abril 23, 2012

Off Book: "The Art of Film and TV Title Design"

O novo episódio da série Off Book trata o Title Design, ou seja os genéricos para cinema e televisão. Esta é uma das artes que mais me tem interessado nos últimos 20 anos, por fundir tão bem o meu interesse pelo cinema com o meu interesse pelo design gráfico, no fundo é a forma de arte que deu origem a tudo aquilo que hoje chamamos de motion design.


No ano passado escrevi um artigo sobre o title design contemporâneo, Poétiques du Générique de Cinéma : l'Expressionnisme en Mouvement (Poéticas do Genérico de Cinema: Expressionismo em Movimento) para uma revista científica francesa, a Sociéte. Como o artigo está inacessível passei para aqui alguns trecho da primeira parte do artigo que ainda tinha aqui em português.

Genérico de fecho de 300 (2006) por Garson Yu da yU+co

"Esta nova forma de criar e construir as entradas no filme acabam por surgir como uma mistura de componentes narrativas do filme em si e de marketing, não sendo nem uma coisa nem outra. Como nas capa de livros, a capa é para além de informativa um dos principais motes de impulsão de compra assim como o são o Cartaz e o trailer do filme. Mas o genérico não é uma mera ferramenta de marketing, apesar de fazer uso de toda a sua mecânica persuasiva para envolver e transportar a pessoa para o território do artefacto. De algum modo e até pegando no facto de o próprio Kyle Cooper ter criado uma empresa com esse nome, a Prologue,  os genéricos transformaram-se em algo mais do que a mera visualização de informação, criando verdadeiros prólogos ou epílogos aos filmes, dando vida a uma nova forma de comunicação que envolve e “amacia”  o espectador.





"Em termos históricos podemos dizer que os genéricos para cinema têm sido mal tratados não apenas pela academia mas pela própria indústria de cinema. Das mais de vinte categorias existentes nos Oscars Academy Awards, nenhuma reconhece este trabalho  e o mesmo se sucede com os festivais de Cannes ou Veneza, entre muitos outros. Por outro lado e por estranho que pareça os genéricos são perfeitamente reconhecidos, há mais de dez anos, na área dos seriados para televisão, pelos Emmy Awards com a categoria “Outstanding Main Title Design”.

Em termos bibliográficos um dos melhores trabalhos realizados até hoje sobre a história dos genéricos no cinema é o livro Uncredited de Boneu e Solana (2007) que apesar de possuir uma fraca capacidade analítica dos artefactos em si  é capaz de elencar muito trabalho desconhecido do grande publico e até dos mais entendidos uma vez que o trabalho criativo por detrás dos genéricos foi para além de durante muitos anos negligenciado, não reconhecido nos próprios créditos de produção, e daí o nome da obra de Boneu e Solana.

Genérico de abertura de Rocknrolla (2008) por Danny Yount da Prologue

Podemos neste livro descobrir que dois dos mais conceituados realizadores da história do cinema, Hitchcock e Godard, criavam os seus próprios genéricos. Hitchcock terá mesmo começado a sua carreira no tempo do cinema mudo como designer de intertitulos e daí ao trabalho de design de genéricos foi apenas um passo. E por isso mesmo se torna tão clara a sua associação ao designer do momento nos anos 50, Saul Bass para a criação dos títulos de Vertigo (1958) e Psycho (1960) depois deste ter criado um dos primeiros e mais famosos genéricos de sempre para Man with the Golden Arm (1955)  levando mesmo a que no cartaz de promoção do filme se tivesse substituído a imagem de Frank Sinatra pelo grafismo criado por Bass (Boneu e Solana, 2007:143).


Imagem e experiência da abstracção (Arnheim, 1969:151)


O que está aqui em discussão é antes de mais a possibilidade de definir uma corrente estilística alegadamente criada por um determinado recorte de genéricos fílmicos que se concentra sobre um grupo companhias de produção de genéricos fílmicos e seus artistas. A saber em concreto que tipo de relação estética existe entre o trabalho criado pela R/GA nos anos 70, com o trabalho criado nos anos 90 pela Imaginary Forces, e depois nos anos 2000 pela Prologue e yU+co. Ou seja procurar traços estilísticos comuns no trabalho dos artistas - Greenberg, Cooper, Yu, Fong e Yount – e saber se definem per si uma corrente." Neste episódio têm desde já oportunidade para ouvir entrevistas com Fong e Frankfurt.


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