fevereiro 13, 2013

"The Master", porque não é o filme do ano

The Master (2012) é um filme inesquecível pelas duas interpretações principais - Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman - que são de nos tirar o fôlego. E só não digo três porque o papel de Amy Adams é muito menor por comparação, ainda assim sinto que os momentos em que aparece iguala, se não mesmo supera, os seus congéneres masculinos. Aliás estão os três nomeados, e são as únicas nomeações do filme.


Julgo que as nomeações poderiam ter ido mais longe, nomeadamente pela magnífica cinematografia suportada pela imponência dos 70 mm que servem uma imagem carregada de detalhe, textura e profundidade. Assim como a realização e a direção de actores que são absolutamente perfeitas, podendo não surpreender, mas ainda assim raramente se quedarem pelo conservadorismo.

No campo do guião, o filme pode até ser sobre Ron Hubbard, o criador da Cientologia, mas isso é na verdade pouco relevante para o filme. O que é aqui relevante é a história entre duas personagens opostas, em que uma tenta ser guia espiritual e converter a outra, sem que se perceba se o consegue alguma vez. No fundo é como Paul Thomas Anderson disse numa entrevista - "saímos como entramos". E isto é no fundo aquilo que caracteriza a filmografia de Anderson porque os seus filmes são obras desenhadas para criar experiências emocionais, ligando-nos mais perceptivamente do que cognitivamente. Por exemplo adorei e considero um dos seus melhores filmes, Punch-Drunk Love (2002), assim como Magnolia (1999), que não são diferentes deste no sentido em que saímos como entramos em termos de resolução narrativa. A gratificação dos filmes de Anderson não está nas ideias, mas nos estados de alma, nos momentos vicários, nos passeios por mundos ligeiramente deslocados da realidade, o suficiente para nos questionarem sobre a mesma. Realidades distintas, algo simbólicas, que nos tocam e abraçam.

Julgo que não me consegui ligar a The Master, algo parecido já me tinha acontecido com There Will Be Blood (2007) embora num grau muito menor. Talvez a ideia das seitas e religiosidades me afastem, ainda para mais quando Anderson provoca a todo custo o confronto, mas sem causa e menos ainda efeito. The Master é uma experiência muito interessante apesar de deixar um amargo de boca a quem procura respostas, podendo ainda assim extasiar quem apenas se deixar levar pelo fluxo da experiência.






Nota: 3/5

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