Vasco Freitas acaba de lançar online o seu último jogo free-to-play, criado em Flash. Freeway Fury 2 (2011) é uma versão melhorada do primeiro jogo lançado em 2010 e foi desenvolvido pelo Vasco no game design e programação, conjuntamente com o Frederico Martins na arte 3d, o David Sequeira nos comics e design visual de informação, e o Francisco Furtado nos efeitos de som e música.
Entretanto trago aqui uma entrevista realizada com o Vasco a propósito de FF2, sobre as melhorias, a evolução, as tecnologias e os aspetos financeiros do mercado de free-to-play.
1 - Quais as razões e objectivos para fazer uma parte 2 de Freeway Fury? Procuravas melhorar, estender ou antes rentabilizar a experiência criada na parte 1?
Depois de lançar a primeira versão, senti que havia muito por onde melhorar e estender, e muita vontade dos jogadores em ver uma sequela. Era também um jogo que eu pessoalmente tinha vontade de fazer, senão nunca o teria feito. A ideia foi melhorar o jogo todo, mas talvez se possa dizer que a diferença maior foi a inclusão de mais elementos de gameplay.
2 - Em termos de impacto do primeiro jogo, aproximadamente em quantos portais de jogos foi distribuído o jogo? Qual o total de plays/views obtido? E prémios arrecadados?
Infelizmente, não incluí no jogo uma forma de recolher estatísticas, por isso há muitos valores que não sei ao certo. Se contarmos com portais pequenos, apareceu em várias centenas; e que eu saiba esteve em todos os portais principais. Como a Crazy Monkey Games foi o patrocinador, imagino que tenha tido o maior número de plays, e entre os portais mais conhecidos talvez a Kongregate.
O total de views (o número de vezes que o jogo foi carregado) vai em cerca de 35 milhões, e continua a ter mais de um milhão por mês. O jogo ganhou um prémio de 2º melhor jogo da semana na Newgrounds (através dos ratings do jogadores), e esteve na "front page" da mesma. Esteve também na front page da Kongregate, e foi utilizado para promover o jogo Driver: San Francisco num concurso na Kongregate. Apareceu também no conhecido blog de jogos Kotaku.
3 - Ainda no caso do primeiro, tiveste muito feedback dos jogadores? Via portais ou contactavam-te directamente? O que diziam estes?
Sim, tive bastante feedback através de comentários que escreviam nos portais. Alguns jogadores também me contactaram directamente. Os comentários foram quase todos extremamente positivos, transmitindo muito entusiasmo pelo jogo. Frequentemente comentavam sobre algo que lhes aconteceu no jogo que acharam "brutal" ou hilariante. As vozes do "locutor" (feitas pelo Francisco Furtado) foram frequentemente mencionadas. Deram-me também críticas muito construtivas que foram valiosas para melhorar o jogo na sequela. Pedidos para fazer uma sequela foram também muito frequentes.
4 - Em tua opinião qual o factor que mais contribuiu para o sucesso de Freeway Fury?
Regra geral, acho que para qualquer jogo ter sucesso tem de conjugar bem vários factores; é complicado nomear um factor que tenha sobressaído entre eles. De qualquer forma, se tivesse de escolher um diria talvez a forma como o jogador se sente constantemente surpreendido, tanto por algo que acontece no jogo em si, como algo que o jogador consegue provocar. Ver o personagem cair no asfalto pela primeira vez provoca sempre um riso. Depois o jogador fica curioso para saber o que acontece se fizer "isto" ou "aquilo"; eu tentei fazer o jogo de forma a incentivar e recompensar jogadores por serem curiosos e correrem riscos. Se calhar já estou a falar de outros factores... :)
5 - Sobre a tecnologia, os teus jogos têm sido todos desenvolvidos em Flash (AS 3.0), porquê? Qual a vantagem face a sistemas como o XNA, o Torque, o Unity ou outros?
Isto não foi algo sobre o qual me debrucei durante muito tempo, a considerar todos os prós e contras. Comecei a desenvolver jogos Flash em AS 3.0 porque já tinha criado um jogo, o G-Switch (2010) em C++, e eu queria que mais pessoas o jogassem. Pareceu-me que a melhor forma de fazer isso seria fazer o jogo em Flash, já que assim qualquer pessoa com um browser podia facilmente jogá-lo. E essa é a grande vantagem do Flash.
Outro factor importante foi a facilidade de fazer jogos em AS 3.0 com uma framework chamada Flixel, que tinha saído há pouco tempo na altura. Não tenho muita paciência para aprender outras linguagens ou paradigmas de programação, por isso tenho tendência a escolher algo fácil de utilizar, mas que funcione bem e seja flexível. O Unity parece-me bastante interessante, já que possui um excelente editor em 3D, e permite desenvolver para várias plataformas. Se um dia decidir fazer jogos 3D provavelmente experimento o Unity. Também me parece interessante o Corona SDK devido à facilidade em fazer jogos para iPhone e Android, e o Stencyl que é uma ferramenta nova baseada em Flixel e faz jogos Flash, mas também terá suporte para iOS e Android.
6 - O que te parece toda esta discussão à volta da morte do Flash, e da elevação do HTML a reposta para todas as necessidades online?
Não me preocupo muito com isso, já que se o Flash desaparecer há-de aparecer uma alternativa. De qualquer forma, a ideia do HTML 5 parece-me excelente em teoria, mas ainda tem muito que amadurecer (tanto o HTML em si como ferramentas relacionadas) para que seja tão viável como o Flash. Acho que o Flash ainda tem bastante para dar.
7 - Em termos financeiros o primeiro jogo deu lucro, tendo em conta o tempo pessoal de todos os envolvidos investido?
Sim, sem dúvida que deu um bom lucro, cerca de 30€ por hora de trabalho (embora possa variar dependendo do acordo feito com cada colaborador). Mas é importante referir que, apenas uma percentagem muito pequena dos jogos Flash chega a estes valores. Um jogo pode até ser relativamente bom, mas se não for um verdadeiro "hit", algo que realmente apanhe o interesse dos jogadores, pode nem chegar a 10% deste lucro.
8 - No primeiro jogo tiveste o suporte da CrazyMonkeyGames.com, desta vez temos a notDoppler. Que tipo de suporte estamos a falar, financeiro, distribuição ou outro?
É principalmente suporte financeiro. Basicamente vendo-lhes uma licença na altura de lançar o jogo, que eles pagam à partida, e em troca ponho os logotipos e links deles no jogo. É também possível fazerem-se acordos chamados "performance deals", em que o valor que o patrocinador paga é dependente de quantos views o jogo tem, ou se tem destaque especial nalgum site. Também há outras fontes de rendimento, como incluir um sistema de anúncios que aparecem no princípio do jogo, ou vender licenças "secundárias" de versões especiais do jogo que só aparecem num determinado site.
9 - O que é aquela "marca" que aparece agora no início de Freeway Fury 2, "Serius Games"?
A Serius Games foi uma "marca" que criei recentemente para identificar os jogos feitos por mim e pela minha equipa. É também uma tentativa de rentabilizar mais os jogos, através do site da Serius Games, que terá os nossos jogos e anúncios no site. É desta forma que os patrocinadores também lucram com a compra de licenças.
10 - Como é que vês a carreira de um game designer que trabalha neste campo? É possível viver apenas da criação de jogos que são Free to Play online, ou isto é deve ser encarado como um hobby
Viver apenas da criação de jogos grátis online depende inteiramente da capacidade do designer em criar jogos que cativam os jogadores. Acho que fazer jogos Flash grátis, como hobby, é uma excelente forma de se começar. É de baixo risco, pode-se fazer um jogo simples em relativamente pouco tempo, e depois dependendo do feedback e sucesso do jogo o designer pode decidir se quer continuar ou não.
Se ele deve dedicar-se integralmente a este tipo de jogo, depende completamente dos seus objectivos pessoais. Devido ao ciclo de desenvolvimento mais curto, jogos Flash são uma forma excelente de se experimentar ideias novas e criativas, e de ter muita exposição. Se for esse o objectivo, faz todo o sentido investir apenas neste tipo de jogo. Se o objectivo for outro, como trabalhar em equipas maiores, projectos maiores, ou rentabilizar mais, jogos grátis podem na mesma ser uma boa forma de aprendizagem. Jogos maiores diferem na quantidade de elementos que os compõem, e consequentemente na maior dificuldade de os organizar e gerir, mas as bases de game design mantêm-se. Ou, se o objectivo for rentabilizar o máximo, o melhor seria fazer jogos para iPhone, que parece-me ser a plataforma mais rentável do momento. Mas o que realmente interessa é começar por algum lado!
novembro 25, 2011
novembro 21, 2011
Mitos dos Custos da Educação em Portugal
A comunicação social, mas não só, os políticos, e muita da praça de comentadores que aparece nos ecrãs de televisão e jornais nacionais, falam muitas vezes de cor, sem saber do que estão a falar, apenas por aquilo que lhes parece. Até se consideram pessoas cultas, que leem jornais, viram o mundo e por isso muitas vezes julgam-se detentores de conhecimento que não verdade não detém. Nada de novo, porque vendo a última conferência de imprensa da Troika, fica-se com a mesma ideia deles.
Nesse sentido trago aqui os Mitos da Educação, porque depois de ter feito um artigo aqui no blog sobre as disparidades que existem entre a Europa e Portugal, foram-me levantadas algumas questões. Questões essas às quais chamo aqui de Mitos, e que têm sido jogados para a opinião pública por quem pouco sabe, e nem se dá ao trabalho de quere saber mais.
Assim e para começar, os dados que aqui trago, não estão escondidos, estão online e inteiramente públicos para todo o mundo ver. Num primeira passagem pelos dados, interessa escolher unidades comparáveis. Assim procurei países do Euro que tivessem escalas de população próximas como é o caso da Grécia, Bélgica, Suécia, e Áustria. Acabei depois por fazer um comparação mais detalhada com a Bélgica e Suécia, porque apresentam dados mais coerentes com os nossos e são mais fáceis de ler sem entrar em detalhes explicativos. Mas de uma forma geral, e trabalhando as percentagens dos valores populacionais, podem-se fazer praticamente as mesmas leituras para os restantes países aqui abaixo, excetuando a Grécia que se aproxima demasiado do nosso cenário. Interessa ainda salientar que falamos aqui de comparação entre totais dos sistemas, ou seja todos os graus de educação, e ensino público e privado.
Assim e com países próximos em termos de coerência de dados podemos ver desde logo, por exemplo, que Portugal tendo exatamente a mesma população da Bélgica, gasta menos 150% que esta na Educação do seu país. Mas claro que isto não pode ser visto assim apenas, porque a Bélgica produz mais riqueza que nós. Mas vejamos então os mitos.
Mito 1
Portugal tem alunos a mais na Escola, alunos que deviam era andar a trabalhar, a produzir.
Portugal tem a mesma população da Bélgica, mas possui menos 15% de alunos no total das suas escolas (ver Tabela 1).
Portugal tem mais 1.4 milhões de população do que a Suécia, como tal se ajustados os valores, possui menos 14% de alunos nas escolas.
Isto são dados que nos deviam preocupar, porque se temos menos alunos no ensino, é porque eles simplesmente estão a desistir da escola, e nós estamos a deixar. Ou seja estamos longe de estar no ponto ideal em termos do número de alunos que frequentam a escola.
Mito 2
Portugal tem Professores e Técnicos a mais.
Em total sintonia com a percentagem inferior do números de alunos, Portugal possui também menos 15% de recursos humanos que a Bélgica. (ver Tabela 1)
Agora no caso da Suécia, que possui exactamente o mesmo número de alunos de Portugal (desprezando os milhares), Portugal apresenta ainda assim menos 11% de recursos humanos.
Assim e como acontece nos alunos, temos professores e técnicos a menos, não apenas em número total, mas em termos comparativos de população estudantil. Claramente que não os temos a mais porque seria impossível, em face do que demonstrarei no mito seguinte.
Aliás pensando na última conferência de imprensa da troika ou a entrevista do Ministro das Finanças sobre a necessidade de despedir 100 mil pessoas na Função Pública para cobrir os 13º e 14º mês, e agora olhando para esta realidade, interrogo-me aonde andarão esses "malandros" a mais na FP. Ou a ideia é mesmo a pura ideologia, vamos reduzir toda a componente social, Educação, Saúde, e Seg. Social, quem tiver dinheiro vai para a escola privada, aos médicos privados, quem não tiver, que vá trabalhar ou se deixe ficar por casa a plantar batatas.
Mito 3
Portugal é o país que mais dinheiro gasta por aluno.
Portugal gasta por cada aluno, menos 115% que a Bélgica, e menos 146% que a Suécia. É uma loucura, mas neste ponto temos de dizer antes que Portugal é um país mais pobre que a Bélgica e a Suécia, logo não se pode comparar de igual para igual. Contudo podemos comparar em termos de Opções Políticas. Ou seja, analisar e ver se damos tanta importância à Educação como fazem os nossos colegas, em termos da repartição do total dos dinheiros produzidos pelos Portugueses. Assim o que precisamos de avaliar é quanto do total da riqueza produzida por cada Português anualmente, é que é gasto em educação.
Portugal gasta assim em termos de percentagem da riqueza criada no país, e por cada aluno, menos 9% que a Bélgica, e menos 12% que a Suécia. (ver Tabela 1)
Ou seja, não podemos exigir que se gaste o que não se tem. Que se passe o investimento por aluno de 3 672 euros para 9 000 euros. Mas podemos dizer que Portugal para gastar tanto como a Suécia gasta em termos de riqueza produzida, teria de aumentar o investimento nos alunos em mais 61%, passar de 3 672 euros para 6 120 euros por aluno. Ou seja entre a Bélgica e a Suécia, podemos dizer que os gastos com a educação em Portugal estão em média 50% abaixo daquilo que estes países investem na educação dos seus, em termos daquilo que produzem.
No final, isto não tem nada que ver com ser mais rico ou mais pobre. Ter um bolo maior ou menor no final do ano não interessa, o que conta é o modo como se faz a divisão desse bolo. Assim Portugal prefere do nosso bolo tirar dinheiro para talvez fazer estádios de futebol, TGVs, aeroportos, auto-estradas duplicadas, ou ainda comprar carros estrangeiros de alta cilindrada, etc. etc.
Nesse sentido trago aqui os Mitos da Educação, porque depois de ter feito um artigo aqui no blog sobre as disparidades que existem entre a Europa e Portugal, foram-me levantadas algumas questões. Questões essas às quais chamo aqui de Mitos, e que têm sido jogados para a opinião pública por quem pouco sabe, e nem se dá ao trabalho de quere saber mais.
Tabela 1 - Comparação entre Portugal, Bélgica e Suécia
Assim e para começar, os dados que aqui trago, não estão escondidos, estão online e inteiramente públicos para todo o mundo ver. Num primeira passagem pelos dados, interessa escolher unidades comparáveis. Assim procurei países do Euro que tivessem escalas de população próximas como é o caso da Grécia, Bélgica, Suécia, e Áustria. Acabei depois por fazer um comparação mais detalhada com a Bélgica e Suécia, porque apresentam dados mais coerentes com os nossos e são mais fáceis de ler sem entrar em detalhes explicativos. Mas de uma forma geral, e trabalhando as percentagens dos valores populacionais, podem-se fazer praticamente as mesmas leituras para os restantes países aqui abaixo, excetuando a Grécia que se aproxima demasiado do nosso cenário. Interessa ainda salientar que falamos aqui de comparação entre totais dos sistemas, ou seja todos os graus de educação, e ensino público e privado.
Tabela 2 - Comparação entre Grécia, Holanda, Finlândia, e Áustria
Assim e com países próximos em termos de coerência de dados podemos ver desde logo, por exemplo, que Portugal tendo exatamente a mesma população da Bélgica, gasta menos 150% que esta na Educação do seu país. Mas claro que isto não pode ser visto assim apenas, porque a Bélgica produz mais riqueza que nós. Mas vejamos então os mitos.
Mito 1
Portugal tem alunos a mais na Escola, alunos que deviam era andar a trabalhar, a produzir.
Portugal tem a mesma população da Bélgica, mas possui menos 15% de alunos no total das suas escolas (ver Tabela 1).
Portugal tem mais 1.4 milhões de população do que a Suécia, como tal se ajustados os valores, possui menos 14% de alunos nas escolas.
Isto são dados que nos deviam preocupar, porque se temos menos alunos no ensino, é porque eles simplesmente estão a desistir da escola, e nós estamos a deixar. Ou seja estamos longe de estar no ponto ideal em termos do número de alunos que frequentam a escola.
Mito 2
Portugal tem Professores e Técnicos a mais.
Em total sintonia com a percentagem inferior do números de alunos, Portugal possui também menos 15% de recursos humanos que a Bélgica. (ver Tabela 1)
Agora no caso da Suécia, que possui exactamente o mesmo número de alunos de Portugal (desprezando os milhares), Portugal apresenta ainda assim menos 11% de recursos humanos.
Assim e como acontece nos alunos, temos professores e técnicos a menos, não apenas em número total, mas em termos comparativos de população estudantil. Claramente que não os temos a mais porque seria impossível, em face do que demonstrarei no mito seguinte.
Aliás pensando na última conferência de imprensa da troika ou a entrevista do Ministro das Finanças sobre a necessidade de despedir 100 mil pessoas na Função Pública para cobrir os 13º e 14º mês, e agora olhando para esta realidade, interrogo-me aonde andarão esses "malandros" a mais na FP. Ou a ideia é mesmo a pura ideologia, vamos reduzir toda a componente social, Educação, Saúde, e Seg. Social, quem tiver dinheiro vai para a escola privada, aos médicos privados, quem não tiver, que vá trabalhar ou se deixe ficar por casa a plantar batatas.
Mito 3
Portugal é o país que mais dinheiro gasta por aluno.
Portugal gasta por cada aluno, menos 115% que a Bélgica, e menos 146% que a Suécia. É uma loucura, mas neste ponto temos de dizer antes que Portugal é um país mais pobre que a Bélgica e a Suécia, logo não se pode comparar de igual para igual. Contudo podemos comparar em termos de Opções Políticas. Ou seja, analisar e ver se damos tanta importância à Educação como fazem os nossos colegas, em termos da repartição do total dos dinheiros produzidos pelos Portugueses. Assim o que precisamos de avaliar é quanto do total da riqueza produzida por cada Português anualmente, é que é gasto em educação.
Portugal gasta assim em termos de percentagem da riqueza criada no país, e por cada aluno, menos 9% que a Bélgica, e menos 12% que a Suécia. (ver Tabela 1)
Ou seja, não podemos exigir que se gaste o que não se tem. Que se passe o investimento por aluno de 3 672 euros para 9 000 euros. Mas podemos dizer que Portugal para gastar tanto como a Suécia gasta em termos de riqueza produzida, teria de aumentar o investimento nos alunos em mais 61%, passar de 3 672 euros para 6 120 euros por aluno. Ou seja entre a Bélgica e a Suécia, podemos dizer que os gastos com a educação em Portugal estão em média 50% abaixo daquilo que estes países investem na educação dos seus, em termos daquilo que produzem.
No final, isto não tem nada que ver com ser mais rico ou mais pobre. Ter um bolo maior ou menor no final do ano não interessa, o que conta é o modo como se faz a divisão desse bolo. Assim Portugal prefere do nosso bolo tirar dinheiro para talvez fazer estádios de futebol, TGVs, aeroportos, auto-estradas duplicadas, ou ainda comprar carros estrangeiros de alta cilindrada, etc. etc.
novembro 20, 2011
Pós-graduação em Game Design
Vai surgir este ano uma nova pós-graduação no campo do Game Design na cidade do Porto, administrada pela Alquimia da Cor.
As inscrições estão abertas, mais informações podem ser consultadas na página do curso.
Com um corpo docente constituído por especialistas com currículo académico, artístico e profissional reconhecido, oriundos de Portugal e Espanha, (...) o curso procurará contribuir para a dinamização do conhecimento e do pensamento crítico sobre teorias e práticas dos processos de produção de videojogos, contribuindo ao nível da formação e preparação de profissionais que possam aproveitar da melhor forma as oportunidades criadas pela própria indústria, tanto ao nível nacional como internacional.
As inscrições estão abertas, mais informações podem ser consultadas na página do curso.
novembro 19, 2011
Arte + Ciência, uma visualização do Tempo
Ken Murphy desenvolveu um conceito muito original para a instalação, A History of the Sky (2010), com base na visualização de informação, sobre a passagem do tempo.
O projeto consistiu em filmar time-lapses do céu (imagens de 10 em 10 segundos), ao longo de um ano inteiro a partir do Exploratorium Museum, São Francisco, EUA. Para fazer este trabalho Murphy transformou a sua ideia num projecto Kickstarter e arrecadou $3,578 para realizar o trabalho. Depois a ideia era pegar em todos os vídeos e criar uma instalação em mosaico, em que cada vídeo é um dia.
Devemos ter em atenção que o projeto inicia-se em Julho, daí que os extremos do mosaico representem o Verão, e o centro o Inverno. Murphy diz-nos ainda que o mosaico não apresenta os 365 dias, mas 360 de modo a criar um mosaico retangular mais perfeito. Para além disso também não realizou ajustes no relógio da câmara, em termos de hora de inverno ou verão para criar um maior rigor cronológico na captação e sincronia. Mais detalhes técnicos sobre a tecnologia utilizada para criar o projeto podem ser vistos no site.
Não posso deixar de dizer que isto é um belíssimo exemplo do cruzamento entre Arte e Ciência. Em que uma instalação usa o melhor da ciência, para inspirar uma criação estética. É um trabalho maravilhoso que nos dá em menos de 5 minutos uma noção mais profunda e intensa do planeta que habitamos.
O projeto consistiu em filmar time-lapses do céu (imagens de 10 em 10 segundos), ao longo de um ano inteiro a partir do Exploratorium Museum, São Francisco, EUA. Para fazer este trabalho Murphy transformou a sua ideia num projecto Kickstarter e arrecadou $3,578 para realizar o trabalho. Depois a ideia era pegar em todos os vídeos e criar uma instalação em mosaico, em que cada vídeo é um dia.
Each day's images are assembled into a time-lapse movie. The final piece will consist of a large mosaic of 365 movies, each representing one day of the year, arranged in order by date. The days all play back in parallel, so that at any given moment, one is looking at the same time of day across all of the days.A intenção do autor era assim revelar os padrões de luz e tempo ao longo de um ano inteiro. Isto foi desenhado para uma instalação e esteve em exibição em vários locais, entre os quais, a SIGGRAPH 2010, ou a Google I/O Conference em 2010, ou ainda Create:Fixate em Los Angeles, em 2011. Entretanto esta semana Murphy resolveu disponibilizar o trabalho online em 1080p, de modo que a melhor forma de experienciar este trabalho é ver este link do YouTube a 1080p diretamente num ecrã Full HD. No final deste artigo podem ter uma primeira impressão do trabalho disponibilizado também no Vimeo.
Devemos ter em atenção que o projeto inicia-se em Julho, daí que os extremos do mosaico representem o Verão, e o centro o Inverno. Murphy diz-nos ainda que o mosaico não apresenta os 365 dias, mas 360 de modo a criar um mosaico retangular mais perfeito. Para além disso também não realizou ajustes no relógio da câmara, em termos de hora de inverno ou verão para criar um maior rigor cronológico na captação e sincronia. Mais detalhes técnicos sobre a tecnologia utilizada para criar o projeto podem ser vistos no site.
Não posso deixar de dizer que isto é um belíssimo exemplo do cruzamento entre Arte e Ciência. Em que uma instalação usa o melhor da ciência, para inspirar uma criação estética. É um trabalho maravilhoso que nos dá em menos de 5 minutos uma noção mais profunda e intensa do planeta que habitamos.
novembro 14, 2011
Forte da Graça (2011), história e arquitetura
Sou sincero, tenho de revelar que desconhecia a beleza desta obra-prima portuguesa da arquitetura militar europeia do Séc. XVIII. O Forte de Nossa Senhora da Graça, ou Forte Conde de Lippe, é um monumento nacional situado perto da cidade Elvas.
Mandado construir por José I de Portugal em 1763, demorou quase 30 anos a construir, tendo sido necessários cerca de 6000 homens e 4000 animais para a sua construção. É considerado por alguns historiadores como uma obra única, e uma das fortalezas mais seguras no mundo.
Se trago esta obra de arte arquitetónica é porque me chegou à atenção através de um excelente trabalho, Forte da Graça (2011), uma curta documental realizada por Daniel Santos. A beleza arquitetónica é estonteante mas o trabalho realizado por Daniel Santos faz jus ao motivo. Espero que de algum modo este filme possa ajudar a chamar a atenção para a necessidade de investir na preservação deste monumento.
Um trabalho realizado com recurso a uma Canon 550d, fazendo uso de duas objectivas uma EF-S 18-55mm, e uma fisheye Samyang 8mm . Os magníficos travellings são conseguidos com recurso ao sistema, PocketSlider, que pode ser adquirido em modo DIY.
Uma versão em 1080p pode ser vista no site do Daniel Santos.
Mandado construir por José I de Portugal em 1763, demorou quase 30 anos a construir, tendo sido necessários cerca de 6000 homens e 4000 animais para a sua construção. É considerado por alguns historiadores como uma obra única, e uma das fortalezas mais seguras no mundo.
Se trago esta obra de arte arquitetónica é porque me chegou à atenção através de um excelente trabalho, Forte da Graça (2011), uma curta documental realizada por Daniel Santos. A beleza arquitetónica é estonteante mas o trabalho realizado por Daniel Santos faz jus ao motivo. Espero que de algum modo este filme possa ajudar a chamar a atenção para a necessidade de investir na preservação deste monumento.
Um trabalho realizado com recurso a uma Canon 550d, fazendo uso de duas objectivas uma EF-S 18-55mm, e uma fisheye Samyang 8mm . Os magníficos travellings são conseguidos com recurso ao sistema, PocketSlider, que pode ser adquirido em modo DIY.
Uma versão em 1080p pode ser vista no site do Daniel Santos.
novembro 13, 2011
Comando (2010), uma produção impressionante a custo zero
Trago uma curta nacional, Comando (2010), realizada por Patrício Faisca e Sonat Duyar com orçamento zero, o que não impediu de arrecadar prémios no Festival de Cinema de Arouca, no Shortcutz Porto e no Shortcutz Lisboa.
Apesar de ter sido noticiado que o orçamento teria sido de 27 euros, supostamente valores gastos na aquisição de arame farpado e materiais de criação de sangue artificial, o projeto encaixa-se no campo dos filmes sem orçamento. Isto porque se fizéssemos uma análise do custo real de produção do filme chegaríamos à conclusão que este ultrapassa vários milhares de euros. O custo reparte-se por três grandes categorias, (1) materiais utilizados (câmaras, microfones, gravadores de som, perches, iluminação, estabilizadores de imagem, defletores, maquilhagem, guarda-roupa, material elétrico, eletricidade, computadores, licenças de software, material de escavação), (2) os locais de filmagem (terrenos, salas de filmagem, salas de arrecadação de materiais, salas de edição), e (3) recursos humanos (atores, figurantes, operadores e produtores). Claro que tudo isto é conseguido a um custo zero graças à capacidade de Patrício Faisca para convocar tudo e todos para a criação de um projeto comum, o que demonstra desde logo o seu enorme talento como produtor cinematográfico.
Para mim mais importante que ter conseguido realizar o filme a custo zero, é ter conseguido criar o projecto e ter conseguido levá-lo até ao fim. Demonstra uma vontade, um empreendedorismo, uma auto-motivação criadora rara no nosso país. Portugal precisa de mais criadores como o Patrício Faisca, que não desistem, que persistem, que levam até ao fim os seus sonhos. Não sendo caso único, felizmente, é de louvar. Aliás o filme fez-me lembrar um outro projeto a custo zero, neste caso de uma equipa americana, que aqui analisei, Killzone: Extraction (2011).
Deixando a produção, em termos de conceção o filme atinge marcas bastante elevadas em termos de realização, cinematografia, montagem e mesmo efeitos. Toda a primeira parte até à entrega da carta ao soldado, está muitíssimo bem desenhada e transposta para o ecrã, não há muito para dizer mas o filme transporta-nos, não nos dá informação sobre o que se passa, mas visualmente comunica-nos que algo de grave se está a passar. Socorre-se de alguns clichés, o que também faz parte do filme de género.
A segunda parte é a que mais impressiona em termos de produção - a trincheira real e os efeitos visuais - mas também o trabalho de cinematografia, montagem e até alguma direção de atores. Esta parte acaba por ser contudo aquela que apresenta maiores fragilidades nomeadamente ao nível do guião o que acaba por fragilizar a realização. A cena é demasiado longa, percebe-se que se queira criar a sensação de desespero no soldado, mas faltam elementos narrativos que a sustentem. A cena é uma colagem completa de uma cena de Apocalipse Now (1979), com a desvantagem de lhe faltar motivação do enredo, ou seja não sabemos o que está em luta, o que motiva aquela trincheira. E isso depois afeta fortemente o fechamento que se transforma em algo pouco gratificante, porque sem substrato.
Apesar de tudo isto é um excelente trabalho, criado por uma equipa com uma motivação extraordinária e que deve ser enaltecida. Esperemos que este projeto abra portas para outras aventuras cinematográficas. Vejam o filme completo aqui abaixo, e depois vejam o excelente making of também.
Apesar de ter sido noticiado que o orçamento teria sido de 27 euros, supostamente valores gastos na aquisição de arame farpado e materiais de criação de sangue artificial, o projeto encaixa-se no campo dos filmes sem orçamento. Isto porque se fizéssemos uma análise do custo real de produção do filme chegaríamos à conclusão que este ultrapassa vários milhares de euros. O custo reparte-se por três grandes categorias, (1) materiais utilizados (câmaras, microfones, gravadores de som, perches, iluminação, estabilizadores de imagem, defletores, maquilhagem, guarda-roupa, material elétrico, eletricidade, computadores, licenças de software, material de escavação), (2) os locais de filmagem (terrenos, salas de filmagem, salas de arrecadação de materiais, salas de edição), e (3) recursos humanos (atores, figurantes, operadores e produtores). Claro que tudo isto é conseguido a um custo zero graças à capacidade de Patrício Faisca para convocar tudo e todos para a criação de um projeto comum, o que demonstra desde logo o seu enorme talento como produtor cinematográfico.
Para mim mais importante que ter conseguido realizar o filme a custo zero, é ter conseguido criar o projecto e ter conseguido levá-lo até ao fim. Demonstra uma vontade, um empreendedorismo, uma auto-motivação criadora rara no nosso país. Portugal precisa de mais criadores como o Patrício Faisca, que não desistem, que persistem, que levam até ao fim os seus sonhos. Não sendo caso único, felizmente, é de louvar. Aliás o filme fez-me lembrar um outro projeto a custo zero, neste caso de uma equipa americana, que aqui analisei, Killzone: Extraction (2011).
Deixando a produção, em termos de conceção o filme atinge marcas bastante elevadas em termos de realização, cinematografia, montagem e mesmo efeitos. Toda a primeira parte até à entrega da carta ao soldado, está muitíssimo bem desenhada e transposta para o ecrã, não há muito para dizer mas o filme transporta-nos, não nos dá informação sobre o que se passa, mas visualmente comunica-nos que algo de grave se está a passar. Socorre-se de alguns clichés, o que também faz parte do filme de género.
A segunda parte é a que mais impressiona em termos de produção - a trincheira real e os efeitos visuais - mas também o trabalho de cinematografia, montagem e até alguma direção de atores. Esta parte acaba por ser contudo aquela que apresenta maiores fragilidades nomeadamente ao nível do guião o que acaba por fragilizar a realização. A cena é demasiado longa, percebe-se que se queira criar a sensação de desespero no soldado, mas faltam elementos narrativos que a sustentem. A cena é uma colagem completa de uma cena de Apocalipse Now (1979), com a desvantagem de lhe faltar motivação do enredo, ou seja não sabemos o que está em luta, o que motiva aquela trincheira. E isso depois afeta fortemente o fechamento que se transforma em algo pouco gratificante, porque sem substrato.
Apesar de tudo isto é um excelente trabalho, criado por uma equipa com uma motivação extraordinária e que deve ser enaltecida. Esperemos que este projeto abra portas para outras aventuras cinematográficas. Vejam o filme completo aqui abaixo, e depois vejam o excelente making of também.
novembro 12, 2011
Rosa (2011), um hino ao talento criativo
Rosa (2011) foi ontem, 11.11.11, lançado online pelo próprio autor, depois de ter estreado em Maio deste ano no Seattle International Film Festival e ter sido selecionado oficialmente para os festivais Screamfest, Toronto After Dark, Anima Mundi, Los Angeles Shorts Film Festival, tendo sido ainda escolhido para abertura oficial do Sitges International Film Festival neste Outubro de 2011. O filme entretanto gerou tanto buzz internacional que o realizador foi já abordado por alguns estúdios americanos para que se realize uma longa-metragem a partir da curta.
A primeira grande contestação a realizar é que Rosa foi feito integralmente por apenas uma pessoa, o espanhol de 30 anos, Jesús Orellana, com um orçamento de zero euros. Estamos a falar de uma curta de 10 minutos em animação 3d com níveis de produção que estão ao nível de um qualquer estúdio de Hollywood ou do Japão. Orellana terá trabalhado durante um ano inteiro na criação do filme. Apesar de nos revelar que não é um grande aficionado de animação, o seu talento e trabalho de partida, a banda desenhada para a Les Humanoides Associés, está aqui em total evidência.
Rosa apresenta uma narrativa de FC colada a Ghost in the Shell (1995) de Mamoru Oshii, mas num universo próprio criado por Orellana. Impressiona sentir toda a atmosfera criada, as texturas, a iluminação, os ambientes. Sente-se o grafismo sujo, dar vida a um mundo distópico, mas quente. Ao contrário de Ghost não estamos num universo azulado frio, mas alaranjado bastante quente, como que adocicado. Sentimos o calor dos personagens apesar de percebermos que possuem pouco de humano.
O filme é tão perfeito que parece quase um crime falar dos problemas. Antes disso dizer que ter um objeto destes integralmente criado apenas por um ser humano, é deveras espantoso. Quando o filme termina e vemos apenas 1 nome surgir nos créditos é quase inacreditável. Estamos a falar de muitas funções necessárias para criar um filme destes, das quais o guião, personagens, texturas, modelação, animação, ambientes, iluminação, música, cinematografia, montagem, efeitos visuais, efeitos sonoros são algumas das mais evidentes. Nesse sentido diria que de todas as que sinto que precisariam de algum trabalho extra são a animação dos personagens e a montagem, ainda assim estou a falar de pequenos ajustes para ficar perfeito. Mas vejam o filme, experienciem e sintam-se inspirados para os vossos projetos.
ROSA
Autor: Jesús Orellana
Ano: 2011
País: Espanha
Duração: 9min 50sec
Aspect Ratio: 2:35 (Scope)
Digital 2K. Dolby Stereo
385 shots (ASL: 1'6 seconds)
A primeira grande contestação a realizar é que Rosa foi feito integralmente por apenas uma pessoa, o espanhol de 30 anos, Jesús Orellana, com um orçamento de zero euros. Estamos a falar de uma curta de 10 minutos em animação 3d com níveis de produção que estão ao nível de um qualquer estúdio de Hollywood ou do Japão. Orellana terá trabalhado durante um ano inteiro na criação do filme. Apesar de nos revelar que não é um grande aficionado de animação, o seu talento e trabalho de partida, a banda desenhada para a Les Humanoides Associés, está aqui em total evidência.
Rosa apresenta uma narrativa de FC colada a Ghost in the Shell (1995) de Mamoru Oshii, mas num universo próprio criado por Orellana. Impressiona sentir toda a atmosfera criada, as texturas, a iluminação, os ambientes. Sente-se o grafismo sujo, dar vida a um mundo distópico, mas quente. Ao contrário de Ghost não estamos num universo azulado frio, mas alaranjado bastante quente, como que adocicado. Sentimos o calor dos personagens apesar de percebermos que possuem pouco de humano.
O filme é tão perfeito que parece quase um crime falar dos problemas. Antes disso dizer que ter um objeto destes integralmente criado apenas por um ser humano, é deveras espantoso. Quando o filme termina e vemos apenas 1 nome surgir nos créditos é quase inacreditável. Estamos a falar de muitas funções necessárias para criar um filme destes, das quais o guião, personagens, texturas, modelação, animação, ambientes, iluminação, música, cinematografia, montagem, efeitos visuais, efeitos sonoros são algumas das mais evidentes. Nesse sentido diria que de todas as que sinto que precisariam de algum trabalho extra são a animação dos personagens e a montagem, ainda assim estou a falar de pequenos ajustes para ficar perfeito. Mas vejam o filme, experienciem e sintam-se inspirados para os vossos projetos.
En un futuro cercano, la humanidad ha desaparecido, dejando tras de sí un enorme megalópolis carente de vida natural. De la destrucción despierta ROSA, un robot parta del proyecto KERNEL, el último intento de la humanidad de restaurar el ecosistema terrestre recuperando las plantas extinguidas desde largo tiempo atrás. Vagabundeando por las ruinas de la ciudad muerta, Rosa pronto descubrirá que no es la única parte del KERNEL que ha despertado.
ROSA
Autor: Jesús Orellana
Ano: 2011
País: Espanha
Duração: 9min 50sec
Aspect Ratio: 2:35 (Scope)
Digital 2K. Dolby Stereo
385 shots (ASL: 1'6 seconds)
Atualização 22:05, 20.11.2011
O site Short of the Week realizou uma pequena entrevista com o autor, Jesús Orellana, que vale a pena ler. Ficámos a saber que o 3d foi feito com recurso ao Blender e ao Daz Studio. Mas o que continua a impressionar-me é Orellana ter feito um filme deste calibre integralmente sozinho, e sem qualquer experiência em animação ou 3d.When I first started I had absolutely no idea about animation or video editing, so as a graphic-novel artist, the plan was to make a smaller 2D short film with drawings and very limited animation. Then I started experimenting with some 3D software I used previously for reference in my drawings. I did some rough animations and was very happy with the results. The rest was a lot of tutorials, time, and hard work. I worked on the short full-time, all day, all year. The first six months were mainly a trial and error process.
Sigam as vossas paixões, criem
O Holstee Manifesto surge de um grupo de três pessoas que resolveu despedir-se dos seus empregos para ir trabalhar nas suas paixões.
O que podemos ler aqui é um pequeno hino ao interior de cada um de nós. O Holstee Manifesto apresenta-se na forma de poesia sobre a arte de seguir as paixões que nos movem. Arranjar um sentido para vida, encontrar energia para a auto-motivação, elevar a auto-estima, sentir-se realizado.
O Manifesto é uma chamada para a ação, para construir uma vida cheia de paixão e criatividade. Tudo isto se resume a uma frase final do Manifesto, Go Out and Start Creating, por sinal muito próxima da frase que tenho neste momento no mural do Facebook.
The Holstee Manifesto
O que podemos ler aqui é um pequeno hino ao interior de cada um de nós. O Holstee Manifesto apresenta-se na forma de poesia sobre a arte de seguir as paixões que nos movem. Arranjar um sentido para vida, encontrar energia para a auto-motivação, elevar a auto-estima, sentir-se realizado.
O Manifesto é uma chamada para a ação, para construir uma vida cheia de paixão e criatividade. Tudo isto se resume a uma frase final do Manifesto, Go Out and Start Creating, por sinal muito próxima da frase que tenho neste momento no mural do Facebook.
Holstee began as a dream Mike, Dave and Fabian had to create a lifestyle for themselves - a lifestyle which reflects their manifesto. Holstee designs and curates with the hopes that each product and its inherent story inspires others to follow their dream. http://holstee.com/manifesto
novembro 10, 2011
A Educação em Portugal e na Europa
Atualização a azul realizada em: 11.11.2011 às 23:26
Neste gráfico da OCDE (Imagem 1) pode ver-se o estado em que Portugal está ao nível da educação do Secundário. Com muita tristeza podemos ver o que Salazar nos fez, a nossa população dos 55-64 anos (o quadrado) é em toda a OCDE a que apresenta menos Educação conseguida. Não estamos a falar apenas de estar no fim da cauda nestas idades, estamos a falar de diferenças gigantescas (de 12% em Portugal, para 60% média OCDE). E apesar de em 30 anos termos feito um esforço grande, olhem para o nosso triângulo, ainda estamos abaixo do Brasil, e só superamos o México e a Turquia!
Imagem 1 - População que atingiu o ciclo do 10 a 12º anos.
Aliás isto é ao nível da OCDE, ao nível Europeu, Portugal é uma aberração total, um deserto no que toca à Educação. Nós estamos com 44% de alunos que frequentaram o Secundário. Não existe mais nenhum país abaixo do nosso, nem perto do nosso. O mais imediatamente a seguir a nós é a Espanha que tem 66%. Estamos a 22% de distância, mas ela própria está a 15% da média da Europa que é de 80% de frequência do 12º ano.
E depois pedem ao país que Cresça, que Inove, que Crie. Mas como, não temos massa crítica, passámos da Agricultura para os Serviços mas quem ali trabalha continua a ter pouca mais escolaridade do que antigamente.
Imagem 2 - Comparação da conclusão dos estudos por ciclos entre Portugal e OCDE
Aliás olhando para os dados comparativos de todos os ciclos de estudos (Imagem 2), e agora falando em termos de real conclusão de cada ciclo, temos 28% da população total com mais do que o Ensino Secundário (Secundário+Superior), enquanto toda a OCDE tem 72% de média. Estamos a falar de um distanciamento de 44%, não é uma daquelas comparações com um diferença de 2 ou 3 pontos percentuais. É praticamente o triplo e atenção que na OCDE incluem-se muitos países externos à Europa com menos posses que Portugal.
Imagem 3 - Investimento em Educação em percentagem do PIB
É que olhando para o Investimento em termos de PIB (Imagem 3), Portugal investe 5.6% de toda a riqueza anual que produz em Educação, ou seja em total sintonia com a OCDE que ainda assim é de 5.7%. Ao nível de países como a Finlândia ou a Áustria, o problema é que estes países apresentam ambos uma população de 90% com frequência do 12º ano, ou seja eles estão a investir o mesmo que nós quando apresentam já o dobro das nossas qualificações.
Desta forma nós precisamos obrigatoriamente de elevar o investimento, é crucial para o presente e futuro de Portugal. Mas o que o Nuno Crato nos trás é "fazer mais com menos". E até podiamos dizer, que "a culpa não é dele, isto é da crise, não há dinheiro, ele não pode fazer nada quem manda é o Vitor Gaspar (MF)". Mas não podemos dizer isto, e porque não? Porque o que temos não é apenas a redução da quantidade de dinheiro total investido em Educação, o que temos é uma redução da Percentagem do PIB, e não é pequena, que passa de 5.6% para 3.8% em 2012. Isto é alarmante, isto é uma total aberração, e é fruto apenas e só da Ideologia de quem traçou o orçamento e de quem o defende. Em termos de percentagem do PIB, como se pode ver na Imagem 3, nenhum outro país desprezou assim a educação da sua nação!!!
Imagem 4 - Panfleto afixado em escolas secundárias em 2011
O que devia estar a fazer era investir fortemente no ensino Técnico-Profissional para motivar os milhares de crianças que não se adaptam ao ensino clássico que é o que faz muito fortemente a Alemanha e também a França. O que devia estar a fazer era incentivar a autonomia das Universidades para que estas continuassem a conseguir mais verbas fora do Orçamento de Estado, e com isso incentivassem os seus quadros a realizar mais e melhor investigação.
Imagem 5 - Fábricas que empregam mão de obra intensiva não qualificada porque é mais barato que o investimento em investigação em novas máquinas.
No fundo o que precisamos de fazer é elevar violentamente a educação da população, porque a mão-de-obra barata que vingou nos anos 80 já não vende. A mão-de-obra barata, aquela que tem apenas a 4ª classe, ou o 9º ano já não vende nem na Europa de Leste. A Nokia ainda este ano deslocalizou uma Fábrica de telemóveis da Roménia para a China. Ou somos capazes de criar mais valia, produzir produtos com altos níveis de qualificação, ou então estamos condenados a Empobrecer.
Analise-se de novo a Imagem 1 e veja-se o exemplo da Coreia do Sul. A Coreia do Sul há 30 anos já estava muito à frente de Portugal. Mas não é isso que vos peço para olhar. Olhem para o salto dado, é de 40 para 100. Em Portugal saltámos de 12 para 48. Ou seja o salto dado pela Korea no mesmo período de anos, é de 60 pontos percentuais, o nosso salto é metade! Mas o que isto quer dizer, mais do que termos apenas crescido metade, é que é possível fazer muito mais.
Agora pensem no mundo da Eletrónica mundial, quais são as marcas das TVs, Telemóveis, DVDs, Ar Condicionados, etc. que todos os dias veem à venda nas grande superficies portuguesas, são a Samsung e a LG. Quantas marcas de carros Coreanos conhecem - Hyundai, Kia, Daewoo ou SsangYong. Não podemos esquecer que a Coreia do Sul não teve Salazar, mas teve uma guerra que levou ao desmembramento do País em Norte e Sul.
O problema disto é que para em Portugal criar uma marca destas de eletrónica ou carros, não chega ter 14% de licenciados, de todo. Mas em cima disso e talvez mais grave, precisávamos de muitas mais pessoas com qualificações ao nível do 12º ano, não chega ter mais outros 14%. De preferência técnicos qualificados em Metalomecânica, em Mecânica, em Eletrónica, em Informática, em Gestão, em Secretariado. De que me adianta ter milhares de miúdos com 18 anos que sabem muito de Português ou Matemática, mas não sabem fazer nada de concreto! Mas pior é mesmo que a grande massa, 72%, não vai além do ensino básico do 9º ano. Com essa escolaridade não servem a nenhuma empresa que precise de competir internacionalmente.
E factos, a Coreia do Sul está longe de investir 3.8% do seu PIB em Educação, nem 5.6%, a Coreia do Sul nos dias de hoje investe 7% do seu PIB em Educação. E depois venham-me dizer que temos dos sistemas de ensino mais caros do mundo, o que temos é um total desprezo pelo sistema de ensino. O que temos é uma visão miope. O que queremos é continuar a viver como um país pobre, sem saída.
Ou melhor a saída parece ter sido apresentada por estes dias pelo secretário de Estado Juventude e do Desporto deste governo quando disse, "temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras", isto é o que este governo tem a propor a quem neles votou, é a emigração. Por que segundo eles "esse emigrante regressará depois de conhecer as boas práticas do outro país e poderá replicar o que viu no sentido de dinamizar, inovar e empreender". Claro, mandamos a nossa juventude formar-se à custa dos outros e depois esperamos que eles voltem para nos tirar do buraco!!
Não haja qualquer dúvida disso, é que se esta atitude se mantiver face à educação, aquele fosso entre o quadrado e o triângulo, da Imagem 1, em vez de aumentar vai diminuir e as consequências disso só podem ser o empobrecimento, o regresso à agricultura de subsistência dos anos 50 e 60.
Imagem 6 - A agricultura de subsistência garante apenas a sobrevivência dos envolvidos no trabalho direto.
Estou em crer que este Ministro da Educação ficará para a história como o ministro mais Salazarista, desde os tempos de Salazar, em termos ideológicos.
Toda a informação no relatório Education at Glance 2010 da OCDE.
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