varias razoes, mas é smp fixe saber que tem uma mãozinha portuguesa ;) )
De futuro pretendes continuar a dedicar-te á iluminação ou existe um objectivo a longo prazo diferente?
abraço, força aí!
Parabens Miguel.
ResponderEliminarTu és um modelador fantástico e não só, mas realmente destacas te pelo 3D que fazes.
Sigo o teu trabalho desde que ganhas te o tal concurso de 3D de arquitectura no porto. Digo isto pois alguns amigos meus estavam na organização, alias acho que o Cidrais pertencia à equipa se não estou enganado.
Abraço
Obrigado a todos pelos comentarios.
ResponderEliminarMario, quando falo de dimensao do mercado falo da internacionalizacao necessaria para que as empresas adquiram dimensao e uma estrutura proxima da que descrevo. As maiores empresas de visualizacao arquitectonica fazem trabalhos para Angola e Medio Oriente.
Varias empresas que conheco em CG para publicidade fazem ja trabalho para Angola, Espanha, Inglaterra, Suecia, entre outros paises.
A tendencia e que esta internacionalizacao das empresas portuguesas aumente.
Paulo, para ja gostaria de continuar o meu percurso profissinal em cinema ou jogos, dentro da direccao tecnica de iluminacao, ate eventualmente me tornar lead lighting TD, e ser responsavel por sequencias e gestao de equipas. E viajar por esse mundo fora. Gostaria de passar pelo menos pelos EUA, Australia e Nova Zelandia.
A longo prazo vejo-me a tirar um MBA e eventualmente a dedicar-me a criacao de uma empresa no Porto, a par do ensino universitario. Mas nao para ja, tudo depende da evolucao da area.
A ver vamos, o futuro a Deus pertence.
O tema do especialista e generalista é deveras importante e vou voltar a ele num post em breve, contudo não quero deixar de comentar o assunto aqui uma vez que o tinha enunciado no próprio texto de apresentação. E quando estou a falar de generalista ou especialista não me refiro apenas ao core das áreas dentro do 3d, mas de uma forma mais genérica. Sabemos bem que as empresas procuram muitas vezes generalistas capazes de criar no illustrator ou photoshop, depois movimentar no after effects e se possivel ainda criar alguma perspectiva no max... claramente que a pessoa que faz isto não pode ser especialista...
ResponderEliminarO problema que se me coloca nesta dicotomia não é de carácter de escala da empresa, mas é antes do ponto de vista de quem se está a formar, em que deve investir e como...
Ou seja, uma discussão corrente no meio académico recente é que temos de formar as pessoas com competências alargadas. O objectivo é claro, dar um maior leque de competências às pessoas para que estas possam vingar em diferentes áreas. Quando uma área estiver com pouca procura a pessoa pode investir em outra onde também já tenha competências. A realidade social é algo cada vez mais instável muito pela velocidade a que se transforma e por isso temos novos conceitos de trabalho como a "flexigurança".
Por outro lado o que estamos aqui a discutir, é que se queremos ser bons em alguma coisa, é preciso investir numa única competência, muito tempo e de forma exclusiva para nos tornar-mos muito bons. Aliás apesar de formar os meus alunos com a banda larga no âmbito dos currículos, o que lhes costumo dizer, é que terão de encontrar eles próprios "aquela coisa" que adoram e em que deverão investir largas horas/dia para serem bons na mesma. Só assim se poderão destacar dos restantes e conseguir chamar a atenção de um empregador na hora de contratar alguém novo.
Posto isto, se formos apenas generalistas, é mais difícil sobressairmos no meio da multidão. Por outro lado se formos muito especializados corremos o risco de ficar de fora quando não houver procura para aquilo em que somos bons. É um dilema.
Da experiência que tenho na área, há e haverá sempre espaço para os dois (generalista e espcialista).
ResponderEliminarMesmo em Inglaterra, existe a procura pelos generalistas. Depende da estrutura e dos projectos em curso.
Não sou defensor nem de um, nem de outro (apesar de ser um generalista, e gostar muito de o ser). Acho que é mais uma questão do que realmente sentimos mais vocacionados para...
Se alguém estiver indeciso entre generalista e especialista, então deverá olhar para o mercado para onde ambiciona ir... é que o mercado da publicidade é bem diferente do cinema e dos jogos (já para não falar de outros mercados).
Nelson,
ResponderEliminarPenso que vai ser muito interessante o teu post sobre generalistas e especialistas.
Gostava de deixar aqui este blog post do Shawn Kelly ( um dos animation mentors ) sobre o grau de dedicacao dele a disciplina de animacao:
http://www.animationtipsandtricks.com/2010/04/i-am-at-student-level-how-many-hours.html
Excelente artigo este. Dá uma perspectiva muito objectiva do que é necessário.
ResponderEliminarQuanto ao meu post sobre o assunto, já o comecei, mas não sei quando o vou terminar, entretanto aparecem outras coisas mais rápidas de publicar, e pelo meio ainda tenho de dar resposta ao "trabalho", vamos ver, mas obrigado pelo interesse :)
abraço
Cumprimentos.
ResponderEliminarA discussão vai muito interessante. Uma questão muito relevante que se percebe pelos comentários, a meu ver, é a diferenciação que se tem entre o especialista e o generalista. Sendo um estudante da área relativamente recente, ainda não tinha tido uma ideia tão clara da realidade da indústria em Portugal e daquela dicotomia. Não posso deixar de ficar com algum receio depois do que acabei de ler aqui. Porque por um lado, percebi que em Portugal esta é uma indústria que não tem o mesmo valor e dinamismo que em outros países, e por outro que a aspiração a um dia poder laborar na área depende de uma evolução que ainda vai tardar no país. Contudo, também deu para perceber que na área há lugar para todos, cada um é que faz o seu caminho dependendo do objectivos que se propuser a alcançar.
Abraço
Aproveito este espaço para perguntar se alguém conhece alguma listagem exaustiva dos cursos de 3D oferecidos em Portugal.
ResponderEliminarObrigado, um abraço a todos,
André Valentim Almeida
Bom dia a todos! Parabens Carlos!
ResponderEliminarEu chamo-me Nuno Moreira e estive em Los Angeles há um ano a frequentar um curso de 3D na Gnomon School of Visual Effects assim como módulos especificos associados a efeitos de partículas e expressões.
Os generalistas existem sim e dependendo da envergadura/deadline do projecto podem dar resolução à maior parte das questões. Quanto mais não seja como supervisores de produção nas diferentes áreas do Modeling, Texturing, Rigging, Animation, Dynamics e Tracking/Composição incluido. Mas se a pipeline é longa e tempo restricto, os bons detalhes esbatem-se:/
Em Portugal o que acontece é que apesar de já começar a existir alguma (bastante é relativo) oferta de formação (Centros de Formação, Escolas de Design), ela é frequentemente Básica-Mid Intermediate, tem custos comparáveis a vários meses de propinas, não é especializante e está desprovida de um ambiente de produção. Não existem professores ou cooperativas que os impulsionem, apenas oferta localizada de mercado que varia conforme as modas, ex: Avatar e a so propelled stereoscopy. Gettin on my nerves. Quem não pode, recorre ao leque de tutoriais que se encontra na net, via legal ou ilegal. (em qualquer caso as noções de produção são desestruturadas)
Independentemente dos softwares3D diferentes em questão, as áreas abordadas não passam de Modeling, Texturing e Lighting/Rendering sendo que os estudantes chegam ao mercado e dão de caras com empresas que não possuem know-out algum de produção no que toca a recursos humanos para contéudos 3D, muito menos eles próprios.
SALVAGUARDO as boas excepções de empresas:) Mas muitos são pagos bem abaixo das competências iludidos com perspectivas de carreira. Não somos caso único em termos de profissões.
Solução para alguns? Intercâmbio, passar períodos fora do país que possibilitem, no MÍNIMO experiências de contratação mais honestas/que dão experiência/sense of pride sem nos deixar cair no vazio e na desmotivação que por cá nos condiciona. Depende da perspectiva de vida e da nossa realidade de mercado apenas, tudo é possível. Por cá nem pelo investimento sempre se chega onde se quer.
Mais uma vez Carlos, o bom trabalho 3D às vezes é aquele que "não se vê" mas faz toda a diferença. Congratulations for a well Done Clash...of THE TITANS!
Um abraço/cumprimento a todos
Nuno Moreira
olá Nuno muito obrigado pelo teu comentário que vem contribuir e muito bem para esta discussão.
ResponderEliminarAliás já pensava dizer ao André (ava) que pedir uma "listagem exaustiva dos cursos de 3D" era pedir demais. De qualquer modo acho que resumes o estado das coisas muito bem.
Deixo aqui o link para um post que fiz há algum tempo sobre estas questões dos cursos e formação em media e artes digitais (http://virtual-illusion.blogspot.com/2009/09/formacao-em-media-digitais.html). Foco-me até mais, ainda que de forma ligeira, sobre o que distingue os cursos de formação da Universidade.
abraço
Boas, estou neste momento num curso de animação 3D em Portugal, e tenho que dizer que tanto os professores(salvo excepções) e conteúdos/programa são realmente muito pobres.
ResponderEliminarCoitadinho de mim se não tivesse a trabalhar muito em casa, vendo muito tutorial e fazendo projectos fictícios.
Enfim, pessoas como o Carlos é que deviam vir para Portugal ensinar.
Estou um pouco receoso em relação ao futuro, pois não pretendo/posso sair de Portugal.
Espero sinceramente que a oferta e a atitude das empresas pt mude.
Mas pretendo apostar muito da formação esporádica no estrangeiro.
Carlos achas importante aprender renderman?Com que finalidade?
Abraço pessoal
Ola Joao
ResponderEliminarObrigado pelo teu comentario.
Curiosamente, ensinar a nivel universitario em Portugal é um dos emus objectivos - mas até hoje não recebi propostas nesse sentido.
Quanto á tua questão, se não pretendes sair não há qualquer interesse em aprender Renderman, já que nenhuma empresa portuguesa o usa ( que eu saiba ).
Mesmo que venhas para o estrangeiro, arenas te interssa aprender Renderman se pretenderes ser director técnico de iluminação numa empresa de efeitos visuais para cinema, já que raramente é utilizado fora deste meio.
Por outro lado, como já referi, se pretenderes trabalhar numa empresa de efeitos visuais para cinema é fundamental que escolhas em que te pretendes especializar ( animação, efeitos, modelação, iluminação, texturização, etc ) e desenvolvas um portfolio que demonstre a tua aptidão para essa tarefa. É muito raro contratarem generalistas para uma empresa deste tipo. Generalistas têm mais lugar em empresas de efeitos para
publicidade ou ilustração.
Boa sorte,
Carlos
Desde já agradeço a tua resposta.
ResponderEliminarCarlos, dizes que em Portugal os ordenados oferecidos são ridículos,
para termos uma noção, quanto ganhará um junior artist e um senior artist numa posição de iluminador/animador,etc?
Não te peço que me digas quanto ganhas claro, mas só para termos uma referência.
Já agora se te oferecessem 2000€/mês mensais vinhas dar formação para Portugal?
Desculpa a quantidade de perguntas, quando puderes dá uma resposta.
btw, deves conhecer a minha professora(uma das excepções), Sofia Miranda, trabalha na farol de ideias como grafista(motion designer).
Cumprimentos do Porto
Só uma correcção, não foste tu que disseste que os ordenados eram ridículos, mas sim alguém no grupo CG LUSO, tinhas era mencionado que não eram compatíveis com o trabalho( de uma maneira mais soft, mas quase o mesmo).
ResponderEliminarJoao
So para acrescentar dois pensamentos:
ResponderEliminarAonde disse recibos verdes, pretendia dizer FALSOS recibos verdes.
Nao vejo problemas em quem pretenda ser profissional independente, vejo e um problema obvio em mascarar-se uma situacao de emprego, obrigando o empregado a passar recibos verdes pelo mesmo valor de um ordenado ( falso recibo verde ).
Isso traduz-se numa alienacao dos direitos dos trabalhadores ( subsidios de ferias e Natal, ferias pagas, pagamento na doenca, treino pago, proteccao perante despedimento, etc ), a troco de nada...ou seja precariedade.
Por outro lado, nao disse, nem diria que o que se paga nas empresas portuguesas e um ordenado ridiculo - ja que o ordenado medio dos portugueses e de 750 euros, a nossa profissao esta perfeitamente dentro da media.
Mas eu encaro o investimento que fiz na minha formacao como perfeitamente equivalente ao que um medico, engenheiro ou advogado faz na sua - e espero ser recompensado da mesma forma.
Mais ainda: o que fazemos e tao raro, e quando desempenhado ao mais alto nivel, tao complexo, que tera necessariamente que ( atingindo-se esse alto nivel ) ser recompensado adequadamente.
Nao vejo isso a acontecer nas empresas portuguesas, pelo contrario. Mas nao distribuo responsabilidades apenas pelos empregadores - responsabilizo tambem os empregados que se sujeitam a mas condicoes, e dessa forma alem de se desvalorizarem a si proprios, desvalorizam a todos os os outros que desempenham a mesma profissao.
De qualquer forma espero que este panorama nao te desanime demasiado - nao pretendo ser demasiado pessimista, mas realista. E ha profissoes ( ainda ) mais desvalorizadas.
Cumprimentos,
Carlos
Ola Carlos, desde já agradeço a tua resposta.
ResponderEliminarAquela situação do ridículo foi em relação a um post no grupo cg luso(se bem me lembro) onde denunciavam uma situação onde queriam pagar 200€.
Espero encontrar-te na escape stds. paro o ano.;)
Cumprimentos,
Joao
Nao entendo o que aconteceu, o comentario anterior era a segunda parte da minha resposta - mas nao foi publicado.
ResponderEliminarVou tentar resumir o que disse:
-o ordenado para um artista 3D em empresas portuguesas variava, quando dai sai ha 3 anos, entre os 750 euros para um junior e 1500 para um senior. Normalmente, a (falsos) recibos verdes. Isto alias e o que mais me desanima no panorama portugues, alem das horas extraordinarias nao pagas exigidas aos empregados. Freelancers ganham bastante mais ( mas tem outros problemas, como atrasos nos pagamentos, um regime fiscal desfavoravel, e outros factores )
- Consideraria a proposta para ensinar, se os 2000 euros mensais fossem valores liquidos, se me permitissem conciliar a actividade docente com a actividade de freelancer, e finalmente se a oferta fosse no Porto, ou perto. Nao tenho interesse em morar em Lisboa.
- conheco a Sofia Miranda, foi minha colega de curso na Catolica. Manda-lhe os meus cumprimentos.
Carlos Cidrais
Carlos esse curso de Mental ray que falas qual é?Podes mandar link?
ResponderEliminarJá agora que cursos fizeste na escape?