Muito honestamente não conhecia John Baldessari. Apesar de achar uma certa "graça" à arte conceptual, nunca lhe reconheci grande valor, pela simples razão de que acredito que uma obra deve ser capaz de valer
per se. A minha perspectiva sobre a arte diz-me que ela deve ser,
essência, e como tal deve valer-se apenas de si e de tudo o que consiga estimular em seu redor.
Stonehenge (With Two Persons) Green, 2005 de John Baldessari
Além disso existe uma outra questão subjacente à arte conceptual que me incomoda, que é o facto se atirar mais em direcção ao académico e menos ao artístico. Ou seja, é verdade que as ideias subjacentes a muitas destas obras são de grande excelência, mas na maior parte das vezes são depois suportadas por técnica artística algo básica. Se percebo que o que se quer transmitir se pretende que esteja acima do artístico, e se pretende que não possa ser perturbado pela beleza do que esta possa transmitir, também é verdade que nos soa a algo básico em termos técnicos. Concluindo porque isto daria muita discussão, se alguém tem algo a dizer, mas tem dificuldade em exprimir essas ideias em formas visuais, sonoras, escultóricas ou outras então que o faça simplesmente em texto, em texto académico e depois debata com os seus pares. Agora criar um hibridismo no qual a técnica artística é na maior parte das vezes menosprezada em favor de uma ideia, de uma mensagem que se quer comunicar, parece-me pouco eficiente.
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The Spectator Is Compelled …, 1966–1968, (2004) de John Baldessari
Não quer dizer que esta não devesse existir, porque esta tem servido em muitos momentos da nossa história para criar a ruptura, o que é desde logo de extrema relevância. Mas não chega, pelo menos para mim!
Everything is Purged from this Painting, 1968 de John Baldessari
Quanto ao pequeno documentário criado para o Los Angeles County Museum of Art | LACMA por Henry Joost e Ariel Schulman, a dupla que já tinha feito o interessantíssimo documentário
Catfish (2010), é toda uma outra abordagem. São 5 minutos feitos num
mashup de imagens, quadros, textos, vozes, filmes antigos, tudo colado pela narração monumental de Tom Waits. Acredito que muitos como eu que não conheciam Baldessari o quererão conhecer depois de ver este brilhante trabalho audiovisual de Henry Joost e Ariel Schulman e Tom Waits. Um filme que tem muito pouco de conceptual e muito de artístico, de atenção ao detalhe estético, em que o filme se cola na perfeição às imperfeições da voz de Waits. Tanto Waits como este filme de Joost e Schulman têm muito pouco de conceptual, e isso não deixa de ser interessante, e estimulante à volta de tudo o que aqui discutimos.
A Brief History of John Baldessari (2012) de Henry Joost e Ariel Schulman
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