Um documentário que põe em evidência o facto do raciocínio abstracto não ser o único importante, nem único capaz de gerar bem-estar, ou se quiserem riqueza. Aliás esta deformação do pensamento da sociedade está bem patente no final do filme quando o criador de componentes anatómicas para implantes hospitalares diz o seguinte,
"I remember one time, when some kids came to the studio, and they informed us that they thought we were very poor, because we were working with our hands."É isto que se ensina às crianças nas escolas clássicas, é isto que elas percepcionam quando o que está em causa em todo o processo de aprendizagem é apenas responder de forma correcta a meia dúzia de questões num exame escrito. O que elas não sabem, é que aquilo que estão a conceber como mundo, vai servir-lhes apenas se continuarem no mundo académico. No dia em que saírem da redoma de vidro protegida pelos muros das escolas, vão perceber o quão diferente é o mundo.
E é isto que é preciso que as pessoas compreendam. Que nem todos podem fazer o mesmo, porque simplesmente não são capazes. Uma designer de sapatos poderá ter dificuldade em interpretar os Lusíadas, assim como um matemático brilhante dificilmente conseguirá desenhar os componentes anatómicos necessários à reconstrução de corpos desfigurados todos os dias nas estradas nacionais.
Dizer que quem pensa abstractamente bem é mais importante do que quem constrói com as mãos, não é apenas um erro, é discriminatório e segregacionista.
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