dezembro 06, 2011

A Walk in the Dark (em desenvolvimento)

 A Walk in the Dark é um jogo nacional em desenvolvimento que acaba de lançar o seu primeiro trailer como forma de chegar às pessoas, de criar interesse no público e assim abrir melhores perspectivas para o momento da distribuição, que será digital, e que está prevista para o primeiro semestre de 2012.


É um projecto da autoria do Paulo Cesar Ribeiro Silva (26), formado em Design Multimédia e do Bruno Vidal, formado em Eng. Informática. Deste modo o Paulo Silva responde pela componente artística, narrativa e game design e o Bruno por toda a parte tecnológica, desenvolvendo o engine e editor para o jogo em XNA.


O Paulo e o Bruno encarnam o verdadeiro espírito do empreendedor auto-motivado. Iniciaram este projeto há um ano em part-time, mas entretanto perderam os seus empregos. Não esmoreceram, antes pelo contrário, empenharam-se ainda mais, tendo passado a trabalhar full-time em A Walk in the Dark. Têm um objetivo muito claro, que é criar um jogo indie e distribuí-lo fazendo uso das múltiplas possibilidades oferecidas pelas plataformas digitais que hoje existem.


Na música estão a trabalhar com o Cody Cook. E recentemente têm contado com a ajuda de mais dois elementos, o Vando Pereira na tecnologia, e a Anabela Faria que ajudou no desenvolvimento do trailer, nomeadamente no campo da pintura dos cenários.


Vejam o trailer e deliciem-se com a atmosfera criada, para um jogo que promete. O trailer que demorou 2 meses a produzir, funciona muito bem, passando uma noção dos personagens em 3d, e apresentando uma parte do gameplay em 2d com excelentes cenários de fundo. Tudo em conjunto, cria uma atmosfera capaz de despoletar o interesse e a expectativa nos jogadores.

Arte, Esforço e Mestria

Um vídeo que mostra o desenvolvimento de um trabalho gráfico desenvolvido na base de pontos criados com uma caneta. Podemos dizer que seguindo uma técnica denominada de pontilhismo, embora não siga a corrente nos termos e objetivos da criação de cor, mas apenas da forma.  É um trabalho impressionante criado por Miguel Endara e que segundo ele, a imagem final conterá à volta de 3.2 milhões de pontos.


O que me parece mais relevante neste trabalho, é o impacto que este vídeo gera nas pessoas, a ver pelas várias reações online. As pessoas ficam abismadas com o investimento de tempo e paciência apresentados. Os comentários pouco falam da imagem final, do que ali veem, o que esta representa. Mesmo sabendo que o autor estava a desenhar um retrato do seu pai, o que poderia levar as pessoas a questionar-se porquê, o que teria acontecido para um trabalha desta escala. Por outro lado a imagem apresenta um claro momento de conflito, repleto de emoção, mas nem isso é chamado à discussão. As pessoas questionam e surpreendem-se sobretudo com o esforço envolvido na criação do trabalho.


E se enfatizo esta questão, é apenas para dizer que este vídeo e as reações evidenciam muito claramente que um dos elementos mais importantes na aferição do valor daquilo que é Arte, é o reconhecimento do esforço e da mestria envolvidos na conceção de uma obra. Muito mais do que tudo aquilo que ela possa dizer em nome das interpretações que cada um lhe quiser atribuir.

dezembro 05, 2011

Privates (2010), um BAFTA para o jogo proibido pela Microsoft

Estive agora a jogar Privates (2010) e adorei, um jogo simples, com um 3d que faz uso de mecânicas de plataformas 2d, muito divertido. Fiquei mesmo surpreendido com o seu valor educacional, porque enquanto jogamos e comandamos um grupo de soldados com um preservativo na cabeça, através dos vários orifícios do corpo humano, uma voz cómica explica-nos o que temos de fazer. Informação detalhada sobre cada assunto é dada, e nós somos levados a reter essa mesma informação para poder continuar a jogar (vejam o trailer no final do texto).

 “a funky little game about tiny little condom-hatted marines going right up peoples’ rude areas [vagina, rectum, balls, penis], and shooting all the nasty chompy things that tend to live there…”
Este é o jogo que a Microsoft proibiu, no ano passado, de fazer parte da Xbox Live, por ser sexualmente explícito. Mas é também o jogo que no passado dia 27 Novembro ganhou o BAFTA Learning-Secondary, na cerimónia dos prémios BAFTA para conteúdos dirigidos a crianças, a British Academy Children's Awards.

Pode parecer algo menor mas a concorrência era de peso, com trabalhos de documentário com a qualidade da BBC Learning, com jogos de estímulo à aprendizagem de música, ou ainda o reconhecido projeto do Jamie Oliver para as escolas britânicas. Podem ver detalhes de cada um dos nomeados, e o anúncio do prémio com uma entrevista a Dan Marshall imediatamente a seguir no site dos BAFTA.


Privates é um jogo educacional do princípio ao fim, encomendado e totalmente suportado pelo Channel 4 e baseado nos currículos nacionais britânicos de Educação Sexual. Aborda temas como o sexo seguro, o uso de preservativos, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez não planeada entre outros temas. Por tudo isto é que se torna tão ridícula a decisão da Microsoft, tendo o prémio BAFTA apenas servido para pôr um ponto final em toda esta arrogância de quem distribui os conteúdos desta forma puritana e conservadora.


O mais preocupante é que isto não é um exclusivo da Microsoft, mas é a mesma política seguida pela Apple, pela Sony, pela Nintendo, pela Facebook, etc. Aliás sobre isto mesmo falei há uns meses na Eurogamer a propósito da "Expressão nos Videojogos. A autocensura e a higienização dos discursos". Todos estes impérios financeiros preocupam-se apenas com uma coisa, evitar assuntos complexos que possam pôr em causa o seu bom-nome, por forma a garantir o máximo retorno possível. À conta disso vimos assistindo a décadas de um total ascetismo ideológico, uma tentativa de purificação da vivência das comunidades consumidoras através de um compromisso de impossibilidade de discussão. Não se fala de sexo, não se fala de política, não se fala de religião, não se fala de nada que traga à discussão a condição humana. Nada que possa gerar desacordos entre mentes livres, porque isso pode colocar em perigo a receita final.


E se dúvidas houvesse quanto à honestidade de quem fez o jogo, basta jogar, porque o jogo é grátis. Sim, está disponivel para download gratuitamente online, podendo ser jogado em qualquer PC com uma boa placa gráfica.




dezembro 04, 2011

Quem é Han Hoogerbrugge?

A propósito do meu último texto, resolvi revisitar o trabalho de Han Hoogerbrugge, um nome que é uma referência no mundo da interatividade web desde os anos 90. Hoogerbrugge surpreende pela sua enorme multidisciplinaridade, aliás nos dias que correm diria transmedialidade. Começou como artista de cartoons e comics, chegou à web via Gifs Animados, e depressa se apoderou da ferramenta de authoring de referência na web nos últimos 15 anos, o Flash.


Hoogerbrugge é em primeiro lugar um artista visual, um rótulo que lhe permite trabalhar desde a Ilustração, aos Comics, à Animação, aos Video Clips, à Animação Interativa, aos Brinquedos, e agora aos Videojogos. Hoogerbrugge criou um universo artístico próprio, no sentido em que concebeu toda uma forma de gerar envolvência com os experienciadores fazendo uso de pequenas ligações com a realidade do nosso dia-a-dia envolvidas por grandes doses de non-sense e abstracionismo minimal. Podemos dizer que Hoogerbrugge é em si uma corrente estética, muito também graças à enorme quantidade de material que produz. Com esta atitude está a dizer-nos que o que interessa é fazer, criar.
Creativity, it's not a thing, is something that happens. Creativity is not the point, sometimes it'll be bad, others it'll be good. You seat down, and you got to think of something, or you go around and get an idea for free.
Quando falo em transmedia no caso de Hoogerbrugge, não é apenas e só por causa da sua capacidade de usar várias media, mas é antes pela forma como ao longo destes 15 anos criou um universo próprio que pulula os vários media.
You bring together different kinds of disciplines whitout any kind of prejudice. That's what I really like. An open approach to the creative fields.
Criou um mundo narrativo à volta de um alter ego ilustrado da sua própria imagem. Este alter ego serve-lhe para satirizar o mundo a partir de conceitos base sobre a condição humana. É um trabalho assumidamente minimalista, tanto conceptual como tecnicamente, fazendo quase sempre uso do preto e branco. Aqui ficam alguns dos trabalhos essenciais,


Modern Living/Neurotica Series (1998-2001) [Interactividade]


Hotel (2004 - 2006) [Interactividade]


Nails (2002-2007) [Interactividade] 


Fuck Death (2008) [Brinquedo] 
Treating a very heavy subject, but it's inevitable, so why don't make fun of it.


Prostress 2.0 (2008 - presente) [Comic/Cartoon] 
So many things going on today, it's very difficult to focus.





The Young Punx - "MASHitUP" (2008) [Video Clip]



Pet Shop Boys - "Love etc." (2009) [Video Clip]





Prostress Ad (2010) [Publicidade]





Quatrosopus, Pavilhão Dinamarquês na Biennale de Arte de Veneza 2011 [Exposição Artística]



Mais info:
Livros [1] [2] [3]
Entrevista Make Blog (video)
OFFF Festival
Flash on the Beach Conference

FLX. (2011), um multiplayer kinect no museu

Fiquei deslumbrado com o novo conceito para um multiplayer Kinect, FLX. (2011), desenvolvido pelo reconhecido artista digital Han Hoogerbrugge conjuntamente com o o game designer Sander van der Vegte (Rocket Riot, 2009; Gatling Gears, 2011).


Aqui 4 jogadores são enlaçados por um elástico virtual, obrigando à colaboração entre os 4 jogadores para que estes possam progredir no jogo. O jogo funciona como uma corrida através de um espaço cheio de obstáculos, típicos dos mundos de Hoogerbrugge. Os jogadores não podem falar, sendo obrigados a colaborar através da linguagem não-verbal, o que desenvolve toda uma lógica de comunicação obrigacionista entre os jogadores.

Sessão de apresentação do jogo no Stedelijk Museum Amsterdam

Este jogo faz parte de um projecto de investigação a três anos, A Split Second (2010), financiado pelo Fundo de Desenvolvimento de Jogos da Holanda, o Ministério da Educação da Holanda e ainda o Museu Stedelijk e o Submarine Channel, que tem por objectivo estimular a cruzamento de disciplinas entre artistas e game designers.


FLX. funciona como uma instalação jogo. Para aqueles que já se começam a questionar sobre o sentido que faz criar um jogo para um museu, deixo aqui a definição de videojogo dada por Sander van der Vegte ao Indie Game, com a qual não posso deixar de concordar,
"I think a game is an interactive medium with a small set of rules that offers a certain challenge."
Mais informação sobre os dois artistas e o que está por detrás das suas visões e do processo criativo, pode ser visto neste excelente "Making of FLX.". Em adição ao making of, a componente técnica de 3d foi desenvolvida por Beorn Leonard no Blender e depois transposta para o Unity.

dezembro 02, 2011

Filmes de Novembro 2011

Mais um mês, mais um leque de filmes. Este fica marcado por várias filmes de grande orçamento que apresentam muito fracos resultados, filmes como os Piratas 4 ou Conan, foram uma total desilusão. Wim Wenders pelo seu lado traz-nos o seu melhor com um Biopic.

xxxx    Pina    2011    Wim Wenders    Germany

xxxx    Never let me Go    2010    Mark Romanek    UK
 
xxx    X-Men: First Class    2011    Matthew Vaughn    USA
xxx    Horrible Bosses    2011    Seth Gordon    USA
xxx    Casino Jack    2010    George Hickenlooper    USA
xxx    Death at a Funeral    2010    Neil LaBute    USA

xxx    The Way    2010    Emilio Estevez    USA
xxx    Takers    2010    John Luessenhop    USA

xxx    Whip It    2009    Drew Barrymore    USA

xxx    Lust, Caution    2007    Ang Lee    USA/China
xxx    Five Fingers    2006    Laurence Malkin    USA
xxx    The King    2005    James Marsh    USA

xxx    Human Desire    1954    Fritz Lang    USA

xxx    Ministry of Fear    1944    Fritz Lang    USA
 
xx    I Am Number Four    2011    D.J. Caruso    USA
xx    Fast Five    2011    Justin Lin    USA
xx    Copacabana    2010    Marc Fitoussi    France
xx    The Last Legion    2007    Doug Lefler    UK
 
x    Conan the Barbarian    2011    Marcus Nispel    USA
x    Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides    2011    Rob Marshall    USA
x    Night of the Demons    2010    Adam Gierasch    USA

[Nota, Título, Ano, Realizador, País]
[x - insuficiente; xx - a desfrutar; xxx - bom; xxxx - muito bom; xxxxx - obra prima]

dezembro 01, 2011

Off Book: "Generative Art"

O mais recente episódio da série Off Book trata da arte generativa. Dubois diz-nos que "este é o século dos dados, o último foi da electricidade", porque tudo hoje funciona em função da geração, registo e processamento de dados. A arte generativa funciona basicamente à custa da criação de "comportamentos" emergentes a partir de uma máquina. Para isso é preciso desenhar algoritmos que sejam capazes de se auto-multiplicar, fazendo uso dos dados que os rodeiam. O videojogo Spore (2008) é um dos artefactos desta área mais impressionantes, pela complexidade conseguida, realizado através de recrutamento de alguns dos melhores especialistas em IA.




A "combination of programmers, artists, and philosophers, these creators embrace a process that delegates essential decisions to computers, data sets, or even random variables"


O programa explica-nos o que é a arte generativa através de entrevistas com três especialistas: um compositor Luke Dubois, um artista visual Scott Draves, e o criador de The Sims (2000) e Spore (2008) o game designer Will Wright.



Episódios anteriores da série Off Book
1 - Light Paint
2 - Type
3 - Visual Culture Online
4 - Steampunk
5 - Hacking Art 
6 - Street Art
7 - Etsy Art & Culture
8 - Video Games
9 - Fashion of Artists

Off Book: "The Fashion of Artists"

Mais um episódio da série Off Book, que desta vez incide sobre a Moda dos Artistas. Fala-se sobre a arte de vestir dos artistas, sobre os estereótipos que identificam cada uma das artes. Mas é mais do que isso, queiramos ou não, o modo como nos vestimos identifica a nossa forma de expressão mais pessoal. Fala-se da expressão não-verbal quando se fala da roupa que se veste.



Temos aqui o artista de rua WK Interact, a Yuna na música, os skaters e designers 5boro, a pintora e designer de brinquedos Tara McPherson e o músico Casey Spooner. Mais uma vez um excelente trabalho da PBS, com uma fotografia que dá vontade tocar e sorver.




Episódios anteriores da série Off Book
1 - Light Paint
2 - Type
3 - Visual Culture Online
4 - Steampunk
5 - Hacking Art 
6 - Street Art
7 - Etsy Art & Culture
8 - Video Games

novembro 29, 2011

Dia de Pagar ao Blogger 29.11

Pay a Blogger Day é uma iniciativa da Flattr que procura desta forma incentivar o suporte aos blogs. Na verdade já por várias vezes recebi as informações da Google para adicionar a publicidade aqui no blog, mas sempre recusei. Não me parece fazer sentido. Sobre o sistema de doações também não possuo, apesar de ter uma conta Paypal. Para já fica como está e por isso se algum de vós se sentir inclinado a fazer doações, ficam aqui alguns dos blogs a que podem doar: Brain Pickings,  Open Culture, The Curious Brain, entre outros.

"Alguns dos conteúdos mais inteligentes e bem informados veem de bloggers que o fazem porque querem, não por causa de dinheiro ou fama. Isto é apenas mais uma razão para dar alguma coisa de volta"
Se blogo aqui várias vezes por semana, é essencialmente por três razões:

a) Porque me dá gozo triar, filtrar, e escrever sobre o que realmente me toca.
b) Porque sinto o blog como um prolongamento do meu pensamento. Escrevendo aqui, organizo as ideias, e estas ficam registadas, para mais tarde poder ver como pensava, ou até re-utilizar algumas partes do texto.
c) Porque me sinto recompensado sabendo que as pessoas gostam do que vou escrevendo, pelo número de hits que os textos conseguem, mas também pelos e-mails que vão enviando e que geram uma particular sensação de realização.


 "Os bloggers raramente andam atrás da fama ou fortuna. Mas eles oferecem todos os dias, uma gigantesca quantidade do seu tempo livre para tornar os seus leitores mais inteligentes, mais felizes ou simplesmente mais eficientes a matar o seu tempo. Muitos fãs são excelentes na reciprocidade espalhando a palavra, comentando, comprando materiais dos blogs, ou mesmo fazendo doações. Mas é uma pequena gota no oceano comparado com o que gastamos em revistas carregadas de publicidade, ou dicas gorjetas para empregados hostis, se não mesmo rudes. Então e se todos nós déssemos algo de volta, para os bloggers, mesmo que por apenas um dia. Compre a sua T-Shirt, o livro com links afiliados, ou faça uma doação. Eles de certeza que a mereceram."