Esta curta nasceu de um projecto de estudante de Patrick Mccue e Tobias Wiesner no curso de Design da Academia de Nuremberga, Alemanha em 2009/2010. Os autores referem ter investido um ano de tese dedicado full time só à pesquisa e depois mais um ano e meio em part-time para finalizar o filme. Em termos de software foi utilizado Lightwave, Nuke, After Effects, e o plug-in para AE Trapcode Particular 2. A renderização foi feita via GarageFarm. Posso dizer que valeu a pena a transposição do texto para representação visual está muito bem conseguida, apesar de fortemente abstracta denota-se uma relação metafórica com as conexões cerebrais assim como com as interconexões digitais que vem de encontro ao tema do texto de Lem.
O texto de Lem, Golem XIV (1973), não é nenhuma novidade, o que interessa nele é sobretudo a forma como este o trabalha e apresenta. [**SPOILERS** Uma entidade nova surge a partir do desenvolvimento computacional, dotado de pensamento dedutivo e indutivo mas supostamente sem emocionalidade, passa a dar seminários no MIT para os humanos sobre as razões da nossa existência, enquanto novo ser consciente evolui aperfeiçoando a sua capacidade lógica até que deixa de nos compreender e conseguir relacionar-se com a irracionalidade humana. Nessa altura decide terminar a comunicação com os humanos, terá entrado numa espécie de autismo por ter acedido a um novo estádio de consciência incompreendido por nós, ou terá simplesmente entrado em autodestruição. **SPOILERS**].
"I think that as the years passed my impatience for conscientious and slow craft steadily grew. In order to turn illumination into narration one has to work very hard — on a quite nonintellectual level. This was one of the main reasons for taking this shortcut — from which these books emerged.
I tried to imitate various styles — that of a book review, a lecture, a presentation, a speech (of a Nobel Prize laureate) and so on. These experiences were ‘boxes’ that formed the stairs I climbed high enough in order to make Golem speak.”
Stanislaw Lem
Como dizia nada disto é novo, mas eu que que continuo a duvidar das teorizações de Kurzweil, começo por vezes a dar por mim a parar e a reflectir sobre essa possibilidade. E chego a pensar que este cenário poderá acontecer mais cedo do que aquilo que imaginamos, e que talvez a reposta nem sequer venha do lado da investigação em IA, mas antes do lado da análise e pesquisa em gigantescas bases dados, mais concretamente dos algoritmos da Google. É claro que todas estas minhas reflexões caem por terra quando vejo TED Talks como a de Alexander Tsiaras, Conception to birth - Visualized (se não conhecem, vejam vale todos os segundos). Quando percebemos a complexidade e a “magia” daquilo de que somos feitos, tudo o resto que entretanto conseguimos criar com as nossas mãos parece tão frágil e insignificante.
a singularidade está sempre a vinte anos de distância. a chegada é iminente mas sempre adiada.
ResponderEliminarexatamente isso, nem mais :)
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