dezembro 06, 2022

O mundo de “Control”

Joguei “Control” (2019) pela primeira vez no final do verão, na sua versão Ultimate (2021), o que me permitiu aceder à melhor renderização de todo o seu esplendor visual. É um jogo que se enquadra no género bem conhecido de ação-aventura em terceira-pessoa, com uma jogabilidade próxima de séries de jogos como "Infamous" (2011-2014) ou "Dishonored" (2012-2016). No campo da história, a influência imediata que podemos observar é do universo “X-files” (1993-2018), e em parte do mundo de “Annihilation” (2014/2018), com alguma aproximação a “Death Stranding” (2019) e também em parte “Beyond: Two Souls” (2013). Muito diferente destas influências temos duas coisas: a dificuldade e o ambiente visual. 

No campo da dificuldade, o jogo não apresenta qualquer ajuste de dificuldade, ainda que na versão Ultimate seja oferecida uma interface de variabilidade dos nossos poderes, o que funciona como sistema de “cheating”. Isto faz com que ao contrário do que o género nos tem habituado, progressão fácil para experienciar a história não seja o modo normal. Assim, de cada vez que ajustava os poderes sentia não estar a jogar como deveria, o que em parte perturbou a minha experiência de jogo. Mais por pensar que estava a jogar de uma forma facilitada pelos criadores, mas não propriamente uma experiência desenhada para ser jogada dessa forma.

No ambiente, temos um cenário que nos atira para um universo urbano anos 70, tudo muito cinzento e com pouca vida. Muito betão, muito volume, grandes estruturas, tudo dentro da conhecida corrente estética do Brutalismo. Isto per se torna o jogo bastante particular e acaba conferindo-lhe talvez a sua maior marca identitária. A qualidade do trabalho realizado é imensa, tanto na coerência como detalhe e variabilidade de estruturas, o que torna toda a experiência de jogo bastante gratificante, no sentido em que queremos sempre descobrir como vai ser a próxima área. 

Diria que a jogabilidade é imensamente fluída e visualmente impactante, ainda que os combates se estendam desnecessariamente. Já no campo da história, começa muito bem, mas à medida que vamos progredindo vai-se enredando mais e mais, a ponto de começarmos a perder algum do interesse. Ainda assim, é um jogo que facilmente nos mantém agarrados e desejosos de ver como termina, nomeadamente porque à medida que vamos avançando o ambiente se vai tornando mais imprevisível, sendo capaz de nos surpreender até ao final. Dito isto, não me parece que o jogo venha a ser recordado pela sua história ou mesmo jogabilidade, mas o ambiente criado dificilmente se esquece.

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