janeiro 14, 2012

Financiamento para Projectos Interactivos (MEDIA)

O programa europeu MEDIA está a oferecer financiamento para desenvolvimento de projectos interativos, até um valor de 150 mil euros ou 50% do orçamento de desenvolvimento. O financiamento é dirigido a empresas independentes europeias que tenham produzido e comercializado pelo menos um projecto interactivo nos últimos dois anos. O deadline é 13 de Abril de 2012.

Who is this funding for?  
Grants of this type are aimed at independent European companies whose main object and activity is audiovisual production and/or the production of interactive works, games development (or similar) from countries participating in the MEDIA 2007 Programme. Companies submitting an application must have completed a previous eligible interactive work and prove that the work has been commercially distributed during the two calendar years preceding the date of submission (01 January 2009) and the date of submission of their application. 
Which types of production are eligible? 
The scheme for Interactive Works aims to encourage greater multiplatform creation and collaboration between the audiovisual sector and developers of games and interactive content. It seeks to promote digital content presenting substantial interactivity, originality, creativity and innovation against existing works with European commercial potential. It focuses on supporting those interactive works that are specifically developed to complement an audiovisual work (animation, creative documentary or a drama).
What is eligible is the concept development (up to a first playable application) of digital interactive content complementing an audiovisual project (drama, creative documentary or animation) specifically developed for at least one of the following platforms:

  • Internet
  • PC
  • Console
  • Handheld device
  • Interactive television
This digital content must present:
- substantial interactivity with a narrative component
- originality, creativity and innovation against existing works
- European commercial potential
 
Your company must hold the copyright (at least to the concept).

janeiro 13, 2012

Asleep Walking, tanto design para um botão apenas

A simplicidade/complexidade dos jogos one-button é muito interessante, porque se por um lado o design passa por manter a interacção entre o jogo e o jogador a níveis muito baixos, apenas um botão pode ser utilizado, por outro para que o jogo tenha capacidade para engajar e recompensar o jogador torna-se mais complexo porque não pode dispor da variedade de interacções mais usuais para exercer atracção sobre o jogador.



E isso é o que acontece aqui em Asleep Walking (2011) desenvolvido por FarGD da Costa Rica. Impressiona, e é extremamente enriquecedor ver como é que o designer conseguiu desenhar todo um normal plataformas, mas no qual todas as acções decorrem da pressão de apenas um único botão. Eu diria que este jogo é uma espécie de tentativa de levar ao extremo o minimalismo no game design.


Sobre este jogo é preciso ainda dizer que o designer utilizou um artifício inteligente que passa por dividir cada um dos ecrãs, que demora cerca de um a minuto a ultrapassar, num nível. Ao fim de cada ecrã, aparece-nos a mensagem acima, que nos dá um reforço psicológico total, "Nível Completo", e com este reforço só podemos desejar continuar a jogar. Aliás dizer que FarGD seguiu aqui uma das ideias deixadas por Chip e Dan Heath no seu livro Switch: How to change things when change is hard (2010) em relação à forma como podemos Motivar as Emoções das pessoas. O que estes nos dizem é que devemos dividir as actividades em passos pequenos, e sobre esses exercer um constante reforço, para que as emoções estejam sempre dispostas a investir mais, e mais.



Jogar o jogo.

Back in Time (2011), uma excelente App portuguesa

É uma notícia excelente, para nós que nos preparamos para dar início a um projeto científico de estudo dos novos modelos de livro em interfaces de toque. Saber que em Portugal foi desenvolvida uma aplicação/livro para iPad, pela Landka, que está a funcionar muito bem junto do público internacional com vários 1º lugares de tabelas de vendas e muitas críticas online [iPad ModoiPad Insight, Feker,  Smart Apps for Kids;, MyMac, PadGadget, Touch Reviews].


Back in Time (2011) foi lançado em Setembro para o iPad, e em Dezembro para o iPhone. O livro é fundamentalmente um enciclopédia sobre o Universo, e daí que o tempo de criação da mesma tenha demorado cerca de um ano a desenvolver. O livro vem carregado com mais de 300 imagens, 60 vídeos, e 40 timelines ilustradas. A música é do Rodrigo Leão e a App está já em Inglês, Espanhol, Francês, Alemão, Chinês e claro Português. Um ano para tudo isto é muito pouco, mas para o universo de apps para estes formatos é imenso. É difícil investir tanto dinheiro numa aplicação, sem qualquer garantia de retorno, e para um universo tão difícil de prever como são as apps no iPad.

Um relógio imaginário irá guiá-lo ao longo desta descoberta, através de uma analogia simples: o Universo começou há 24 horas.
O Big Bang, fonte do tempo e espaço, é o primeiro evento na nossa viagem – o relógio marca 0:00 horas. Hoje, 13,7 mil milhões de anos depois, o relógio marca meia-noite. Pelo meio, uma sequência de acontecimentos-chave que nos trouxeram aos dias de hoje. Explore-os, coloque-os em perspectiva, veja como estão relacionados, compreenda as consequências e pergunte-se “E se?”… 

Em termos de design de interação, o que é para mim mais relevante é a metáfora que eles criaram para aceder aos conteúdos e que passa por um simples relógio com 24 horas, que condensa toda a história até ao Big Bang. Isto permite a qualquer interator ganhar uma noção muito completa do que tem nas mãos. São 24 horas, que nos levam através de toda a nossa existência, não são livros e livros, cds e cds, páginas e páginas, links e links. A partir de uma interface simplicíssima é visualizado, nas 24 horas, todo o tempo do Universo, e isso é o grande atractivo de Back In Time.


Tenho poucas dúvidas de que foi esta a razão pela qual Back in Time foi eleita App of the Day no Gizmodo quando saiu, e tenha agora aparecido no TOP 10 de Bob Tedeschi no NY Times. E que tenha chegado ao primeiro lugar da tabela iPad nos EUA, UK, França, Espanha, China entre muitos outros países. E é preciso ter em atenção que não é um jogo de 0.99 dólares, mas uma aplicação que custa 7.99 dólares.


Switch: How to change things when change is hard (2010)

O livro de Chip e Dan Heath, Switch: How to change things when change is hard (2010) é de leitura fácil e grande fluidez, prende bem o leitor através da apresentação de estudos de psicologia que suportam as suas ideias e ainda pela progressão na apresentação do seu quadro de trabalho. Mas antes de apresentar o coração da argumentação, devemos perceber que o livro trata de uma forma geral os aspectos da mudança do comportamento humano.


Nesse sentido Chip & Dan Heath dizem que a mudança tem sido apresentada quase sempre como muito difícil, algo a que as pessoas têm muita tendência a resistir, ou de que as grandes mudanças exigem grandes ações. Mas para estes autores nenhuma destas ideias corresponde propriamente à verdade. E uma das razões que estes apresentam para tal é simplesmente o facto de despendermos demasiada energia a controlar os nossos impulsos. O facto de estarmos sempre a monitorizar tudo, drena tanta energia que a que sobra se torna insuficiente para perspectivar a mudança. Aliás neste mesmo sentido, e aplicado em concreto aos processos de tomada de decisão, é a discussão que vem sendo levada a cabo sobre a Fadiga da Decisão, e que pode ser lido num artigo extenso do NYT.

Posto isto os Heath entram na discussão sobre o que está em causa na mudança em termos psicológicos. E é aqui que vão utilizar uma magnífica metáfora desenvolvida por Jonathon Haidt no seu livro The Happiness Hypothesis (2005), para estabelecer o quadro de trabalho central a todo o livro:
“Haidt says that our emotional side is the Elephant and our rational side is the Rider.  Perched atop the Elephant, the Rider holds the reins and seems to be the leader.  But the Rider’s control is precarious because the Rider is so small relative to the Elephant.  Anytime the six-ton Elephant and the Rider disagree about which direction to go, the Rider is going to lose. He’s completely overmatched.
Most of us are all too familiar with situations in which our Elephant overpowers our Rider.  You’ve experienced this if you’ve ever slept in, overeaten, dialed up your ex at midnight, procrastinated, tried to quit smoking and failed, skipped the gym, gotten angry and said something you regretted, abandoned your Spanish or piano lessons, refused to speak up in a meeting because you were scared, and so on”
Recordando algumas destas situações, é facil percebermos como as constantes ações para produzir mudança drenam ferozmente a nossa capacidade cognitiva (Condutor) de controlo das emoções (Elefante). O controlo que o condutor tem sobre o elefante é bastante limitado, e exigente, por isso é preciso encontrar a melhor forma de o levar a fazer o que é bom para ambos, tanto o Condutor como o Elefante. Nesse sentido os irmãos Heath introduzem um terceiro elemento na equação da mudança, que é o Caminho para chegar à mudança, ou seja o ambiente em que mudança terá de ocorrer. Com o terceiro elemento introduzido, abre-se o mantra do livro para a resolução da mudança: "Direct the Rider, Motivate the Elephant, and Shape the Path"


Ou seja os autores acreditam que a resposta à mudança acontece numa configuração tripartida, que passa por Dirigir o Condutor (Cognição), Motivar o Elefante (Emoção), e Moldar o Caminho (Ambiente). Isto é aquilo que poderão ganhar com a leitura do livro, e que deixo a seguir apenas algumas ideias, as que me pareceram mais reveladoras.


1. Dirigir o Condutor
A nossa atitude natural é acreditar que a razão consegue levar a emoção, contra a sua vontade, a fazer aquilo que é o mais correto. E a verdade é que podemos até conseguir em parte, mas por pouco tempo. Como vimos acima a nossa capacidade de controlo é limitada e rapidamente se irá exaurir deitando por terra as mudanças conseguidas (ex. dietas, deixar de fumar, etc). Nesse sentido a sugestão mais interessante dos autores para mim, é sem dúvida o oposto daquilo que normalmente fazemos, quando refletimos sobre as nossas acções passadas. E que passa por encontrar os chamados Bright Spots.
Ou seja normalmente quando analisamos o passado, temos tendência a concentrar-nos no que fizemos mal, para perceber como podemos melhorar. Somos capazes de passar horas moer em cima de algo que correu mal, mas quando as coisas correm bem, simplesmente correram e deixamos para trás.
Ora o que nos dizem os autores, é que devemos fazer exatamente o contrário, dando o exemplo da criança que chega a casa com a caderneta das notas. O que é importante não é perceber o que se passou com a nota negativa, mas antes perceber melhor porque se teve uma nota máxima. Ou seja procurar perceber o que está a funcionar bem, e perceber como se consegue mais dessa componente.


2. Motivar o Elefante
O elefante é normalmente visto como o problema, mas se o conseguirmos manobrar em favor do que nos interessa, ele será uma força tremenda no processo de mudança. Para tal os autores sugerem que mudemos a abordagem, em vez de analisar-pensar-mudar (ou seja atacar a Conductor), precisamos é de ver-sentir-mudar. O cerne da mudança está na Emoção.
Deste modo precisamos de pensar como motivar o elefante, dar-lhe confiança, e mante-lo em movimento. Assim as questões centrais passam por esquecer factos e números, este só servem ao condutor. Precisamos de histórias e anedotas viscerais, de experiências directas da mudança, ou de imagens. Precisamos de o convencer a começar a mexer, através de pequenos passinhos, se pedirmos demasiado de uma vez só, o mais certo nem sequer se mover. Precisamos de criar expectativa para o erro e falha, para que esta não tenha um impacto de tal forma forte que leve a parar todo o processo. A última parte passa pela identidade e pressão de grupo social.


3. Moldar o Caminho
A componente do ambiente é atribuída a vários estudos que demonstram a nossa clara tendência para atribuir as culpas da não mudança ao individuo, ao que ele é intrinsecamente, esquecendo a situação em que ele está. E o que acontece é que por vezes mudando pequenos elementos da situação é possível alterar por completo o cenário da mudança. Aqui aquilo que os autores dizem, não é tão surpreendente, mas nunca é demais repetir aqueles que me parecem os dois factores principais: criar rotinas, e celebrar os pequenos passos. No fundo dois dos fatores principais seguindos em associações como as dos alcoólicos anónimos, em que são criadas rotinas muito claras, com objectivos muito bem identificados. E em que cada passo conseguido é celebrado em grupo, ganhando força positiva do da pressão social.


Direct the Rider, Motivate the Elephant, and Shape the Path

janeiro 12, 2012

Rew, jogar em reverse storytelling

Adorei jogar Rew (2011) da BeGamer, porque faz uso da técnica de narrativa reversa, ou seja em que a história é contada a andar para trás no tempo. E o interessante é que mesmo sendo um jogo, consegue-nos prender totalmente ao desenrolar da história. Claramente que estamos perante um artifício narrativo, que não pode ser utilizado em demasia, mas não deixa de ser interessante perceber como o nosso cérebro, ávido por padrões, não descansa enquanto não consegue descortinar o que se está a passar no enredo.


Em termos de gameplay é básico, socorre-se do point-and-click, com puzzles tão simples que chegam a ser insuficientes para gerar qualquer retorno pelo esforço cognitivo. Daí que o interesse gerado pelo jogo se concentre quase totalmente sobre a questão narrativa e muito pouco sobre a questão de jogo.


Por outro lado a arte é também muito boa, tanto visual como sonora, gerando uma excelente atmosfera de mistério, que nos empurra para o género detectivesco de tentativa de desvendar o crime. São apenas cinco minutos, mas que geram uma belíssima experiência. Jogar REW.

janeiro 09, 2012

Melhor 2011: mais vistos no VI

Este é o último post com listagens de 2011. As ferramentas de análise das visitas do Blogger melhoraram bastante e por isso este ano resolvi listar os artigos mais visitados. Da lista abaixo que transcrevo, a leitura que faço é que o blog atinge os objectivos, ou seja é abrangente na temática e no público. A abrangência tem muito que ver com a diversidade, consequência da multidisciplinaridade do trabalho de investigação que procuro fazer. Neste sentido podemos ver que os textos mais vistos no blog estão em sintonia com a ideia de cruzamento entre ciência, arte e tecnologia.


Mas o mais importante de tudo isto é agradecer a todos os que vêm visitando este espaço e têm contribuído para um aumento significativo das visitas neste último ano. Não se fazem textos para um blog apenas para ter mais visitas, mas como diz David Gauntlett, o que motiva alguém a criar é o simples facto de sentir que está a comunicar, a partilhar algo com outra pessoa, "making is connecting".


1. Uma Nova Imagem EDP
Sem dúvida o texto mais visto no blog, acredito que motivado pelo buzz criado em volta das mudanças do logo, ou também pelo facto de este ter sido desenhado por um nome importante da área, ou ainda porque o nome da empresa não tem saído dos media nos últimos meses.


2. Disney Dream Portrait Series 2007-2011
Esta é uma colecção de postais da Disney que adoro, não foi fácil conseguir encontrar todos os que foram feitos até 2011, e talvez por isso as pessoas venham à procura de saber quantos existem.


3. Kingdom Rush (2011)
É um dos jogos indie do ano. Feito por apenas três pessoas no Uruguai, é um jogo grátis que nos presenteia com um excelente gameplay em termos de ritmo e recompensa, assim como uma belíssima arte detalhada e alusiva ao tema. Quando acabamos o jogo ficamos com aquela sensação de vazio, e agora, que fazer, não tenho mais obstáculos para ultrapassar.


4. A Educação em Portugal e na Europa
Fiz este texto um pouco incomodado pelas várias declarações que o Ministro da Educação do momento foi fazendo ao longo de 2011. Mas também porque tendo sido o primeiro ano da minha filha na primária, tive oportunidade de verificar a enorme falta de recursos que assola o sistema do ensino público. Fiquei admirado com a quantidade de pessoas que acederam ao texto.


5. Mitos dos Custos da Educação em Portugal
Este texto vem no seguimento do anterior (4), é mais focado, andei à procura de dados no site da OCDE para desmontar algumas das ideias que pairam nos nosso media a propósito de Educação.


6. Premio ZON 2010 - Reconhecida a Arte dos Videojogos
Este foi um texto de resumo da entrega dos Prémios Zon do ano que passou e no qual o grande premiado foi o videojogo Under Siege (2011).


7. Artistas Portugueses de Animação Digital e Efeitos Visuais
O objectivo deste texto passou por tentar identificar, listar e linkar os artistas de animação digital e VFX nacionais. Acabou por se transformar numa lista que tem quase tantos portugueses a trabalhar lá fora, como os que trabalham em Portugal. Mas mais importante do que isso, é que nesta lista existe muito talento.


8. Video-mapping em Montalegre
Este texto reflecte uma análise de um projecto de video-mapping e suas tecnologias, realizado pelo Sérgio Soares Ferreira.


9. 3-D, um desastre estético
Um texto escrito depois de ter sido obrigado a ver o Toy Story 3 em 3-D. Pelo que procurei, em Portugal não foi possível ver nenhuma versão sem ser 3-D. Não gostei, por várias razões que nomeio ao longo do texto sobre os problemas da projecção 3-D. Um tema que ainda aflorei em mais alguns textos.


10. Google Art Project: ferramentas para estudar Arte
Este texto reflecte o aparecimento desta nova plataforma da Google, e fala sobre o potencial aplicacional do mesmo.


11. GTA IV, Poder de Representação
Desta lista este é o texto mais antigo, de 2008, aquando da saída de GTA IV. Falo aqui essencialmente da forma como foi feito o tratamento da violência do jogo, inclusive por revistas online da especialidade.


12. Desenvolver Jogos de Sucesso em Portugal
Um texto que é um apontamento para os slides da conferência que realizei no Encontro Nacional de Estudantes de Informática. Os slides abrem ideias e caminhos possíveis para a indústria nacional de videojogos.


13. Poderoso. Iluminador. Formativo.
Análise de uma da séries sobre arte, da BBC, mais bem conseguidas. Tanto a selecção das obras, como o trabalho documental realizado são soberbos.


14. Digital Body (2011) para iPad
Uma entrevista realizada ao artista digital João Martinho Moura a propósito do lançamento do seu portfólio em formato de livro digital para iPad.



15. Steve Jobs, o designer de interação
Finalmente a minha homenagem a uma das pessoas mais influentes no mundo da tecnologia e da interacção humano-computador e que nos deixou em 2011.


Para fechar deixo apenas os links para todas as listagens relacionadas com melhor do ano que acabou,

Melhor 2011: Cinema Top 10
Melhor 2011: Artefactos Interactivos Online
Melhor 2011: Vídeo Online 3/3
Melhor 2011: Vídeo Online 2/3
Melhor 2011: Vídeo Online 1/3
Melhor 2011: Jogos Indie Top 15

janeiro 08, 2012

Remix - The Art of Disney

Remix - The Art of Disney de Julian Alcacer não é mais um trabalho à volta das misturas e remisturas internas do universo Disney, mas antes uma antologia dos vários momentos chave da narrativa Disney, e que fazem desta uma marca de autor. Julian Alcacer seleccionou partes de quase todos os filmes da Disney entre 1937 e 2003 e juntou a banda de sonora de apenas, The Hunchback of Notre Dame (1996), em duas variantes, Heaven's Light para a parte 1, e Hellfire para a parte 2.


Dividido em duas partes, na primeira Alcacer leva-nos por entre os momentos da alegria e magia que fazem da Disney obras memoráveis na cabeça das crianças, não mais as deixando. Na segunda parte Alcacer leva-nos aos momentos mais escuros, sombrios e tristes do modelo narrativo que servem de alavanca à exponenciação dos momentos positivos. Sem os momentos negros, a Disney não conseguiria criar nas crianças marcas tão inesquecíveis, porque só depois do perigo iminente vem a Bonança, e assim, só depois de tudo acabar é que aparece o príncipe para tudo de novo ressuscitar. Deliciem-se, viagem por breves momentos, vale todos os segundos.







Todos os filmes
Snow White and the Seven Dwarfs — David Hand, 1937
Pinocchio — Hamilton Luske, Ben Sharpsteen, 1940
Peter Pan — Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske, 1953
The Sword in the Stone — Wolfgang Reitherman, 1963
The Jungle Book — Wolfgang Reitherman, 1967
Robin Hood — Wolfgang Reitherman, 1973
The Rescuers — Wolfgang Reitherman, 1977
The Little Mermaid — Ron Clements, John Musker, 1989
The Rescuers Down Under — Hendel Butoy, Mike Gabriel, 1990
Beauty and the Beast — Gary Trousdale, Kirk Wise, 1991
Aladdin — Ron Clements, John Musker, 1992
The Lion King — Roger Allers, Rob Minkoff, 1994
Pocahontas — Mike Gabriel, Eric Goldberg, 1995
The Hunchback of Notre Dame — Gary Trousdale, Kirk Wise, 1996
Mulan — Tony Bancroft, Barry Cook, 1998
Tarzan — Chris Buck, Kevin Lima, 1999
Atlantis, the Lost Empire — Gary Trousdale, Kirk Wise, 2001
The Treasure Planet — Ron Clements, John Musker, 2002
Brother Bear — Aaron Blaise, Robert Walker, 2003

janeiro 07, 2012

Melhor 2011: Cinema Top 10

Vi menos filmes este ano, no ano passado tenho registados 243, este ano foram exactamente menos 40, ou seja 203 filmes. Claro que não são todos de 2011, mais de metade é dos anos imediatamente anteriores 2010 e 2009, o que é natural uma vez que vejo a maioria do cinema em casa. Este ano o meu TOP 10 tem 11 filmes porque não me consegui decidir em relação ao primeiro lugar, entre Trier e Malick não existe um melhor.

1 - Melancholia, de Lars Von Trier, Dinamarca
     The Tree of Life, Terrence Malick, EUA
2 - Sucker Punch , Zack Snyder, EUA
3 - Drive, Nicolas Winding Refn, EUA
4 - Pina, Wim Wenders, Alemanha
5 - PressPausePlay, David Dworsky e Victor Köhler, Suécia
6 - Rio, Carlos Saldanha, EUA
7 - Midnight in Paris, Woody Allen, EUA
8 - Rise of the Planet of the Apes, Rupert Wyatt, EUA
9 - Source Code, Duncan Jones, EUA
10 - Cinema Verite, Shari Springer Berman e Robert Pulcini, EUA

Já falei dos três primeiros aqui no VI, por isso deixo apenas algumas linhas sobre Drive, Midnight e Planet of the Apes. Começando pelo Rise of the Planet of the Apes, que é o único filme presente na lista dos 10 mais rentáveis nos EUA este ano, e trazendo à discussão o trabalho comparativo realizado pelo blog Short of the Week a propósito das sequelas, da falta de criatividade ou decadência da originalidade.


Quero dizer que é um sintoma claro do cinema do fim do século passado, que se acentuou mais ainda neste novo século. Por vezes sinto que chegámos ao fim da linha, que não é possível continuar a debitar as massivas quantidades de conteúdos que os cada vez mais numerosos media exigem. Aliás quando olho para o meu TOP 10, vejo bons filmes, mas são assim tão originais? A cada filme que vejo, sinto cada vez mais conhecer a história de antemão, ligando-me apenas à forma, à estética. E mesmo aqui vejo cada autor cada vez mais, quase que desesperadamente a tentar surpreender-nos estilisticamente. Falo mesmo de Malick, Trier ou Wenders, para já não falar em Snyder, Refn ou Jones. Sinto cada vez um maior respeito pelo documentário, que é onde encontro mais originalidade, e a ficção, na maior parte das vezes, já só me surpreende na poética. Estarei a ficar velho?


Apesar de tudo isto Rise of the Planet of the Apes aparece aqui na minha lista, porque consegue surpreender narrativamente, aliás surpreendemente Rupert Wyatt vai além de Tim Burton, e consegue ao fim de tantas sequelas trazer um filme capaz de fazer jus ao original de 1968. O que mais me entusiasmou foi a aproximação à ciência, e a fuga ao misticismo da série.


Em Midnight in Paris sinto Woody Allen a viajar por entre vários filmes seus, nomeadamente Purple Rose of Cairo (1985). É a magia do cinema, é um filme clássico que nos leva aonde só a arte pode levar, e o cinema melhor que qualquer outra sabe fazer, que é viajar no tempo, reencontrar personagens históricas, conversar com elas. No fundo esta é uma das maiores atracções do cinema, o escapismo à realidade do quotidiano.


Finalmente Drive é uma peça de enorme qualidade estilística. Nicolas Winding Refn cria uma introdução de cerca de 15 minutos que vale ouro, ficava-me por ali. Julgo que a última abertura de um filme que foi capaz de me surpreender tanto foi Antichrist (2009). Refn subverte todas as nossas expectativas, refreia os nossos anseios, prende-nos na trama, e cria todo um universo para onde entramos. A qualidade de Drive advém da sua uma enorme coerência estética, o visual em sintonia completa com a sonoridade musical, e a capacidade para nos fazer aceitar um ritmo lento totalmente em contra-corrente com o cinema mainstream atual. Drive entra na linha do chamado neo-noir art, tocando influências mais hard-core como Irréversible (2002), mas bebendo muito no imaginário de Taxi Driver (1976) e To Live and Die in L.A. (1985), com uma figura de anti-herói totalmente reminescente de Eastwood do universo de Leone. Drive é uma experiência que fica colada a nós.


Vi muito poucos filmes de nota máxima neste ano que passou, por isso deixo aqui os outros três filmes que não são de 2011, aos quais dei também nota máxima: José e Pilar (2010) de Miguel Gonçalves Mendes; Tron: Legacy (2010) de Joseph Kosinski; e The Secret of Kells (2009) de Tomm Moore.

[Para ver todos os 203 filmes de 2011, e muito do que vou vendo fica a minha Lista Geral de Filmes]

Filmes de Dezembro 2011

Foi um bom mês, via duas obras-primas, uma delas portuguesa, e quatro excelentes filmes. Posso dizer que o final de 2011 foi para mim em termos cinematográficos muito frutífero. Vários destes filmes estão na minha lista dos 10 melhores deste ano, que irei publicar já a seguir.


xxxxx Melancholia 2011 Lars Von Trier Danmark  Drama

xxxxx José e Pilar 2010 Miguel Gonçalves Mendes Portugal Documentary

xxxx Midnight in Paris 2011 Woody Allen USA Drama

xxxx Drive 2011 Nicolas Winding Refn USA Thriller

xxxx Rise of the Planet of the Apes 2011 Rupert Wyatt USA Sci-fi

xxxx Inside Deep Throat     2005 Fenton Bailey USA Documentary

xxx Super 8 2011 J.J. Abrams USA Drama
xxx Cars 2 2011 John Lasseter USA Animation
xxx Panda Kung Fu 2 2011 Jennifer Yuh USA Animation
xxx The Green Hornet  2011 Michel Gondry USA Comedy
xxx Veronica Guerin 2003 Joel Schumacher USA Biopic

xx Red Riding Hood 2011 Catherine Hardwicke USA Thriller
xx Made in Romania 2010 Guy J. Louthan Uk Comedy
xx Little Fockers 2010 Paul Weitz USA Comedy
xx Just Wright  2010 Sanaa Hamri USA Romance
xx The Tourist 2010 Florian Henckel von Donnersmarck USA Action
xx Chloe 2009 Atom Egoyan USA Drama
xx The Big Heat 1953 Fritz Lang USA Crime

x The Traveler 2010 Michael Oblowitz USA Thriller
x Burlesque 2010 Steve Antin USA Musical
x Rubber 2010 Quentin Dupieux USA Comedy


[Nota, Título, Ano, Realizador, País]
[x - insuficiente; xx - a desfrutar; xxx - bom; xxxx - muito bom; xxxxx - obra prima]