Os Retratos Fayum são retratos realistas pintados sobre placas de madeira colocados sobre múmias do Egipto Romano, entre o I e o III séculos d.C., na região de Fayum, um oásis junto ao Nilo. Estes retratos formam uma coleção com de cerca de 1000 obras, fazendo desta a maior coleção sobrevivente do estilo e técnica. A técnica, segundo legados escritos, terá sido iniciada por volta do século IV a.C. na Grécia, contudo, devido à natureza perecível dos materiais não existem legados desse tempo. Esta coleção, como muita da arte egípcia, só chega até nós graças às altas temperaturas que resultam em baixa humidade naquela região, ao que se junta ainda o facto de ter sido enterrada e assim não acessível durante milénios.
A diferença entre a arte de representação egípcia dos 3000 anos precedentes e estes retratos, após a chegada dos romanos, é um dos elementos mais impressionantes pela mudança técnica operada. Temos uma quase conversão de um mundo gráfico 2d num mundo naturalista 3d dotado de volume, luz e sombras.
Se no resto do globo não existem legados, devido às variáveis ambientais, existe um lugar onde podemos encontrar a mesma técnica, e praticamente o mesmo estilo, Pompeia. Mais uma vez, graças à preservação providenciada pela natureza, como se pode ver na imagem aqui abaixo.
Se as técnicas de luz (chiaroescuro) oferecem a maior impressão visual, muito do naturalismo sentido acontece por via dos olhos — as chamadas janelas da alma —, o modo como brilham e nos miram provoca em quem vê uma espécie de inquietação, como estando a ser interrogado pelas próprias imagens. Algo assim tão intenso só vai voltar a surgir, novamente em Itália, na Renascença.
Artigo muito bom, obrigada.
ResponderEliminarObrigado pelo comentário. Vale a pena ver a palaestra da professora de História de Arte, Karen McCluskey, no link que partilhei em baixo em Mais Informação.
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