julho 16, 2013

Mapeamento das Ciências dos Videojogos

Entre Outubro de 2012 e Junho de 2013, numa colaboração entre os grupos da DiGRA, do ECREA Digital Games, e do ICA SIG foi realizado um inquérito aos investigadores de videojogos, no sentido de apurar a origem, a área e algumas percepções sobre o domínio. Desse estudo foram agora publicados alguns dados preliminares. O estudo foi distribuído a todos os membros das organizações (GamesNetwork: 1500 membros, ICA SIG: 200 membros, ECREA TWG: 180 membros). Das 792 respostas recebidas, foram validadas para análise, 544.


O dado mais relevante revelado foi o da área de background dos investigadores das Ciências dos Videojogos. Se dúvidas houvesse ainda quanto ao modo como a Academia encara o mundo dos Videojogos, aqui ficam totalmente esclarecidas. As Ciências da Comunicação (que englobam os media studies e communication studies) são responsáveis por 30% dos investigadores interessados em estudar os videojogos. Logo a seguir temos a Psicologia e a Educação e claro o Design. Até aqui tudo bem, o que me surpreendeu foi o interesse diminuto pelo campo, da parte das Artes e Informática. Talvez não seja diminuto, mas apenas menos representado que outras áreas. Por outro lado não posso deixar de dizer aqui que isto se aproxima de algumas percepções que tenho do campo.

Em Portugal a área é dominada pela Informática e pela Comunicação. Mas enquanto a informática apresenta um interesse estabilizado, a Comunicação não tem parado de crescer, assim como a Educação e Psicologia. Isto faz sentido, porque em termos de investigação informática, muitas das grandes questões por detrás dos videojogos, vão começando a ficar consolidadas, limitando as áreas de intervenção. Já no campo da comunicação, é todo um mundo que existe ainda por desbravar. Já o caso das artes, julgo que passa pelo eterno problema da dificuldade de aceitação da tecnologia, do novo, e por isso provavelmente veremos esse interesse aumentar nos próximos anos. Ainda assim, parece-me que nos próximos anos este mapa de áreas, irá manter-se, com uma tendência crescente para a Comunicação e Design.


Dos restantes dados divulgados, o mais consensual, e que reflete claramente o caráter da indústria, é a diferença de interesse pelo tema entre género. Sendo que 64,3% dos investigadores são homens, e apenas 35.7% são mulheres. Trabalhei algumas ideias sobre isto no livro Emoções Interactivas, (2009:287), e num texto na Eurogamer.

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