O artigo de Paulo Boag é antes de mais dirigido aos generalistas, e como tal é sobre esses que nos fala, embora por exclusão de partes acabe por falar dos especialistas. Dois pontos de grande importância, aqui analisados são - as motivações e os perigos - de ser um Generalista.
Motivações para Ser GeneralistaDestas motivações, apenas a primeira é de natureza humana, as restantes são mais de variante logística. Deste modo e tendo em conta que poderão estar aqui em jogo motivações que não são intrínsecas, interessa perceber que perigos existem para quem enverede por esta abordagem.
. A sede de variedade.
. Ter uma equipa pequena.
. Ser freelancer.
. Ser responsável de I&D
. Gerir negócio próprio
Perigos de Ser GeneralistaComo nos diz Boag, ser generalista não tem mal nenhum, mas não deve ser encarado como "um mar de rosas", porque não o é. O generalista, assim como o investigador multidisciplinar, é alguém que tem de estar constantemente a demonstrar o seu valor, porque não sendo especialista em nada em concreto, dificilmente se destaca em face dos especialistas. Por outro lado, e dado esta necessidade de demonstração constante, a pressão para estar a par de tudo sempre é gigantesca e isso claramente conduz-nos aos limites que possui um generalista.
. A constante luta para demonstrar o seu valor
. A constante corrida contra-tempo da aprendizagem
. Os limites do generalista
Diagrama de Dave Gray
Estou aqui claramente a falar da minha perspetiva enquanto investigador que cruza várias disciplinas científicas desde a informática, o design e a comunicação, à arte, à psicologia e à sociologia. Como generalista, ou investigador multidisciplinar, é necessário conhecermos muito bem esses limites, e saber delegar as tarefas em especialistas. Temos de saber rodear-nos de pessoas que sejam especialistas, e desenvolver meios de comunicação e colaboração que funcionem com cada um deles. Aliás esta é a mais valia do generalista, a sua capacidade de comunicação, de compreender o que os especialistas têm a dizer, e de transmitir-lhes o que se pretende.
Este diagrama de Anita Hart defende que o Generalista possui pelo menos um dominio no qual é especialista.
Neste sentido deixo aqui um traçado das necessidades clássicas de conhecimento para um Investigador em Digital Arts e Media, logo seguidas pelas necessidades específicas que requerem aprendizagem diária.
Unidades de Conhecimento
1 - Arte – Teorias de Videojogos, Cinema, Drama, Fotografia, e Pintura.
2 - Informática - Novas plataformas de criação e novas abordagens de scripting.
3 - Design - Novos processos, métodos de decisão e abordagens problem-solving.
4 - Comunicação - Teorias dos Media (TV e Internet) e Publicidade
3 - Psicologia - Teorias da Emoção e Cognição
5 - Sociologia – Impactos na Sociedade e Metodologias de Investigação
Na especialidade falamos de,
Composição Visual e Motion (Arte)
. Forma e Composição
. Animação e Literacia do Movimento
. Percepção Visual
. Software: Photoshop, Illustrator, AfterEffects, Blender, Cinema 4d, Etc.
Authoring (Informática)
. Lógica e Interatividade
. Linguagens de Scripting
. Software: Actionscript, UnityScript, Processing
Design de Interacção (Design)
. Conversação e Comunicação Não-verbal
. Brincar e Jogar (Interactividade)
. Hardware: Kinect, Touch, e Sensores
Público (Comunicação, Psicologia, Sociologia)
. Experiência do Utilizador (UX)
. Emoção e Cognição
. Memória e Aprendizagem
. Usabilidade e Validação
Esta não é de todo uma discussão de agora, que até foi mais impulsionada pela vontade de fazer uma listagem das minhas necessidades diárias de informação. O nosso sistema atual de ensino superior vive obcecado com esta dicotomia. A licenciatura versada na generalidade, ou a chamada aprendizagem de banda-larga, e a pós-graduação (Mestrado e Doutoramento) na especialização. Neste sentido e para quem estiver interessado em perceber melhor as vantagens do generalismo, ficam aqui uns slides de 2005 de Steve Hardy.