Niko - Homer, Alaska
"As crianças mais ricas, eram mais possessivas. No início, não queriam que eu tocasse nos seus brinquedos, e eu precisava de mais tempo até que elas me deixassem brincar com eles. Nos países pobres era muito mais fácil. Mesmo que apenas tivessem dois ou três brinquedos, elas não se importavam. Na África, as crianças brincavam essencialmente com os amigos fora de casa."Mais interessante, é a conclusão de Galimberti a propósito daquilo que se pode extrair em termos associativos. Ele sentiu no seu trabalho que de algum modo aqueles brinquedos refletiam também as ambições e mundos dos pais de cada criança. A mãe da Letónia que guiava um taxi e enchia o filho de carrinhos. O agricultor italiano cuja filha orgulhosamente exibia ancinhos, enxadas e pás de plástico. Os pais do Médio Oriente e da Ásia que quase empurravam os miúdos para serem fotografados, mesmo aqueles que não estavam muito dispostos a isso. Enquanto os pais da América do Sul estavam muito mais relaxados e diziam que podia fazer o que quisesse, desde que o seu filho não se importasse.
Os brinquedos são uma parte extremamente importante da cultura humana. Nesta imagem podemos ver um brinquedo grego do Século IV A.C. [Brinquedo em exposição no Museu Arqueológico de Atenas. Fonte]
Do meu lado, o que mais me impressionou neste retrato internacional, foi a obsessão do ser humano pelos conjuntos de peças, de diferentes formas e cores. Como se existisse uma necessidade constante de juntar mais ao que já temos, uma espécie de colecionismo processado ao nível mental. Repare-se na menina da Zambia e os seus óculos de sol, ou no menino do Texas com os seus aviões. Impressiona-me em termos cognitivos, porque se reflete ao longo de toda a nossa vida. Aquilo que buscamos nos brinquedos, de algum modo não se diferencia muito daquilo que vamos procurar mais tarde, na nossa vida. Não me refiro concretamente ao tema dos brinquedos, mas à nossa relação possessiva e coleccionista com estes.
Empatização e Sistematização (Baron-Cohen, 2003: 178)
Sobre os temas, apesar de toda a influência circundante, própria de seres em construção e modelação, o que mais me impressiona é a reiterada clivagem entre meninas e meninas, e uma tão clara afirmação e peso das bonecas para meninas e de carros para meninos. Apesar de podermos encontrar excepções, maioritariamente e independentemente do continente, podemos dizer que universalmente as meninas brinca com bonecas e peluches, enquanto os meninos brincam com carros, comboios e aviões. Sei bem que se levantam muitos contra esta diferença, afirmando que é meramente criada pela sociedade. Do meu lado o que vejo aqui, é aquilo que venho falando, baseado nos trabalhos de Baron-Cohen (ver imagem acima). As meninas recorrem às bonecas porque elas estimulam a imaginação no campo da empatia e do relacionamento social. Já os rapazes recorrem aos carros porque estes evocam a sua motivação para compreender como é que os sistemas funcionam. Isto não quer dizer que não existam homens mais empáticos, e mulheres mais orientadas aos sistemas, mas como podemos ver nesta série fotográfica são mais excepção do que regra.
Allenah - El Nido, Philippines
Abel - Nopaltepec, Mexico
Bethsaida – Port au Prince, Haiti
Chiwa – Mchinji, Malawi
Cun Zi Yi – Chongqing, China
Davide - La Valletta, Malta
Elene - Tblisi, Georgia
Farida - Cairo, Egypt
Arafa e Aisha – Bububu, Zanzibar
Jaqueline - Manila, Philippines
Julia – Tirana, Albania
Kalesi - Viseisei, Fiji Islands
Li Yi Chen - Shenyang, China
Keynor – Cahuita, Costa Rica
Lucas - Sydney, Australia
Maudy - Kalulushi, Zambia
Naya - Managua, Nicaragua
Noel - Dallas, Texas
Norden – Massa, Morocco
Orly - Brownsville,Texas
Pavel – Kiev, Ukraine
Puput - Bali, Indonesia
Shaira – Mumbai, India
Ragnar - Reykjavik, Iceland
Ralf - Riga, Latvia
Reanya - Sepang, Malaysia
Ryan - Johannesburg, South Africa
Stella – Montecchio, Italy
Taha - Beirut, Lebanon
Talia - Timimoun, Algeria
Tangawizi – Keekorok, Kenya
Tyra - Stockholm, Sweden
Alessia – Castiglion Fiorentino, Italy
Botlhe – Maun, Botswana
Enea - Boulder, Colorado
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