Enquanto filme do género Épico vai contra todos os seus naturais ingredientes - herói masculino, o poder do grande número, a acção bruta e visceral. Aqui o que nos vai tocar é o debate acerca da liberdade do pensamento e o choque de ver essa liberdade professada por uma mulher de um modo completamente natural e aceite pela sociedade de há dois mil anos atrás.
Graças à reconstituição de cenários físicos e com muita pós-produção é-nos dado a ver toda a Biblioteca de Alexandria no seu esplendor, mas o que nos vai tocar é o magnífico trabalho de Amenabar na condução das expectativas, na mestria que possui na gestão da narrativa como nos atrai e nos guia até ao clímax. Tem demonstrado, desde o seu filme de graduação Tesis (1996), que é capaz de controlar na perfeição os tempos de espera para nos fazer chegar a informação necessária à compreensão e criação de emoção necessárias à progressão narrativa. Em Agora e com um orçamento muito diferente do que teve até agora delicia-nos visualmente, e utiliza toda a sua mestria de direcção de cena para criar um espantoso mundo grego, dar-nos a ver pelos olhos dos seus habitantes, sentir o calor daquele local, e experienciar um local nunca antes visto mas apenas imaginado.
Amenabar diz-nos no site do filme que o faz com o sentido de extrair o que de melhor representaria a biblioteca de Alexandria,
"Our goal, with this film, was to apply emotion to what happens in the universe; all the emotion that comes from trying to unravel the mystery of the cosmos"
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