julho 24, 2022

Inacreditável (2019)

"Unbelievable" (2019), série da Netflix, trabalha em profundidade questões empáticas e éticas no trabalho de investigação policial, com particular ênfase na relação com vítimas de violação. Vai ao fundo de um problema social complexo, não só do crime, mas em particular das vítimas e do modo como as instituições as tratam, começando pela polícia, passando pelos tribunais, mas também pela saúde. Fá-lo de uma forma totalmente original, ao contrastar o olhar do polícia masculino com o polícia feminino, algo que noutros crimes pode não fazer grande diferença, mas neste, e com as detetives aqui representadas, se torna nuclear. É uma série intensa, dura de ver, em que se dá conta da enorme importância que a comunicação empática tem, aqui com particular relevância, mas que nos faz refletir a todos os que têm de trabalhar no dia-a-dia com o outro.


Se as performances de Toni Collette, Merritt Wever e Kaytlin Dever são de excelência, a série fica a dever em particular a Susannah Grant, a guionista de “Erin Brockovich” (2000) (IMDB), Michael Chabon, autor do brilhante "As Espantosas Aventuras de Kavalier & Clay" (2000) e Ayelet Waldman, que trabalharam na direção e guião. Esta não é uma mera série de televisão, é literatura visualizada, com toda a ênfase colocada nos personagens, nas suas identidades, personalidades, desejos e necessidades. É impossível ficar-lhe indiferente.

Para terminar, tudo é baseado num caso real que foi reportado por T. Christian Miller para a ProPublica e Ken Armstrong para o The Marshall Project, no artigo "An Unbelievable Story of Rape" (2009), premiado com o Prémio Pulitzer na categoria de Relatórios Explicativos.

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