Se a recepção online de Ruin foi unânime no aplauso, o mesmo já não se pode dizer de The Chase. A razão não está na qualidade técnica, porque ambos se equiparam bastante, mas antes no tema, e também na sua abordagem. E eu em certa medida também tenho de concordar com algumas dessas críticas.
O primeiro problema apontado, o design dos personagens. As senhoras parecem ter passado por um processo de rápido enchimento, o que acaba por retirar alguma credibilidade às personagens e por consequência ao filme. Interessante porque denota uma corrente estética oriunda dos videojogos, mas que estes têm vindo a procurar atenuar. Denota uma total aposta no público masculino, esquecendo o feminino.
Segundo problema, as marcas dos carros guiados pela quadrilha. É impossível não reparar na marca, e ficamos sempre na dúvida se isto não é um anúncio. A equipa diz-nos que não, que os carros tinham sido modelados para uma campanha anterior, e foram aqui apenas re-utilizados.
O terceiro problema, que julgo ser o que incomoda mais pessoas está na abordagem em função do espectáculo total, demasiado Michael Bay. Muitas explosões, e demasiada impossibilidade tudo em função do impacto visual.
Sobre estas três questões posso apenas dizer que o autor não me desmerece respeito, até porque o seu trabalho anterior mostrou já capacidades expressivas muito mais finas. Falo da tocante campanha Stop Pain (2011) realizada para a Pain Without Borders no ano passado, e que deixo aqui.
Finalmente, penso que The Chase é uma espécie de show reel das capacidades técnicas dos seus autores. E nisso é brilhante, não posso dizer menos. A perseguição e os choques são magníficos em termos cinematográficos, a composição visual feita com a câmara, a iluminação e a física usadas são magistrais. Podemos sentir uma mestria total no controlo visual de tudo o que é mostrado, todos os detalhes foram equacionados e trabalhados para expressarem um determinado impacto. O uso de diferentes parâmetros de profundidade focal e de diferentes objectivas garantem esse mesmo controlo e aumentam exponencialmente a expressividade dos planos. Em termos narrativos, nada de especial, mas o twist final não deixa de ser também interessante, daí a chamada de atenção "A story about the art of aging..."!
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