outubro 15, 2011

Direito de criar


Foi uma semana cheia de ideias em volta do processo e ato criativo, do seu significado, da sua abordagem pela sociedade, da sua aplicação em termos legais, do seu alcance enquanto força motivadora e produtora de auto-estima.


Começando pela keynote, Creativity in the Remix, que dei na Católica em Lisboa, em que falei sobre o modo como a criatividade é fruto de um processo base de remix da cultura circundante ao indivíduo, desmistificando parte desse processo e desembocando numa defesa dos direitos comuns sobre as obras.


Passando pelo texto, Cópia ou Criatividade, que pelo meio escrevi para a Eurogamer sobre o mesmo propósito, mas direccionado para a indústria específica dos videojogos, e discutindo em maior detalhe o caso de Pong, do seu sucesso como clone, e impacto na criação de uma nova indústria.


E finalmente chegando ao que foi para mim um dos momentos altos da semana, o visionamento do filme PressPausePlay (2011) realizado por David Dworsky e Victor Köhler. Ver PressPausePlay foi instigador, refrescante uma confirmação do poder da acção criativa, do serviço que esta presta à edificação da auto-estima pela via da realização pessoal. O filme é uma autêntica viagem ao mundo da criatividade no século XXI, que acende em nós uma forte centelha de esperança por um mundo melhor.


Podemos ver artistas de vários quadrantes desde a música, a literatura, o cinema, o design, o motion graphics, a publicidade, o jornalismo, os tecnólogos. Alguns nomes conhecidos dão aqui a cara, Moby, Olafur Arnalds, Andre Stringer, Seth Godin, Lykke Li, Sean parker, Bill Drummond.  
A produção de arte é apresentada como fruto de uma nova cultura criada a partir da participação ativa de toda a comunidade. A inovação tecnológica quebrou as barreiras que se erguiam em frente da livre expressão, da livre criação, e a participação e forças comunitárias encarregaram-se de levar por diante uma batalha que ainda não está ganha, a dos direitos criativos comuns.
"the human spirit, when it’s allowed to become made manifest through art, invariably is going to create greatness. it almost doesn’t matter what the medium is,..." Moby

Ser autor ou criador nunca foi sinónimo de ser rico, foi antes e sempre sinónimo de fazermos aquilo que mais gostamos na vida. Assim só pode estar nesta batalha quem nisto acredita, quem não espera mais do que a concretização da exteriorização das suas ideias. Todos temos o direito de criar, o direito de experimentar, o direto de brincar, o direito de ser feliz enquanto seres expressivos e criativos por natureza.


Erguer barreiras legais, como as do Copyright, nada contribui para que a nossa espécie evolua de modo natural e orgânico, como sempre foi. Estas leis, servem apenas os direitos de alguns, que por acaso até nem são autores, mas são quem detém o dinheiro para contratar batalhões de advogados.
O cumprimento das leis de copyright como estão formuladas e no contexto atual de criação de cultura massificada de todos para todos, são uma total aberração. Apenas sustentável por quem quer continuar a viver daquilo que os outros criam.


O filme está disponivel no site de produção em versão 720p e 1080p via torrent, e de modo totalmente gratuito, um verdadeiro serviço à comunidade.

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