Jason and the Argonauts (1963)
"A carreira cinematográfica de Harryhausen, propriamente dita, começa com Mighty Joe Young em 1949, uma espécie de sequela de King Kong, filme no qual O’Brien supervisionava os Efeitos Visuais e terá dessa forma pedido a Harryhausen para integrar a equipa de animadores. Harryhausen começava assim a sua carreira profissional pelas mãos do mestre, demonstrando um verdadeiro talento para o stop-motion e acabando por ser ele próprio, sozinho, a concretizar cerca de 85% da animação total do filme. O’Brien que, após King Kong, poucas mais oportunidades terá tido para desenvolver o stop-motion, relegava assim para o seu aluno Harryhausen, a tarefa de desenvolver e aperfeiçoar uma arte em que ele praticamente tinha sido o pioneiro. Mighty Joe Young, foi um sucesso popular, chegando mesmo a receber o Óscar de melhores efeitos visuais em 1950, o que possibilitou a Harryhausen aspirar a uma verdadeira carreira nos efeitos visuais.
Harryhausen animando Mighty Joe Young (1950)
Tinha destruído praticamente todas as cidades importantes americanas – Nova Iorque, São Francisco,Washington D.C - sentia necessidade de mudar, de abandonar conceitos destrutivos. A construção de sonhos foi a sua visão seguinte. É assim que chega em 1958 a The 7th Voyage of Sinbad, uma clara mudança no estilo de Harryhausen. Para além de uma mudança, será uma entrada em grande no mundo dos mitos, e com um sucesso tal que o levaria à concretização de mais três sequelas. A fantasia continua com The 3 Worlds of Gulliver em 1960, passando por Mysterious Island, 1961, uma sequela de 20,000 Leagues Under the Sea. Chega finalmente o ano da consagração de Harryhausen, com Jason and the Argonauts, 1963, uma entrada directa para dentro do verdadeiro universo do fantástico, a mitologia grega, entrada que voltaria a repetir com o último filme da sua carreira The Clash of Titans em 1981.
Para Harryhausen, “a essência da fantasia é transformar a realidade em imaginação”, ou seja, ele vê o seu trabalho como uma porta para o imaginário. Ao criar animação, ele pretendia desenvolver um universo tal, apenas reconhecível numa perspectiva de sonho. Harryhausen fez o último filme em 1981 e em 1982, surge Tron da Disney. Talvez a aparição de Tron tenha levado Harryhausen a desistir de uma arte, que de alguma forma se revelava incapaz de lutar em pé de igualdade contra uma indústria tão poderosa como os gráficos por computador que, por sua vez, davam sinais fortes de domínio, através de aumentos sucessivos nas capacidades de produção de fotorealismo. No entanto, apesar dessas capacidades, Harryhausen considera ainda hoje, que a arte por detrás do stop-motion é a única capaz de fazer verdadeira justiça ao reino da fantasia. Nas suas palavras, “a fantasia é o mundo do sonho, e o stop-motion, não sendo completamente realista, consegue dar o extra que aproxima a imagem do sonho”.
Para as referências e notas de rodapé consulte o livro Emoções Interactivas (2009).
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