fevereiro 25, 2012

Tecnologias Criativas e Amadorismo

Trago um texto de Eric Paulos, You Amateur!, publicado na última Interactions, sobre o amadorismo que vem totalmente ao encontro do número da revista Comunicação e Sociedade que estou a editar com o Pedro Branco sobre Tecnologias Criativas. Para alguns que seguem este blog, acredito que possa parecer algo paradoxal depois do meu texto anterior em defesa da Universidade, mas posso dizer que não o é. A Universidade continua a ser o local de excelência para se poder abrir caminho, mas isso não deve ser a única condição para que possamos investigar e criar aquilo que gostamos, assim como também não deve impedir que cada um de nós continue a desenvolver-se enquanto criador.

We often forget that the word “amateur” comes from the Latin amator, meaning to love. In fact, the individual citizens who participated in the revolution in Egypt could be called “amateur Egyptians”—lovers of Egypt.
In its definitions of amateur the Oxford English Dictionary includes “one who loves or is fond of,” but unfortunately the more common usage of the term differs from this meaning. The OED also defines amateur as “one who cultivates something as a pastime, as distinguished from one who prosecutes it professionally; hence, sometimes used disparagingly, as dabbler, or superficial student or worker.”
It is this second definition, a rather condescending view of amateurs as inferior dabblers, that often prevails in our culture. However, that has not always been the case. For example, the world of today’s professional scientist, shaped by peer-review journals and the priorities of funding institutions, would feel foreign to many early scientists. In fact, historically, many of these early scientists were simply curious amateurs - lovers of science.
O que está aqui em questão, são duas grandes dimensões, o ensino em banda larga por um lado, e a especialização por outro. Os primeiros anos da Universidade têm cada vez mais como função primordial o desenvolvimento de competências cognitivas de largo espectro, de forma a permitir que as pessoas possam depois definir-se em termos de rumo. Aquilo que um curso superior tem por obrigação garantir a um aluno, em 3 anos, é abertura e agilidade mental e uma boa dose de incremento cultural. Espera-se que o aluno com estes atributos se consiga encontrar, e consiga escolher o seu Elemento.


Nesse sentido, o que está em causa nas novas Tecnologias Criativas é o encontrar do Elemento. E o elemento só se encontra, quando encontramos aquilo que Amamos Fazer. As tecnologias criativas, possuem algo de específico, a que eu chamo de "conhecimento embebido". Ou seja, posso não saber ler uma pauta musical, mas consigo criar música, posso não saber programar mas consigo criar um jogo, posso não saber esculpir, mas crio um modelo tridimensional. O que está em questão é dar asas à imaginação de cada um, permitir que cada um se liberte e se realize na construção de várias experiências, que encontre a paixão para o seu acto de amadorismo. O que espero, é que esse encontro possa produzir na pessoa, algum tipo de transformação, não apenas emocional, mas mesmo identitária e social.

Entretanto se isto vos disser algo, aproveitem para submeter um artigo para o um número dedicado às Tecnologias Criativas, faltam apenas três dias para o final do prazo.

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