Dear Zachary: A Letter to a Son About His Father (2008) é um filme documental, cunhado pela proximidade entre o protagonista da acção do filme e o realizador. Ou seja é um objecto de alguma forma pessoal e íntimo sobre a perspectiva que esta pessoa tem sobre a outra pessoa. O filme trata o assassinato de um médico americano, Andrew Bagby, visto pela perspectiva de Kurt Kuenne, amigos de infância, e actor e realizador respectivamente de vários pequenos filmes na adolescência.
À partida não seria o tipo de filme que eu veria, contudo a sua excelente recepção crítica e da IMDB fez-me procurar perceber o fenómeno. Diria que temos aqui aquilo que à partida não seria mais do que um filme caseiro, tornado em algo mais do que televisão, mesmo cinema, devido ao modo como é utilizada a linguagem audiovisual. Aliás até vou mais longe, este documentário é na sua gramática e conteúdo mais eficiente que o realizado por um monstro do cinema, Emir Kusturica, sobre Maradona.
Neste filme podemos ver várias coisas que fazem dele um objecto de referência. Primeiramente a história, esta possui a densidade dramática necessária, depois e acima de tudo, o modo como o enredo é construído ao longo do documentário. No início fiquei com a ideia de que estava a ver uma reportagem de telejornal sobre um caso da vida, mas rapidamente percebemos que é mais do que isso. O modo como Kurt Kuenne encena o primeiro acto e nos lança para uma nova problemática do conflito é de excelência. São dezenas de entrevistas recortadas no tempo e apresentadas em cadência que nos permitem ir construindo um figurino e nos aproximam, mais e mais dos personagens daquela narrativa.
Estes elementos, a história, o enredo e a empatia gerada criam um forte envolvimento do espectador que chegados ao seu clímax é difícil não nos levar a sentir perturbados e afectados emocionalmente pelo resultado final. Aliás só o visionamento do trailer abaixo e o relembrar do filme, toca-me em demasia.
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