
Confesso que este género, pelo qual sempre tive uma atracção, nomeadamente com nomes como Carpenter, Craven ou Raimi decresceu um pouco na minha listagem de objectos a seguir, muito porque as técnicas de geração de suspense e tensão melhoraram bastante. Principalmente com o aparecimento da geração de cineastas asiáticos Hideo Nakata, Takashi Shimizu, James Wan ou os irmãos Pang. Houve uma total optimização na forma de comunicar o medo e desse modo os filmes mais recentes debatem-se mais com a produção de momentos de alta tensão do que propriamente na criação de histórias com capacidade para gerar o seu próprio universo mítico. Confesso que até há poucos anos continuava a nomear The Exorcist de 1973, como o filme mais impressionante na criação de medo, no entanto isso alterou-se. Ringu (1998), Gin Gwai (2002), Ju-on (2002), Saw (2004), Hostel (2005) conseguem superar The Exorcist. São filmes edificados sob um prisma de grande tensão e violência em que o universo filmado é muito restrito e tudo se adequa para que o fim seja optimizado na produção de grandes descargas de adrenalina por parte do espectador. Existe uma sensação muito semelhante ao efeito de montanha russa, na qual se sente prazer do medo provocado que coabita paralelamente com uma vontade de fazer terminar o mais rapidamente aquele momento de suposto prazer. Ou seja a emoção é despertada pelo interesse em saber, em conhecer, em ver o final atravessando todos e quaisquer obstáculos para lá chegar. A chegada é como uma prova de sobrevivência, uma prova de satisfação por ter ultrapassado, por estar intacto. Existe uma sensação de alívio com o desfecho do filme, pois apesar de sentirmos que é apenas um filme, a violência estética, formal é de tal forma bem trabalhada que não nos permite grandes espaços de fuga. Segundo a neurociência o adrenalina produzida durante a tensão, obriga o corpo a libertar um determinado conjunto de neurotransmissores que provocam uma enorme sensação de bem-estar (o tal alivio) em forma de fonte energética interior. Assim o medo, a passagem pelo efeito de medo é a curto-prazo compensatória biologicamente e desse modo acaba por funcionar adictivamente.

Assim como Disturbia, Vancancy consegue-nos transmitir enormes influências a Hitchcock, o que para mim resultou numa enorme lufada de ar fresco.
ResponderEliminarMomentos de tensão constantes ao longo do filme, desde os fabulosos créditos iniciais até poucos segundos antes daquele final longe de ser genial.
Um abraço!
Oi André
ResponderEliminarEu não estava a defender o modo como se dá o fechamento do filme. E até te dou, não é o melhor do filme, mas isso acho que se pressente a partir do meio do filme que o final nunca poderia ser genial.
***SPOILER*****
O que ali refiro tem a ver com o momento em que a Kate Beckinsale dispara sobre o assassino e este morre simplesmente. Ficamos num modo de tensão-stand by à espera que ele se levante novamente e ataque, essa é a convenção do filme de terror. O mal dificilmente controlado e terminado :)
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Quanto a Disturbia é interessante, mantém o suspense no ar mas só demonstra que Janela Indiscreta tem o valor que tem por ter sido o primeiro filme a levantar todas aquelas questões sobre a fenomenologia fílmica, sobre o acto da recepção fílmica. E era nisso que Hitchcock era brilhante, o desenvolvimento de todo um tipo de teorização cinematográfica levada a extremos que nos obrigavam a reflectir, mesmo utilizando pequenas histórias e pequenos artifícios de forma. E nesse sentido Disturbia fica muito aquém, apesar de conseguir manter o ritmo este é sempre muito superficial e pouco dado à reflexão especulativa sobre e que Hitchcock imprimia.
abraço