"A Promessa" (2021) apresenta dois enormes atributos: o envolvente contar de história e a subversão da forma. Para o primeiro, Galgut usa os métodos de criação de interesse que mantém os leitores suspensos à espera do que vai acontecer a seguir. Fá-lo bem, porque não conseguimos parar de ler. Mas é na forma que nos deslumbra, sendo a história que se conta importante, o modo como Galgut o faz é tudo menos tradicional, quebra todas as regras, desde o ponto de vista, com a voz do narrador a mudar entre personagens, e entre pessoas, dirigindo-se mesmo ao leitor. Não raras vezes temos de voltar atrás porque o personagem que relatava o assunto mudou, e agora a perspectiva é distinta, permitindo-nos perceber de outro modo o que aconteceu, está a acontecer. Pode causar alguma confusão, mas está tão bem cosido que ao fim de algumas dezenas de páginas já entrámos dentro do fluxo criado por Galgut.