Relembrando alguns sentimentos da Saga, julgo que neste livro mais condensado, e talvez alimentado pelo que já conheço de Ferrante, alguém que contribuiu para o meu próprio crescimento, nomeadamente no ganho de conhecimento sobre a condição de mulher no Sul da Europa, conseguiu chegar mais perto das suas razões interiores. Senti-me, neste livro, bastante menos crítico das opções que tomou, senti que cada ser na sua individualidade precisa de poder trilhar o seu caminho, incorrer nos seus erros para chegar a conhecer-se. E que nem sempre esse caminho é o mais bonito, o mais correto, nem o melhor para aqueles que nos rodeiam.
A escrita parece-me aqui mais intensa, mais próxima de "Os Dias do Abandono" do que da Saga, que claramente adquiriu traços mais tranquilos ditados pelo amadurecimento da autora, e talvez por uma maior capacidade de não se expor tanto. Deste modo, sente-se muito o verdadeiro pensar interior atirado à página sem pudor como quem escreve memórias para não serem lidas.
Lido na versão portuguesa, editada na compilação "Crónicas do Mal de Amor" da Relógio d'Água.
Livros que marcaram e fizeram crescer.
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