junho 07, 2021

Dark (2017)

"Dark" é uma série co-criada por Baran bo Odar e Jantje Frieseé e bastante interessante pela forma como consegue rentabilizar alguns clichés narrativos — as viagens no tempo e o rapto de crianças —, complexificando a trama por via de múltiplas linhas temporais de vários personagens que nos envolvem e conduzem ao desejo ardente de solucionar o puzzle narrativo. São 10 episódios, a primeira temporada, mas quase parece uma mini-série, tal a velocidade imprimida e a quantidade de eventos que vão sendo apresentados. A tornar tudo mais interessante ainda é o facto de ser uma série alemã que nos oferece um vislumbre de uma cultura próxima mas distinta daquela a que nos vamos habituando, criada pelos media americanos, ainda que nesse aspeto existem algum reparos a fazer.


Não colocaria "Dark" ao lado de "Stranger Things", mas é inevitável falar desta, já que a linguagem audiovisual se aproxima bastante. No tema temos também a escuridão, o fantástico, e as escolas nos anos 1980, mas tudo o resto se distancia. Por outro lado, a cinematografia e a montagem são muito próximas, tipicamente próximas do género usado pelo thriller americano, o que Stranger Things adota também, mas aqui com um tom mais adulto, ausente de humor. Podemos dizer que o facto de ser uma produção Netflix fará com que se sinta este toque americanizado na linguagem, mas iria mais longe. Parece-me, e pensando em outras séries europeias produzidas pela Netflix, nota-se um padrão, como se se quisesse criar uma linguagem internacional, de origem americana, mas agora praticamente igual para todos.

A rede de personagens

Ainda assim, gostei de aceder ao mundo cultural alemão, notar as diferenças face à cultura americana, note-se que não existem aqui heróis, mas pessoas como nós, assim como denota um esbatimento da diferença de classes, ainda que as diferenças de posses estejam presentes, todos parecem poder colocar-se ao mesmo nível.

Quanto a explicações, o fundamento assenta no inevitável "eterno retorno" de Nietzsche, aqui proporcionado por uma possibilidade física, mas com consequências próximas. No final não se apresenta um desvelar completo, mas não precisamos de mais. Gostei muito do conceito e a forma como foi tratado, sinto-me plenamente satisfeito com a temporada 1, não sentido qualquer ânsia por seguir para a temporada 2 e 3.

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