Sinopse: 1981, Glasgow. A outrora próspera cidade mineira sufoca sob o jugo férreo das políticas de Margaret Thatcher, lançando milhares de famílias para a miséria. A epidemia do álcool e das drogas aproveita para capturar os mais vulneráveis.
abril 10, 2022
"Shuggie Bain" de Douglas Stuart
abril 09, 2022
Direitos da Revolução Francesa
A Revolução Francesa (RF) é um dos eventos mais marcantes da História da Europa, em grande parte responsável pelo desenho societal que ainda hoje vigora no continente. Por isso, e porque tenho vindo a ler cada vez mais ficção histórica, foi com alguma pena que percebi que os livros passados na RF não são tantos como se esperaria. Ainda assim, tendo encontrado uma obra escrita pela notável Hilary Mantel — "A Place of Greater Safety" (1992) — fez-me acreditar que o assunto estava resolvido. Mas não estava. Pouco depois de o começar, sentindo a falta de contexto, acabei por ir atrás de suporte, acabando a ler simultaneamente "A Revolução Francesa 1789-1799" (1992) de Michel Vovelle, "Citizens: A Chronicle of the French Revolution" (1989) de Simon Schama, e ainda o mais recente, "A New World Begins: The History of the French Revolution" (2019) de Jeremy D. Popkin.
abril 02, 2022
Da Mesopotâmia ao Helenismo
Apesar do título, “Babilónia”, o livro de 2010, foca-se verdadeiramente no subtítulo, a “Mesopotamia and the Birth of Civilization”. Paul Kriwaczek inicia o historiar com o império Sumério, passa ao Acádio, chegando ao Assírio e por fim Babilónia. A ideia do foco em Babilónia terá que ver com a representação do fim dos grandes impérios da Mesopotâmia que deram origem não apenas a uma das primeiras grandes civilizações, mas mais importante do que isso, porque deram origem à civilização em que ainda hoje vivemos. Kriwaczek, fala numa espécie de primeira metade da História, até ao final de Babilónia (1894-332 a.C.), e uma segunda metade, aquela que agora vivemos. E por estarmos a aproximar-nos, em número de anos, no sentido oposto, da extensão dessa primeira metade, vislumbra a tragédia, apontando o momento atual como de declínio já aceite e interiorizado por nós.
março 27, 2022
Expectativas e placebo
Começo a análise do novo livro de David Robson, "The Expectation Effect" (2022), citando a frase com que terminei a análise do seu anterior livro, "Intelligence Trap" (2019): "é um livro de divulgação científica, de leitura rápida e fluída, que apesar de alguns problemas abre caminhos para muitas abordagens distintas e permite rapidamente ficar a conhecer o que está em jogo na área, a partir do que qualquer um pode então iniciar o aprofundamento das questões."
março 26, 2022
Desenho de Personagens, segundo McKee
"Character: The Art of Role and Cast Design for Page, Stage, and Screen" (2021) é o mais recente livro de Robert McKee e o quarto livro que leio dele. Tinha demasiadas expectativas sobre o mesmo já que o tema da criação e desenho de personagens é bastante complexo. Ao contrário da discussão geral sobre o desenho de histórias ou criação de mundos, a criação de personagens assenta muito na particularização, na criação de personas completas que almejam à realidade do que somos. Nesse sentido, por mais fórmulas que se construam, a sua definição fica inteiramente dependente da capacidade de observação e expressão de quem cria. E essa é, talvez, a grande razão pela qual este livro fica bastante aquém daquilo que McKee nos habituou. McKee constrói um modelo de análise e trabalho com um conjunto alargado de categorias, que vão dos simples modelos — redondas/lisas — a grandes discussões filosóficas sobre o que significa estar vivo, numa ânsia por conseguir chegar ao âmago da definição da figura que denominamos personagem, mas fica a meio do caminho. Se por um lado nos oferece imenso sobre os fundamentos do que contribui para o desenho de uma personagem, por outro, sinto que chegados ao final não nos deu muito mais do que aquilo que já tínhamos no seu livro principal, "Story" de 1997.
fevereiro 26, 2022
Composição em anel na arte narrativa
"Three Rings: A Tale of Exile, Narrative, and Fate" (2020) é um trabalho académico experimental que mistura memórias, crítica, clássicos e teoria narrativa. Conhecia Daniel Mendelsohn de um anterior trabalho de memórias criado a partir da estrutura de Homero, "Uma Odisseia. Um pai, um filho e uma epopeia" (2017) do qual gostei particularmente. Neste seu mais recente trabalho criou uma espécie de sucessor, realizando um trabalho maior de auto-crítica e análise do que foram as suas obras anteriores de memórias, e essa ideia de sucessão fica desde logo patente pelo trabalho de análise que dedica a "Les Aventures de Télémaque" (1699) em que François Fénelon tentou escrever uma continuação da "Odisseia".
fevereiro 12, 2022
Isaac Newton
Isaac Newton é talvez a mais importante figura da história contemporânea pelo modo como conseguiu extrair da natureza um conjunto de regras abstratas que permitiram a Revolução Científica, base do Iluminismo, que por sua vez impactariam fortemente a Revolução Industrial e todo o posterior progresso tecnológico. Gleick dedica-lhe este livro, no qual faz uma boa introdução, mas podia ter ido mais fundo e mais longe.
fevereiro 10, 2022
A ciência de "O Clã do Urso das Cavernas"
Fui apanhado completamente de surpresa, não conhecia “O Clã do Urso das Cavernas” (1980) de Jean M. Auel, descobri-o porque procurava obras de ficção histórica, mas acabei descobrindo algo mais porque esta é uma obra de ficção científica, não num sentido futurista ou espacial, mas no de ficcionar o conhecimento científico sobre um passado muito distante. O livro que inaugurou a série “Filhos da Terra”, constituída por 6 livros que venderam mais de 45 milhões de volumes, foca-se na vida quotidiana de duas espécies humanas, o Neandertal e o Sapiens, há cerca de 30.000 anos, altura em que os neandertais se aproximavam da extinção e o Sapiens iniciava a conquista da Europa e do mundo. Apesar de ser um livro de ficção, o trabalho é extensivamente fundamentado em conhecimento existente nos anos 1970 das áreas da Arqueologia, Paleontologia e Antropologia. Como se não bastasse, muitas das ideias de Auel aqui apresentadas têm-se mantido relevantes em face das novas descobertas arqueológicas ao longo dos últimos 50 anos.
fevereiro 07, 2022
"Syllabus" de Lynda Barry
Lynda Barry recebeu a MacArthur Fellowship em 2019, com 63 anos, com a seguinte menção: "Inspiradora do envolvimento criativo através de trabalhos gráficos originais e de uma prática pedagógica centrada no papel da criação de imagem na comunicação". Acabei de ler o seu livro "Syllabus: Notes from an Accidental Professor" de 2014 e fiquei completamente convencido do enorme valor desta professora da Universidade de Wisconsin-Madison da área de Criatividade Interdisciplinar. A sua forma de estar e trabalhar com os seus alunos é uma inspiração para quem quer que acredite no poder da arte e criatividade humanas.