junho 26, 2009

Alice de Tim Burton

Foram reveladas, há dois dias, as primeiras imagens de Alice in Wonderland de Tim Burton que está marcado para estrear a 5 de Março de 2010. São verdadeiramente espantosas, todo um imaginário de Lewis Carroll aqui filtrado pela estética muito própria de Tim Burton criando toda uma atmosfera original, mais pesada e colorida, estranha e atractiva, criativa e tecnicamente perfeita. (Clicar nas imagens para ver em HQ).

Michael Jackson (1958-2009)

Andava eu na escola primária quando saiu Thriller (1982) provocando todo um furacão mediático da persona de Michael Jackson. Thriller foi responsável por muita coisa principalmente pela criação de uma verdadeira "máquina de promoção" capaz de chegar a todos os cantos do globo e por todos os media existentes, algo nunca antes realizado. Um investimento colossal em merchandising e principalmente num teledisco que criou todo um ícone. Thriller suporta-se num teledisco que não o era propriamente mas antes uma curta-metragem de 13 minutos realizada por John Landis, realizador do famosíssimo An American Werewolf in London (1981). O teledisco é lançado em Dezembro de 1983 e esse Natal marcará profundamente a viragem na indústria da música no que toca à sua adopção do meio visual para suportar as suas necessidades de distribuição. Nesse Natal recebi um poster de metro e meio com a imagem que podem ver acima trazida por uns tios do Luxemburgo. No centro da Europa e EUA o estrondo mediático fazia-se sentir mais fortemente do que em Portugal, um país recentemente saído de um ditadura de décadas. Não me esqueço do poster que me acompanhou durante muitos anos ainda que dobrado e arrumado ao fim de algum tempo, mas também não me esqueço da sua forma estonteante de dançar, do breakdance e do moonwalking.

Tudo isto foi há muito tempo, nos últimos anos o que sentia por MJ é bem descrito pelo colega Luís Santos com quem concordo integralmente. No entanto MJ acaba de se transformar em mais uma figura lendária entrando para a galeria da mitologia do entertainment americano ao lado de figuras como Marilyn Monroe, James Dean, Jim Morrison ou Elvis Presley.

junho 23, 2009

Brincar

Acabo de ver a conferência TED de Stuart Brown, do National Institute for Play, e mais uma vez me sinto em estado de flow com tudo o que ouvi. Nada de novo mas este assunto inspira-me e delicia-me. O acto de brincar é inato, vem pré-inscrito nos nossos cérebros e somente por forças de origem patológica não nos engajamos nesse acto. Brincar é algo intrínseco ao ramo dos mamíferos e como tal está fortemente enredado com todo o nosso sistema emocional e cognitivo.

Stuart Brown abre a conferência com um artigo de capa, Taking Play Seriously, da The New York Times Magazine, a revista de domingo do NYT, que eu comprei quando estive em San Diego em Fevereiro de 2008. Guardei esse artigo para preparar inicialmente um texto para o blog, acendendo ramificações que me pudessem despoletar vontade de perseguir o assunto num paper. Nunca cheguei a fazer esse texto por falta de tempo e pela imensidade de outros assuntos que nos absorvem por completo. Agora que vejo esta conferência, resolvi passar por aqui e deixar-vos não só a mesma mas também esse belíssimo artigo da NYT Mag.


Muitos em Portugal pensarão, hmmmm, aqui está a raiz de muito daquilo que o Eduquês defende. Mas é exactamente por isso que no final Brown é questionado sobre essa questão, sobre o facto de ele defender o brincar como essencial na aprendizagem e aí Brown acaba por fechar o discurso apenas defendendo a sua dama, esquecendo que a importância da sua dama representará o declínio de outras. Contudo uma coisa é de grande importância, a relevância que o acto de brincar tem para nossa sobrevivência é insubstituível. Poderíamos até dizer mas agora vivemos numa sociedade menos prática e mais intelectual. Ora o brincar não é apenas um acto prático, físico, de contacto é muito mais que isso é um acto social que nos ensina a "ser". Que é base sólida para o relacionamento interpessoal, intergrupal e até íntimo. É base da amizade, da partilha, da gestão de expectativas e de liderança, do amor pelo próximo.

junho 19, 2009

so beautiful

Aqui está o último capitulo da trilogia de Fumito Ueda, depois de Ico (2001), Shadow of Colossus (2005), agora The Last Guardian (TBA). O videojogo que finalmente me fará comprar a PS3, dada a tradicional exclusividade Sony.

junho 16, 2009

Saudek em movimento

Fate Descends towards the River Leading Two Innocent Children, Jan Saudek, 1970

Tadas Svilainis resolveu pegar no trabalho de Saudek e dar-lhe movimento. É um trabalho inspirador.
Short experimental movie about love, betrayal, death. The idea was to create animated film using photos by Jan Saudek. I scanned stills from photo album, cut images into layers with Photoshop and animate them in After Effects.


UPDATE 31.1.2011 Parece que o vídeo foi retirado deixo um link para o vídeo por outro acesso.

junho 15, 2009

comunicação visual interactiva portuguesa

Uma notícia que tinha visto há algum tempo e não consegui deixar aqui no blog, agora que encontrei uma excelente entrevista realizada pela digup.tv ao Manuel Lima, aproveito para deixar a notícia e ampliar a lista de bons exemplos portugueses. Desta vez trata-se de comunicação visual fortemente suportada na interactividade ao invés da audiovisual referenciada no post anterior.


Manuel Lima é autor do site Visual Complexity com o qual conseguiu o feito de ser nomeado pela revista americana CREATIVITY como "one of the 50 most creative and influential minds of 2009". Nesta lista aparecem nomes como Jeff Bezos fundador da Amazon; Sergey Brin e Larry Page fundadores da Google; David Axelrod e David Plouffe os cérebros por detrás da campanha online de Barack Obama; entre autores como David Fincher, David Byrne, Jean Nouvel, ou ainda os criadores de Little Big Planet para a PS3 ou de Braid para a Xbox; Carlos Ulloa criador de Papervision 3d entre outros.

Para Manuel Lima o seu trabalho representa
"Our ability to generate and acquire data has by far outpaced our ability to make sense of that data. Meaningful information is not a given fact, and particularly now, when our cultural artifacts are being measured in gigabytes and terabytes, organizing, sorting and displaying information in an efficient way is a crucial measure for knowledge and ultimately wisdom. This is where information visualization undertakes an important mission."
Licenciado em Design Industrial pela Faculdade de Arquitectura da UTL, Mestrado em Design & Technology, na Parsons School of Design de Nova Iorque é actualmente Senior User Experience Designer na Nokia's NextGen Software & Services baseada em Londres.

Vejam a entrevista concedida por ele à digup.tv e apreciem a visão de Manuel Lima.

comunicação audiovisual

Nesta manhã foi com surpresa que abri um link proporcionado pelo colega Luís Pereira a quem agradeço, para ver o filme A Thousand Words de Ted Chung. Dado o meu maravilhamento com a curta, o Luís passou-me ainda um outro link, Signs de Patrick Hughes. Fiquei aqui parado durante uns bons minutos a reflectir e a pensar no que tinha acabado de presenciar.

Outrora tínhamos apenas os canais dos festivais para aceder a estas obras, hoje a net veio revolucionar a comunicação e esta é cada vez mais audiovisual e menos textual. Hoje ser literado não significa apenas saber ler e escrever, mas ver/interpretar e também criar visualmente. A net outrora vista como a revolução da interactividade é cada vez mais um bastião de propagação do media que é ainda o mais capaz no contar de histórias, o audiovisual. Especialmente para os meus alunos espero que tirem ilações sobre o potencial narrativo do media e que sejam capazes de largar as amarras que os prendem ao texto para deixarem a imagem falar.

Deixo abaixo os dois filmes que me deliciaram nesta manhã e espero que desfrutem tanto como eu. Ted Chung esteve presente com este filme no Berlin Talent Campus de 2008 e no Pangea Day o festival organizado pela TED. Patrick Hughes preparou o filme para o Schweppes Short Film Festival.




A Thousand Words de Ted Chung





Signs de Patrick Hughes (ver em HQ)

junho 14, 2009

Well Played 1.0

Drew Davidson o actual director do Entertainment Technology Center na CMU acaba de editar pela ETC-Press, Well Played 1.0: Video Game, Value and Meaning sob licença da Creative Commons, ou seja o livro pode ser descarregado integralmente da web de forma gratuita. O livro apresenta leituras de jogos com o objectivo de criar uma literacia sobre o mundo dos videojogos.
This book is full of in-depth close readings of video games that parse out the various meanings to be found in the experience of playing a game. 22 contributors (developers, scholars, reviewers and bloggers) look at video games through both senses of “well played.”
The goal is to help develop and define a literacy of games as well as a sense of their value as an experience. Video games are a complex medium that merits careful interpretation and insightful analysis.
Os capítulos podem ser descarregados directamente nos links abaixo:

no comments

Werner Herzog, realizador de cinema

in Público 13.06.2009
"A solidão humana aumentará em proporção directa do avanço nas formas de comunicação"
original quote, in IMDB
"It is my firm belief, and I say this as a dictum, that all these tools now at our disposal, these things part of this explosive evolution of means of communication, mean we are now heading for an era of solitude. Along with this rapid growth of forms of communication at our disposal - be it fax, phone, email, Internet or whatever - human solitude will increase in direct proportion."

junho 05, 2009

Home de Yann Arthus-Bertrand


Estreia hoje mundialmente e em multiplataformas, Home, o filme de Yann Arthus-Bertrand. O filme trabalha sobre o seu trabalho fotográfico prévio, La Terre vue du Ciel, no qual fotografou grande parte do nosso planeta a partir do céu. É a primeira vez que uma longa-metragem estreia em tão grande número de plataformas audiovisuais: Salas de Cinema, Projecções de rua, DVD, Televisão (TV2), Youtube .


O filme realizado por Yann Arthus-Bertrand, foi produzido por Luc Besson e narrado pela conhecida actriz Glenn Close, foi filmado em alta-definição, em 54 paises, 120 locais diferentes e durante quase um ano (217 dias). O primeiro filme a providenciar uma perspectiva contínua do ar, mostra a nú toda a beleza e chagas do planeta Terra e serve o propósito de nos alertar para o que estamos a destruir no Dia do Ambiente Mundial.
O filme será projectado por baixo da Torre Eiffel em Paris, no Central Park em Nova Iorque e na Trafalgar Square em Londres. Estreia em 100 paises e em 23 linguas.

Deixo o trailer aqui abaixo, e vejam o filme já a seguir no YouTube. Se não puderem ver já, guardem o link e vejam nos feriados que se aproximam. É um hino à natureza e ao que podemos ser. A ver obrigatoriamente por nós e pelos nosso filhos.

Steven Johnson no Twitter na Time

Uma brincadeira realizada pela Time sobre um texto de Steven Johnson para a Time sobre o Twitter que acaba na front page a demonstrar a velocidade a que rodam as coisas no mundo Tiwtter.
Não sou defensor da ferramenta, mas que está no seu auge, não há qualquer dúvida. (Já para não falar no Iphone que aqui aparece publicitado de forma indirecta, mas que é também grande responsável por muito do sucesso do Twitter.)

[a partir de setvenberlinjohnson.com]

junho 03, 2009

uma cultura, e uma arte portuguesas

Do que pude ouvir no MySpace só posso dizer que fiquei literalmente apaixonado pela nova banda portuguesa Sean Riley & The Slowriders. São um hino ao modelo canção, uma surpresa tal como foi Rita Redshoes, aqui menos pop, mais melancólico, mais profundo. Sean Riley encaixa-se na linha de Tindersticks, a dar laivos de melancolia de Tom Waits e Leonard Cohen e a encaixar numa sonoridade de Nick Cave. Para o Blitz nada menos que 5/5, "...não deixa de surpreender o fôlego e a coesão quase conceptual do novo Only Time Will Tell...Um disco exemplar e apaixonante”. Realmente ouvir esta banda é uma fonte de inspiração interminável e dá-nos vontade levitar, de lutar e viver, de sermos mais capazes de sermos criadores, seja em que área nos movamos, musica, cinema, videojogos, pintura. Por favor criem, criem mais, muito mais, façam deste um país criativo e criador (escrito enquanto ouvia Harry Rivers).

Sinto Portugal a mudar e a evoluir musicalmente, veja-se também o último trabalho de Rodrigo Leão, A Mãe (2009). Aliás julgo que devemos nos dar por muito contentes porque no nível cultural o nosso país têm sentido os efeitos de um aumento dos níveis de formação que permitiu às pessoas aceder a níveis superiores de cultura e desse modo produzir também a outros níveis. No cinema tivemos João Salaviza aqui há dias em Cannes com uma marca portuguesa que não é aquela que nos quiseram vender nos últimos anos, é uma marca embebida de cultura global, capaz de sair da casca e chegar ao íntimo de nós. Para que serve a arte, se não para nos penetrar e fazer estremecer, é disto que fala a emoção humana, e a arte é emoção antes de cognição. Ainda no campo da cultura temos casos como Sofia Escobar nomeada em Inglaterra para Best Actress in a Musical pela sua performance no 50º aniversário de produção do musical West Side Story. No design tivemos já estampas de portáteis da HP com a ilustração nacional, tivemos videoclips dos Incubus, tivemos protótipos da Peugeot, tivemos All-stars converse. A evolução no mundo do stand-up comedy, do qual não sou particularmente fã, também não é alheia a esta evolução decorrida no nosso país.

Muitos mais exemplos teriamos para colocar aqui, mas realmente não tenho aqui nenhuma lista e estes foram apenas os que me lembrei. Vou tentar trazer para aqui esses caso doravante e já agora peço-vos que deixem outros exemplos nos comentários.

maio 25, 2009

comunicação visual digital

Scott McCloud é um autor de reconhecido valor na área dos estudos de banda desenhada (comics). As suas maiores faculdades estão na forma como ele é capaz de categorizar e re-categorizar o mundo, de o assimilar e de o etiquetar e ao mesmo tempo de justificar com um forte argumentário, plausivel e inovador. McCloud é alguém particularmente dotado na área da comunicação visual e por isso faz todo o sentido dedicarmos algum tempo a ouvi-lo nesta conferência TED, mas não só, a lê-lo nos seus livros.
Nesta conferência o ponto que mais me impressionou foi o modo como ele apresentou a passagem da banda desenhada impressa (print comics) para os novos media digitais e interactive (web comics). Dois conceitos são verdadeiramente importantes e a reter, o momento em que ele fala da adição de som e movimento aos quadros desenhados, a ruptura que esta adição provoca na continuidade temporal. E em segundo lugar a perspectiva do monitor não como uma folha de papel, mas antes como uma janela, algo de que André Bazin falava embora enquanto objecto de realismo.
Desta apresentação ficam ainda as 4 prioridades de McCloud,
Learn From Everyone
Follow No One
Watch for Patterns
Work like Hell

maio 24, 2009

um dia feliz para Portugal

É a primeira vez que um filme português consegue tal feito, a curta-metragem Arena de João Salaviza ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2009.
Depois de ganhar o grande prémio no Indie Lisboa 2009, no início deste mês, foi agora a vez desta produção da Filmes do Tejo ganhar no mais importante festival de cinema do mundo. O filme fala-nos de: "Mauro vive em prisão domiciliária. As tatuagens ajudam-no a queimar o tempo. Três putos do bairro aproximam-se da sua janela. Lá fora, o sol bate com a força do meio-dia". Sobre o filme João Salaviza, com 25 anos e o curso de cinema inacabado, escreveu um statement que se transcreve a seguir,
"What interests me more than capturing the transformations a place might undergo, is the tension that builds in the moments where nothing changes. The lead in “Arena” is restricted by limitations of both space and time. By filming Mauro in home confinement I was faced with the situation of a man with nowhere to go. I followed through with that idea from the script to the editing.
With the rule that no shot would prefigure the protagonist’s trajectory, nor suggest to him paths he simply could not see. That is right for someone who lives in a house with bars on the windows, and who secretly hopes that things will change by themselves. "
Não podemos ver o filme mas podemos ver bocados entrecortados com uma entrevista ao João Salaviza, no trabalho realizado pelo programa da RTP Fotograma,



Quero apenas aqui a deixar bem frisado que esta é a primeira vez que Portugal ganha tal prémio. A razão para eu frisar esta situação é dupla, por um lado porque é importante, mas por outro para se perceber de uma vez por todas que o cinema português dito de qualidade que não agrada ao público português mas que "vende bem em festivais internacionais" cai aqui por terra. Manoel de Oliveira ganhou apenas no ano passado uma Palma de Ouro mas atribuída pela carreira (Lifetime achievement award for his work), não por um trabalho em particular em concurso regular, uma espécie de doutoramento Honoris Causa.

Ainda sobre os Prémios Cannes2009, Michael Haneke leva pela segunda vez a Palma para a longa "Das Weisse Band".

o futuro da comunidade


Eurodeputada vai a sessão de votação no parlamento europeu com o bebé

Um exemplo do que deve ser uma comunidade que vive em harmonia e permite que as mulheres possam realizar a sua carreira sem que para isso tenham de sacrificar a maternidade. Neste caso temos claramente um comportamento escandinavo a procurar afirmar-se no seio de uma comunidade onde ainda se olha para os bebés como um estorvo e não como algo bom para toda a comunidade.

[a partir de El País]

maio 21, 2009

João Bénard da Costa (1935-2009)

Play the guitar
Play it again, my Johnny
Maybe you're cold
But you're so warm inside
I was always a fool
For my Johnny
For the one they call Johnny Guitar
Play it again, Johnny Guitar

What if you go
What if you stay
I love you
What if you're cruel
You can be kind
I know

There was never a man
Like my Johnny
Like the one they call Johnny Guitar

There was never a man
Like my Johnny
Like the one they call Johnny Guitar
Play it again, Johnny Guitar

Johnny Guitar de Peggy Lee faz parte da banda sonora do filme Johnny Guitar (1954) de Nicholas Ray, o filme da vida de João Bénard da Costa.

maio 19, 2009

IAMCR 2010

“IAMCR’s Executive Board and International Council have selected the University of Minho, Braga, Portugal to host IAMCR’s 2010 conference. Proposed dates are from 18-22 July, 2010. More details about the Portugal conference will be announced during this year’s conference in Mexico”

maio 18, 2009

Cannes 2009 - Antichrist

A primeira polémica de Cannes 2009 já rebentou e temos como actor principal o repetente e inigualável Lars Von Trier. Vale a pena ver a press conference dada ontem imediatamente a seguir à projecção em Cannes de Antichrist.

À provocação de Antichrist, reagiu um jornalista do Daily Mail que questionou frontalmente e exigiu mesmo uma resposta de Von Trier no sentido de explicar o porquê de ter realizado este filme - “explain and justify why you made this movie”.

Um momento inquietante em que se sente um Lars tímido e introvertido à procura de palavras. E o mais interessante é que o que ele diz tem pouca ou nenhuma relação com toda a sua linguagem não-verbal.
"I don't have to justify myself... I make films and I enjoy very much making them... You are all my guests, it's not the other way round... I work for myself and I do this little film that I'm now kind of fond of and I haven't done it for you or the audience so I don't feel I owe anyone an explanation.
It’s the hand of God... And I am the best film director in the world. I’m not sure if God is the best God in the world.”
Julgo que Von Trier deixa bem explícito aqui o que é o cinema arte e como este se distingue do cinema de entertainment. O trailer mostra pouco das tão badaladas "blood spurts, bones are broken, genitals are mutilated..."



Nas notas de produção Von Trier deixou a seguinte afirmação: "I can offer no excuse for 'Antichrist' ... other than my absolute belief in the film -- the most important film of my entire career!"

Vamos aguardar para ver.

maio 16, 2009

voando dentro da acção

Aqui há dias deixei aqui um post sobre a nova TV da Philips 21:9, ou seja 2.35, ou seja cinemascope puro. Agora trago o spot publicitário desenvolvido para o media online apenas e o seu making-of. O spot tem cerca de 2 minutos e está impressionante. Mais uma vez usa-se uma técnica que permite ver a realidade a partir de um ângulo impossível. E neste caso já até já conhecemos a estética, que vem do conhecido efeito Matrix, mas aqui o efeito prolonga-se temporal e espacialmente o que obriga a toda uma diferente abordagem e nos interroga. Aconselho vivamente a verem o filme no próprio site da Philips.



Ouvindo a entrada do making-of dizer que participou no desenvolvimento do spot, uma equipa de mais de 100 pessoas (ao contrário do anterior filme que aqui apresentei praticamente concebido por apenas uma pessoa), 3 gruas, 3 dias de rodagem e 5 dias de pós-produção tudo para construir uma publicidade a um novo ecrã que terá dificuldade de penetrar as massas e ainda para mais em ambiente online apenas, é impressionante.



No making-of tiramos as dúvidas e percebemos como foi conseguido, também graças a uma técnica usada extensivamente em matrix que passa por suster os actores através de fios e no final eliminar os fios. Mas uma parte do truque que gostei de ver foi o facto de filmarem com e sem actores para depois poder sobrepor e assim gerar um maior efeito de "estaticidade", e que se sente na visualização.

maio 11, 2009

Sebastian's Voodoo

O trabalho que aqui vos trago foi-me enviado pelo João Martinho a quem agradeço a colaboração. Sebastian's Voodoo de Joaquin Baldwin é um trabalho audiovisual com componente 3d, de qualidade magistral.

Começando pela forma, temos um belíssimo trabalho de character design conseguido com os bonecos de voodoo, tanto pela sua estética, o uso da textura de saco de pano e a sua animação gerada toda com grandes contornos arredondados, ao modo como se expressam sem falar, o modo como nos contagiam e nos fazem construir empatias é muito bem conseguido. Em segundo lugar a atmosfera, toda ela do início ao final está perfeitamente desenhada, desde o humano do qual não conseguimos ver o rosto, ao detalhe final da porta aberta e a entrada de luz é excelente. Por fim a narrativa, que em minha opinião é o que lidera todo o conjunto de forma muito coerente e consegue todas aquelas emoções nuns míseros 3 minutos e meio. Desde a caracterização dos personagens, à construção da interacção entre eles e com o "inimigo" até à criação de suspense, ou seja de retenção e libertação de informação nos momentos chave, conseguindo ainda com isso elevar o personagem de "um entre muitos" a herói. A música não sendo algo brilhante, enquadra bem a atmosfera remete para os ritmos africanos do voodoo e funciona em plena harmonia com as necessidades da narrativa.

Vejam porque vale a pena ser visto e revisto, e diria até que para os meus alunos que seguem este blog vejam várias vezes este filme porque têm aqui muito para aprender. E já agora, não que alguém me tenha pedido mas porque sinto que o merece, votem no filme no YouTube. O filme está a participar num concurso organizado pelo National Film Board of Canada, com o Cannes Short Film Corner em parceria com o YouTube e os votos serão contabilizados apenas até ao dia 20 deste mês.

maio 10, 2009

Today I Die

Daniel Benmergui acaba de publicar o seu terceiro videojogo arte Today I Die, depois de Storyteller e I Wish I Were the Moon. É um jogo independente e experimental/artístico, aposta no puzzle/enigma com uma base lógica de poema. Esteticamente usa o pixel art como suporte que em conjunto com a sonoridade nos transporta para ambientes Amiga dos anos 80.


A entrada no jogo pode não ser fácil para alguns, mas vale o esforço. A resolução dos puzzles visuais vai-nos transportando para dentro do poema que através dos seus verbos nos vai fazendo sentir cada vez mais parte daquela atmosfera. Sendo simples, consegue ser emotivo e deixar a sua marca.

Veja-se também o modelo de donativos desenvolvido pelo criador para suportar a criação do jogo.

o design

Danny Outlaw publicou recentemente uma lista de 50 Citações Inspiradoras sobre a Arte e Ciência do Design. Das 50 seleccionei 9, aquelas que mais se enquadram na minha definição de design e ao mesmo tempo definem o meu modelo ideal de trabalho.
Milton Glaser
To design is to communicate clearly by whatever means you can control or master.

Jim Jarmusch
Nothing is original. Steal from anywhere that resonates with inspiration or fuels your imagination. Devour old films, new films, music, books, paintings, photographs, poems, dreams, random conversations, architecture, bridges, street signs, trees, clouds, bodies of water, light and shadows. Select only things to steal from that speak directly to your soul. If you do this, your work (and theft) will be authentic. Authenticity is invaluable; originality is nonexistent. And don’t bother concealing your thievery - celebrate it if you feel like it.

Steve Jobs
Design is not just what it looks like and feels like. Design is how it works.

Nolan Bushnell
The ultimate inspiration is the deadline.

John Maeda
If there were a prerequisite for the future successful digital creative, it would be the passion for discovery.

Freeman Thomas
Good design begins with honesty, asks tough questions, comes from collaboration and from trusting your intuition.

Massimo Vignelli
I see graphic design as the organization of information that is semantically correct, syntactically consistent and pragmatically understandable.

Erik Adigard
Design is in everything we make, but it’s also between those things. It's a mix of craft, science, storytelling, propaganda, and philosophy.

Paul Rand
It is no secret that the real world in which the designer functions is not the world of art, but the world of buying and selling.

maio 09, 2009

literacia dos videojogos

Foram disponibilizadas as contribuições resultantes da conferência organizada em Faro no passado mês de Fevereiro pelo projecto europeu EUROMEDUC sobre a Media Literacy and the Appropriation of Internet by Young People, e que podem ser consultadas aqui.

Participei nesta conferência enquanto especialista de tecnologia e ludologia e desse modo a minha participação resumiu-se mais a um papel de observador e sintetizador de ideias. Nesse sentido o trabalho dos especialistas será apenas editado aquando da conferência final a decorrer no mês de Outubro em Itália. Para já deixo a ideia de que a literacia dos media tem ainda um longo caminho a percorrer tanto na identificação dos seus alvos, jovens ou adultos, e na sua definição e operacionalização no que toca ao desenho de uma literacia de análise ou de produção, de e/ou para os media.

i para o seu público

Comprei o primeiro e segundo números do jornal i e posso dizer que fiquei bastante satisfeito, por variadas razões.

1 - A leveza do espectro informativo que em minha opinião se deve há ausência das famigeradas categorias já tão tipificadas pelos jornais comuns.

2 - A componente gráfica que lhe confere uma identidade própria. Baseada em formatos de revistas ou outros, o que é irrelevante, até porque original original só Adão e Eva.

3 - O editorial é honesto e fala com o "seu" público à semelhança dos spots que vão passando no rádio.

4 - Nota-se uma clara aposta no modelo opinativo que não é camuflado por entre as notícias mas assume o primeiro plano conferindo ao jornal um modelo menos hermético, menos veiculado pelo fluxo jornalístico e mais pela opinião da enorme quantidade e acima de tudo diversidade de pessoas da sociedade que ali imprimem a sua visão.

5 - O excelente spot rádio diz muito sobre o jornal. Sinto uma identificação completa com o factor de estar saturado de tanta informação, que na maior parte das vezes pouco ou nada diz e que se acotovela para nos entrar pelos sentidos adentro. Tenho em muitos momentos, que cada vez se vão prolongando mais no tempo, deixado deliberadamente de comprar jornais e ver telejornais, por pura saturação. A quantidade, a agressividade e a homogeneidade de conteúdo e forma deixam-nos cada vez mais imunes ao apelo dos arautos da informação.

Quanto ao que menos gostei. Essencialmente não gostei, ou melhor, fez disparar um alerta dentro de mim, sobre um facto que se adensa cada vez mais na sociedade portuguesa. A subserviência à cultura americana. Respira-se demasiado EUA no jornal, como vai acontecendo um pouco por todo o lado em Portugal. Isto é representativo da mudança da bússola cultural nacional que mudou nos últimos 10, 15 anos a agulha da França para os EUA. Gostaria de ler trabalhos sociológicos sobre este facto, o que está por detrás do mesmo, porquê tanto seguidismo dos padrões americanos. Agora que pertencemos a uma identidade cada vez mais realizada do cidadão Europeu estranho que o nosso quotidiano se permita ser trucidado desta forma agressiva.

Ao contrário de outros colegas, não gostei particularmente do sítio, fica muito aquém do jornal. Mas não me choca, o facto de existir desde o primeiro número é muito bom e terá a seu tempo capacidade para se ir autonomizando e ganhando vida própria. Não esqueçamos que são dois projectos o jornal papel, e o jornal digital. Uma boa parte da imprensa aposta de forma superficial na rede, e os que o fazem com qualidade levaram anos a consegui-lo. São muitas as revistas que saem para o mercado sem sítio no primeiro mês e até muitos meses depois. É um investimento paralelo que claramente deve ser racionalizado em tempo de contenção em função do sucesso que o jornal papel possa atingir. Mas pelo menos sabemos que existe um interesse claro em seguir por aí.

Quanto aos críticas dos meus colegas jornalistas e académicos do jornalismo (1, 2, 3) tenho apenas a dizer que claramente este não é um jornal para vós. Deixem-nos desfrutar de algo que se apresenta com uma nova visão e ideia da realidade.

maio 06, 2009

da genialidade à banalidade

Mais um mito derrubado. Passados quase 120 anos, e após 10 anos de pesquisa, os historiadores Hans Kaufmann e Rita Wildegans vêm demonstrar, no livro In Van Gogh's Ear: Paul Gauguin and the Pact of Silence, que o mito que relatava o facto da genialidade/loucura de Van Gogh o ter levado a cortar a própria orelha para a poder desenhar com maior exactidão, nunca passou disso mesmo, de um mito.
Segundo consta nestas recentes descobertas o responsável terá sido Gauguin que num acesso de raiva ou defesa terá cortado a orelha a Van Gogh. Para que Gauguin não fosse preso Van Gogh terá omitido esse facto.

tipografia em movimento


F is for FAIL de Brent Barson

F is for Fail is a short film about the creative process, and the failure we always encounter, but usually overcome. Told using the alphabet, each letter informs us of the state of the protagonist's creativity/state of mind. Each letter has two words associated with it (except A and Z); sometimes the positive word overpowers the negative word, and vice-versa.
Typographic footage was converted and exported one frame at a time. No filters or plug-ins!
Creative direction, design, and animation by Brent Barson.
Music by Micah Dahl Anderson. Oscar-caliber acting by Jon Troutman.

maio 04, 2009

videojogos arte

Okami de Hideki Kamiya (2006)

Interessante artigo, The Path For Art Games, de Leigh Alexander no Kotaku sobre novas abordagens estéticas no campos dos videojogos.
Audiences constantly demand video games fight familiar boundaries. We're sick of the same old, same old. We want creativity, artistic integrity, elegance and depth–or do we? Do players know what they're asking for when they look for "more" from games? And if this is really what we want, then what's with the mixed reception–both cultural and economic–when we get it?

maio 03, 2009

no comments

Desemprego atinge 20 milhões na UE
Jornal de Notícias - 2009/05/01

A revolta do desempregado contra a popular Rainha
Diário de Notícias - ‎2009/05/01‎

Salários dos gestores: A crise não é para todos
Visão, 2009/04/30
"O número é gordo: 810 891 euros. Foi este o salário médio que cada administrador executivo, de dez das maiores empresas portuguesas cotadas em bolsa, ganhou ao longo de 2008. Um rendimento 136 vezes superior ao de uma pessoa que tivesse auferido o salário mínimo em vigor durante o mesmo ano. Veja as contas: 14 meses x 426,5 euros = 5 971 euros. E um português que ganhe um salário médio estimado em torno dos mil euros necessitaria de duas vidas para conseguir um rendimento igual ao que um daqueles gestores aufere num ano."

maio 01, 2009

Livro de notas



Noteboek de Evelien Lohbeck

Noteboek consiste segundo a sua autora, Evelien Lohbeck, numa tentativa de confundir a realidade, no desafio da ilusão e expectativas. Filme realizado como projecto de fim de curso. Evelien cria aquilo a que eu chamo de ilusões sobre simulações do real.

abril 28, 2009

Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos

Criada há cerca de mês e meio é a partir de hoje possível realizar a admissão como membro à Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos.

Tem como objectivo maior a Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos, fomentar por si, ou em colaboração com as Universidades ou outras Instituições públicas ou privadas, nacionais e estrangeiras, que se dediquem ao estudo e desenvolvimento de videojogos, a realização de seminários, colóquios, congressos e outras actividades que tenham por objectivo aumentar o conhecimento e o nível científico dos associados na área dos videojogos.

revista, 3d Artist

O mês passado trouxe de Inglaterra a nova revista de 3d, a 3d Artist. Na altura fiquei de colocar aqui um pequeno texto com a referência à nova revista, mas o tempo é escasso e nunca mais me lembrei. Aliás o mesmo se passou com a nova revista portuguesa de videojogos SMASH!. No entanto ontem quando passava pela Bertrand vi a revista e hoje voltei a passar os olhos por ela. Tudo para vos dizer que vale o investimento, depois de a ter lido quase de ponta a ponta, ainda sinto prazer folhear as suas páginas cheias de cor e arte. Claramente que é um número um e deve fazer tudo para nos cativar, vamos ver se assim continua. Deste número destaco três artigos muito interessantes:

- Kieron Helsdon - É muito interessante perceber a evolução e percurso de um conceituado artista 3d.

Designing the future, de Brutsblueder Design

- Brutsblueder Design - Ver a fusão e integração de todas as tecnologias de criação de imagem com o objectivo de gerar o melhor efeito final.
- Inside the Blender Foundation - Perceber em maior detalhe de onde veio o Blender e os perigos que já correu.

E dos tutoriais o do Tot Rod (imagem acima) de Lance Hitchings desenvolvido segundo a estética Pixar.

Deixo uma última dica de Leo Santos do Blur Studio para estudantes, que resume bem as teorias de fundo sobre criatividade.
"they need to learn the basics. They need to learn timing, acting, staging... they need to branch out and watch films they would never have watched before, read books that stimulate new ideas, study drawing, comics, videogames, even TV. They need to know what makes a work of art timeless, but also makes it work for today's audiences."

abril 22, 2009

Videojogos 2009

26 e 27 de Novembro 2009
Universidade de Aveiro, Portugal
http://www3.ca.ua.pt/videojogos2009

A Conferência de Artes e Ciências dos Videojogos é um evento multidisciplinar, procura contribuições de diferentes áreas do conhecimento, desde a arte, desenho e narrativa de jogo, a aspectos da sua computação, bem como o estudo a teorização e a reflexão crítica sobre as práticas e aplicações no mercado e na indústria. A conferência procura submissões originais, de qualidade, encorajando a participação quer da indústria de videojogos, quer da comunidade académica.

Datas

Submissão Full Papers: 26 de Junho, 2009
Submissão Short Papers e Demos: 3 de Julho, 2009
Notificação de aceitação: 24 de Julho, 2009
Conferência: 26 e 27 de Novembro, 2009

Deixo aqui o apelo a todos quantos se interessam pela temática e áreas afins, devem preparar e submeter artigos à conferência.

mundos paralelos?!

"The Holy Grail of current exoplanet research is the detection of a rocky, Earth-like planet in the 'habitable zone,'" said Michel Mayor, an astrophysicist at Geneva University in Switzerland.
A descoberta agora anunciada de Gliese 581 e levanta imensas questões sobre "nós". Realmente desde Galileu que não se faz nenhuma descoberta que coloque em causa de forma radical, a origem da vida enquanto concepção religiosa. Mesmo o trabalho de Darwin que vai ao fundo do nosso âmago não teve esse impacto porque primeiro trata-se de uma questão com alguma complexidade e que por isso não passa directamente para as massas e segundo porque a sua comprovação não é ainda total, abrindo margem para a especulação em torno do que recentemente se convencionou de Intelligent Design.

A descoberta de um sistema "semelhante" é algo com o qual continuamos a sonhar e que quer queiramos ou não, faz todo o sentido. Ainda que as semelhanças, sejam isso mesmo, apenas semelhanças. A verdade é que a questão dos "únicos" faz muito menos sentido.

abril 21, 2009

Computation of Emotions in Man and Machines I

"Charles Darwin highlighted the importance of emotional expression as part of human communication. Advances in computer technology now allow machines to recognise and express emotions, paving the way for improved human-computer and human-human communications."

Estou a colocar este texto no blog a partir do congresso Computation of Emotions in Man and Machines que decorreu ontem e decorre ainda hoje, na The Royal Society em Londres e no qual participo apenas como Participant.

Como já várias vezes foi referido neste congresso, parece que estamos num concerto de rock stars da ciência das emoções. O que é verdade, julgo estarem cá todos os grandes nomes: Simon Baron-Cohen, Cynthia Breazeal, Jeffrey Cohn, Roddy Cowie, Paul Ekman, Chris Frith, Ursula Hess, Kristina Hook, Maja Pantic, Catherine Pelachaud, Rosalind Picard, Klaus Scherer, Mel Slater. Acrescentaria a esta lista apenas três nomes, que acredito terem sido convidados e não poderem comparecer: Damásio, LeDoux e Frijda.


Como decorre neste momento a apresentação de Simon Baron-Cohen, farei aqui apenas uma pequenina resenha do dia de ontem e espero voltar a tudo isto num próximo post ou num artigo que estou a preparar para a ESA2009.

Ontem o Paul Ekman abriu o congresso de uma forma verdadeiramente profunda, fazendo uma contextualização de todo o processo de escrita de The Expression of the Emotions in Man and Animals (1872). Depois tivemos Chris Frith que nos falou sobre o efeito "flash eyebrow". Por sua vez o Klaus Scherer procurou definir um novo modelo da emoção mais capaz de ser traduzido para a computação. E finalmente a Kristina Höök deu um show de emoção apresentando dois protótipos do seu laboratório de interactividade o eMoto e o Affective Diary. De tarde tivemos o Jeff Cohn a falar sobre os avanços da visão por computador, seguida da Ursula Hess que aprofundou as temáticas das relações sociais e a emoção.

Fica aqui o link para o programa completo, para poderem ver o que está a decorrer neste momento.

Londres, 21 Abril 2009

abril 19, 2009

J.G.Ballard 1930-2009

Morreu hoje J.G.Ballard escritor que considerava escrever livros não sobre Ficção Científica mas sobre "picturing the psychology of the future".

Ballard foi responsável pelo romance por detrás de filmes como Império do Sol (1987) de Spielberg ou Crash (1996) de Cronenberg

abril 18, 2009

Pirate guilty

"Just minutes ago the verdict in the case of The Pirate Bay Four was announced. All four defendants were accused of ‘assisting in making copyright content available’. Peter Sunde: Guilty. Fredrik Neij: Guilty. Gottfrid Svartholm: Guilty. Carl Lundström: Guilty. The four receive 1 year in jail each and fines totaling $3,620,000." [TF]]

And the answer is already in the website:

"Don't worry - we're from the internets. It's going to be alright. :-).
So, the dice courts judgement is here. It was lol to read and hear, crazy verdict.
But as in all good movies, the heroes lose in the beginning but have an epic victory in the end anyhow. That's the only thing hollywood ever taught us."

Watch the press conference here.

abril 17, 2009

the Mill e Cinema4d

A empresa criativa inglesa The Mill recebeu o prémio para Outstanding Matte Paintings in a Broadcast Program or Commercial, pelo trabalho de Fx no episódio Silence in the Library da série Doctor Who, no 7th Annual Visual Effects Society.

O trabalho foi realizado com recurso à plataforma Cinema 4d, a plataforma recentemente eleita para ser utilizada como base de trabalho 3d no Mestrado em Audiovisual e Multimédia da UM.

To achieve the realism required, The Mill turned to the new Global Illumination (GI) render engine in Cinema 4D...

According to The Mill’s Lead Matte Painter, Simon Wicker, CINEMA 4D and its Advanced Render 3 module played a vital role in the creation of the episode. "The results were amazing,” says Wicker. I could render a 175 frame camera animation at wides-creen PAL resolution overnight on a Mac Pro without a trace of GI flicker. Without that, these shots would never have been completed on time. Cinema 4D has always been bulletproof for my work." [in CGW]

abril 15, 2009

artista de Motion Graphics

Nick Campbell, editor do blog GreyScaleGorilla responde a estudante, como se chega a Criador Criativo, artista de Motion Graphics numa das mais interessantes empresas criativas do planeta, a Digital Kitchen. Interessante ver a sua visão sobre a Universidade, sobre o que aprendeu sozinho e as aulas a que gostaria de não ter faltado quando era estudante. Ficam as perguntas e o vídeo com as respostas.
* How did you get started in animation??
* Where did you go to college??
* Was it worth it??
* What were your first thought when graduated??
* Did you have any idea where you were going when you got out of college??
* Is it any surprise to you that you are where you are now??
* Do you like where you are now??
* You seem to have alotta time to experiment, how much of that is at work or directly related??
* How much time do you usually put in at work per week??
* How do you keep from getting burned out??
* When you are looking to hire do you do that per project??
* Do you look for people who are specialized in one area? Or do you find generalists to fit the bill??
* Does it really come down to working really hard and applying for jobs and getting them eventually over time??





Fica o link para o filme que Nick Campbell refere como o momento do click para entrar na área Motion Graphics - MK12 - Man Of Action.

abril 12, 2009

Citizen Zelda, uma estética

Para quem ainda tinha dúvidas, aqui está uma prova esclarecedora. A revista EDGE promoveu para o seu nº200 uma listagem dos 100 Melhores Jogos para Jogar Hoje.
With another Edge anniversary comes another deliberation over the best games of all time.‭ ‬But we didn’t want to think about the indisputable classics all over again.‭ ‬This time we wanted to make it personal by asking the question,‭ ‬if you had every game ever made at your fingertips,‭ ‬which would we play right now‭? ‬What are the games,‭ ‬shorn of nostalgia and presumption,‭ ‬that we would actually want to spend time playing‭?
Ou seja não estamos mais a falar daqueles momentos que marcámos na nossa memória e que guardámos para contar aos nossos netos. Estamos a falar de uma listagem que apresenta o desejo de voltar a jogar. Se no cinema esta questão não é muito relevante, apesar de ter as suas semelhanças (preto&branco; mudo, etc.), a verdade é que à velocidade que as tecnologias têm feito evoluir o carácter dos jogos seria natural que os primeiros lugares fossem ocupados pelos jogos que mais têm aliciado as pessoas nos últimos meses. Surpreendentemente, e apesar de se apresentar recheada dos exemplos mais recentes como Call of Duty 4 ou World Of WarCraft, no topo da lista e em primeiro lugar está nada mais que The Legend Of Zelda:‭ ‬Ocarina Of Time (1998).


A importância desta escolha não está na surpresa mas sim no que representa para a Arte dos Videojogos. Não devemos ter mais qualquer dúvida em pensar os videojogos como arte, nem devemos ter mais qualquer dúvida em localizar marcas estéticas de ruptura. Está localizado o Citizen Kane dos videojogos e dá pelo nome de The Legend Of Zelda:‭ ‬Ocarina Of Time. E não podemos deixar de dizer que Orson Welles encontrou alguém à sua altura na mestria da criatividade e genialidade, Shigeru Miyamoto.

Espero voltar ao assunto de Zelda, Mario e Miyamoto num artigo a submeter à conferência portuguesa deste ano das Ciências dos Videojogos.

abril 09, 2009

comunicação visual III

Ao ver mais esta apresentação da TED fiquei estupefacto não pela ideia em si, mas pelo modo como Anand Agarwala tinha prototipado a ideia. Era realmente um objecto perfeito, capaz de demover os mais cépticos. Capaz não por ser genial ou radical mas por ilustrar na perfeição aquilo que ele tinha em mente com o seu conceito. Pensava enquanto via aquilo que o rapaz deveria trabalhar numa universidade de renome americana e como tal teria tido recursos para contratar bons designers e animadores 3d.

Quando fui ver o o CV dele é que percebi que não. Realmente Anand Agarwala é apenas mais um daqueles casos raros de grande hibridismo entre o design e a engenharia. Veja-se a primeira linha do seu CV e perceberão o que vos digo
Extensive experience with C, C++ and STL, C#, VisualBasic, .NET, Win32, Java, Python, OpenGL, GDI+, VisualStudio, NovodeX Physics SDK, TabletPC SDK, WinTab, OpenCV, Maya, MEL, Adobe Premiere, After Effects, Photoshop, Illustrator, HTML, XML, PHP, Dreamweaver, Flash.
E aqui reside a chave de um conceito viral de interfaces quasi-tangíveis que teve um impacto de tal forma forte que obteve a partir da sua apresentação TED um fundo para se tornar em software final, e o resultado pode ser já testado em Windows.

E agora divirtam-se a ver a apresentação TED.

comunicação visual II

Career Evolution de Work for Food

A questão apontada na imagem acima não acontece apenas na publicidade, mas em todas as áreas que toque software, e não só de media digital, como também de programação. Aliás, diria que isto acontece em todos os trabalhos mesmo. No entanto não o colocaria ou melhor interpretaria como um modelo depreciativo mas antes de mais como uma evolução darwinista. No entanto esta evolução não é bem recebida por todos e muitos prefeririam perder mais tempo de volta das ferramentas da essência do que correndo atrás da agenda. Pode até parecer uma natural e saudável evolução mas não é, uma vez que esta evolução vai no caminho da destruição da criatividade e da imaginação, da fantasia e do sonho em função da maximização e optimização da produção, seus processos e recursos humanos. Tudo a bem de uma arquitectura capitalista que ordena o progresso por meio de grandes resultados quantitativos e não qualitativos.

comunicação visual I

Different ways to sit de Jessica Lindsay

padrões e estilísticas

Excelente trabalho de análise, pesquisa e montagem. Como os autores dizem "Disney made one movie, and they've been tracing it ever since", ou seja, temos aqui o que eles chamaram de "Disney Templates". Eu diria que talvez sim, mas acima de tudo temos aqui uma estética própria da Disney. Era bom levar esta trabalho ainda mais fundo.

abril 08, 2009

Damásio em entrevista

António Damásio, in Grande Entrevista, 2 Abril 2009

António Damásio esteve em Lisboa e aproveitou para dar uma entrevista à jornalista Judite Sousa no programa Grande Entrevista. Continua a ser uma pessoa de grande relevo na área e demonstra que o seu interesse pelo tema não esmoreceu. Operou uma mudança no foco, agora está mais concentrado nas emoções sociais e nos seus modos de fabricação.

Na entrevista salientou alguns estudos que estão para sair e nos quais vamos poder admirar ainda com maior espanto aquilo que de algum modo temos vindo a suspeitar, que as emoções dependem mais da biologia do que da cultura. Aliás tenho na calha um artigo para a ESA2009 exactamente sobre este assunto. Espero que os artigos dele saiam primeiro para me poderem guiar um pouco mais. Até aqui a questão situava-se no domínio das emoções básicas ou universais, mas parece que agora já nem as sociais escapam. Vamos ver...

A uma questão da jornalista sobre a velocidade da sociedade, Damásio alertou para os perigos da dessensibilização. Ou seja, a impressão que causa a emoção é de tal modo cada vez mais rápida que o nosso cérebro não tem tempo de assimilar o que despoltou a emoção e como tal não forma na sua base de conhecimento a ideia do sentimento relacionado com aquela emoção, ou seja não tomamos consciência da mesma, como tal não aprendemos a base da nossa emocionalidade.

Numa última questão colocada pela jornalista, que diga-se fez umas perguntas e uns raparos um tanto ou quanto ingénuos, Damásio volta a afirmar o "cérebro não é um centro".

A primeira parte da grande entrevista pode ser vista no site da RTP aqui.

abril 07, 2009

genérico em cartão

Aqui fica mais um genérico brilhante, desta vez a socorrer-se do efeito de bonecos em cartão, com vincos inclusive, variações de perspectiva e em profundidade de grande detalhe. Realizado por Jamie Caliri, com animação de Anthony Scott.