Markus Persson, criador do videojogo Minecraft (2009-2011)
A infância de Persson, na Suécia, não difere muito da de muitos que hoje em Portugal têm entre 35 e 40 anos, e que começaram as suas primeiras experiências informáticas a programar num ZX Spectrum. A testar sistemas e a sonhar com uma carreira num mundo das tecnologias e cultura ligada ao desenho e desenvolvimento de videojogos. Tal como cá, Persson também foi desaconselhado a seguir tal rumo. Era algo sem futuro, impossível de cumprir enquanto atividade profissional num país pequeno como a Suécia. Por isso seguiu Design Gráfico. Este seu percurso permitiu-lhe começar a criar os seus primeiros jogos, a desenhar e programar mais de 30 jogos em Flash, enquanto trabalhava como web designer. Foi com este background que surgiu a ideia e as competências para levar a cabo Minecraft. Inicialmente ficou em part-time na empresa de web-design, e depois saiu completamente apenas para terminar Minecraft.
Um percurso perfeitamente legítimo, auto-explicável, sustentado, sem passos de mágica ou genialidades incompreensíveis. Muitos anos, muito investimento pessoal em fazer aquilo que se sonhava desde cedo. E por isso me interessou ainda mais a sua história familiar, que achei deveras interessante, e impossível não comparar com outras histórias dos países frios do Norte.
Persson teve uma adolescência agitada, com um pai alcoólico e muito pouco presente. Ainda assim, nas suas declarações podemos compreender como este o amava. Podemos compreender que apesar de distante, o seu pai foi fundamental na suas escolhas e na perseverança em lutar por aquilo em que mais acreditava. Não vou aqui relatar o que está no artigo, porque seria de algum modo revelar o clímax da narrativa do texto de Parking, que julgo que vale a pena ler por completo.
Quero apenas aqui estabelecer a ligação entre aquilo que poderão ler na segunda parte do texto, a propósito da vida pessoal de Persson e do seu pai, com aquilo que experienciei na leitura do livro de David Vann, Legend of Suicide (2008) (analisado aqui). Persson na Suécia, Vann no Alasca, com tanta proximidade nos sentires. Se sentiram a história de Persson, aconselho vivamente a leitura do livro de Vann.
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