novembro 17, 2010

somos matéria, feita do tempo

Fiquei maravilhado com a talk acabada de publicar na TED, A Darwinian theory of beauty. É sobre ideias e pensamentos que me perseguem desde o meu doutoramento: emoção, arte, universalidade, cérebro, evolução... Denis Dutton é um reconhecido académico do campo da filosofia, mais precisamente da Estética e o que nos traz aqui vai contra todo o status quo do campo em relação à arte. Traz-nos uma ideia de que a Arte talvez não esteja sediada sobre a nossa cultura, mas antes que poderá não ser mais do que o fruto da evolução humana.

"Beauty is Nature's Way of Acting At Distance"
"We find Beauty in Something Done Well"

Isto é algo bem próximo do que tenho trabalhado nos últimos anos, no meu caso muito concentrado sobre a emoção, mas o que é a arte se não uma forma de estimular a emoção. A consideração do Belo, nada mais pode ser que a nossa interpretação da emoção sentida. E porque comecei a pensar desta forma? Por causa de Damásio e do O Erro de Descartes (1994). E não fui só eu, a academia toda tem andado num alvoroço com as constantes novas descobertas do campo das Neurociências. Algo que aos poucos vem ocupando territórios antes sagrados. Uma ciência que pretende por todos os meios descodificar de uma vez por todas o funcionamento do nosso frágil sistema pensante. Neste sentido a minha mais recente investida foi uma comunicação numa conferência de Sociologia.

Como seria de esperar grande parte da audiência, ficou a olhar para mim algo de lado, como me pude atrever a ir para uma conferência de Sociologia, de estudo dos efeitos dos actos do homem, dizer que afinal as emoções não dependem dos actos sociais, mas antes da evolução.

Também é verdade que tenho o livro de Denis Dutton no meu cesto de compras da Amazon já há alguns meses e tem ficado sempre para trás, mas agora é chegada a altura de o encomendar.


"Is beauty in the eye of the beholder? No, is deepen in our minds,
is a gift by our most ancient ancestors."


Actualização: 
Resenha do livro "Art Instinct" de 2009.

1 comentário:

  1. De todo este post despertou a minha atenção. Em primeiro lugar pela personagem que parece ser o Dennis. Caracterizado, pelo que me foi possível perceber neste momento (não conhecia),uma pessoa de ruptura com o standard. É neste ponto que a minha atenção se concentra nesta questão. Por outro lado, vivemos momentos de transição em todas as áreas da Humanidade: essencialmente em tudo que é comunicação. É um momento em que tudo que foi escrito está a ser posto em causa e também um momento em que a reflexão ocupa um lugar basilar em todo o meio académico. A ideia de que a arte pode ser causada pela necessidade humana de evolução através do seu instinto e emoções, ao contrário do que a sociologia defende parece ser um paradigma de todo mais comum com a minha interpretação do mundo. Um assunto a merecer toda a atenção.

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