janeiro 27, 2013

"Voice Over", storytelling com emoção pura

Voice Over (2012) de Martin Rosete é original, universal e belo. Rosete utiliza todos os meios cinematográficos à sua disposição para conduzir o espectador através de três momentos épicos que por sua vez nos conduzem a um momento de enorme simplicidade e universalidade. Este texto fica-se apenas pela análise do storytelling, para evitar o efeito spoiler que estragaria o prazer da descoberta.


Os momentos épicos que nos vão aparecendo, envolvem-nos em questões que suspendem a nossa compreensão e nos mantêm intensamente atentos como só o cinema sabe fazer quando bem trabalhado narrativamente. E quando tudo parece que não vai fazer sentido faz-se luz de uma forma belíssima. Com um simples twist narrativo todos os momentos épicos que acabámos de experienciar, não só se tornam decifráveis, como ganham um poder emocional ainda maior. Tudo porque o twist assenta num evento humano tão basilar que a sua simples recordação gera em nós poderosas emoções vividas.


O realizador Martin Rosete é um criativo da publicidade (com vários prémios) e isso nota-se aqui, a forma como trabalha o suspense, a criação de atenção no espectador com o storytelling. Agarra o espectador e não o larga até lhe lançar a "bomba" em cima. Aliás este filme foi também imensamente premiado - 44 prémios e 80 selecções em festivais como Melies D'or 2013, Tribeca Film Festival, Clermont Ferrand 2013, New York City Short Film 2012.


Vale a pena ver, depois do filme, o Making Of porque ficamos a compreender muito melhor a complexidade da produção aqui em causa. Aliás chega-se a dizer que este guião era suposto ter sido criado em Animação, e faz sentido, mas fiquei a pensar que este filme em animação apesar de continuar a ser poderoso, perderia imenso do poder que tem. Desenvolver os três cenários tão complexos, apresentar todas estas emoções com verdadeiras performances humanas, elevam o drama e a emoção. Essencialmente porque enquanto vemos toda a produção de grande qualidade realizada indagamo-nos ainda mais sobre a razão de tudo aquilo. O que nos querem realmente dizer em apenas 10 minutos?

Voice Over (2012) de Martin Rosete

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