dezembro 08, 2009

"God Delusion", obrigatório

Aqui está um livro verdadeiramente obrigatório para todos. Se a Bíblia é o livro mais vendido de sempre, God Delusion (2006) de Richard Dawkins deveria passar a ser distribuído juntamente com a mesma, funcionando como uma espécie de "Ler Antes de Abrir". Este é um livro que poderia ter um impacto positivo sobre o modo como a civilização se relaciona.

A ilusão que Dawkins nos diz pretender desmascarar é aquela presente na cultura dos fundamentalismos e extremismos religiosos de algumas culturas islâmicas assim como de uma massa cristã do interior dos EUA. Mas claramente que não está apenas a falar para essas duas comunidades, está a fazê-lo para todos os que vivem a vida em função de um desígnio traçado por algo invisível que só a chamada “fé” aparentemente pode abranger. Ao tratar o assunto com esta profundidade Dawkins abre muitas portas que até aqui permaneciam fechadas.

O que Dawkins faz é proceder à análise segundo o método cientifico sobre a existência de Deus, sobre a credibilidade dos Dogmas e Fé instituídos pela Igreja de "Deus". Como Dawkins nos diz, porque é que Deus ou a religião deveriam ser um reduto não escrutinável pela ciência. Porque é que as únicas pessoas a poderem “falar” são os menos preparados metodológica e cientificamente para o fazer.

Acima de tudo o mais importante da mensagem deste livro está no desmontar de uma ideologia de intolerância, perpetrada pela religião, uma constante ao longo de toda a história da humanidade. “Quem não pensa como eu, não é digno de co-existir comigo”. São mais que muitos os factos desta intolerância a começar pelas atrocidades relatadas no Velho Testamento e a terminar no 11 de Setembro, passando pela ferida aberta da Irlanda do Norte para não falar em Inquisições, ou ainda por dilemas mais privados como a Homossexualidade ou o Aborto. A religião tal como no documentário feito sobre o tema pelo Channel 4 pode ser verdadeiramente vista como “A Raiz de Todo o Mal / The Root of All Evil”. Um título dado pelo canal sem o consentimento de Dawkins mas que reflecte bem tudo o que se pode descrever sobre o impacto do fundamentalismo religioso que a fé impõe.

Este livro funciona de certo modo como uma visão sobre a história da humanidade em função da sua necessidade de "crer". Ou seja, uma sociedade que acredita que sem crença não haverá razão para sustentar a vida. Uma verdadeira falácia, o número de suicídios nos grupos religiosos e ateus é semelhante o que demonstra que esta não é uma variável causal.

Finalmente Dawkins pretende apenas apresentar uma visão do mundo baseado nas condições que a natureza nos impõe e demonstrar que estas condições não devem ser menosprezadas e que não precisamos de imaginar “algo para além de” o simples facto de existirmos tem uma motivação enredada na natureza do planeta em que estamos inseridos, somos parte de todo um processo evolutivo darwiniano.


PS1: de notar que Dawkins faz questão de retirar da equação religiosa o Budismo, considerando-o antes uma forma de viver e não uma religião, com o que concordo.

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