Na arte temos stop-motion com personagens e ambientes criados em plasticina, rugosos mas muito consistentes e coerentes. A cinematografia está bem trabalhada conseguindo apresentar o espaço de modo credível e facilmente inteligível tendo em conta os espaços invertidos e sobrepostos. Por sua vez a imagem é rica em textura, com muita cor e boa diferençiação espacial através da iluminação.
Mas a excelência de Head Over Heels brilha mais ao nível do conceito narrativo. A base da ideia passa por representar o sentimento de um casal que ao fim de muitos anos de vivência em comum deixaram de concordar sobre o sentido de cima ou baixo, e desse modo passaram a viver em sentidos inversos, ela no tecto e ele no chão. O conceito ajuda a inovar no campo visual, servindo ao mesmo tempo de metáfora brilhante sobre o desencontro entre casais, algo que vai surgindo naturalmente com o tempo.
Relativamente à inversão da gravidade, Reckart refere que a inspiração lhe surgiu a partir do quadro The Philosopher in Meditation (1632) de Rembrandt. Ao olhar para a simetria das escadas em espiral questionou-se sobre a possibilidade de duas pessoas poderem partilhar aquela mesma casa, uma no tecto e outra no chão. Quero no entanto relembrar que ainda há muito pouco tempo trouxe aqui um filme, Reverso (2012), também de estudante da escola ArtFx de Montpellier, no qual o personagem principal tinha perdido o sentido de gravidade. Vale a pena ver ou rever.
Head Over Heels (2012) de Timothy Reckart
O vídeo tá como privado. Como faz p assistir? :/
ResponderEliminarOi Geison
ResponderEliminarParece que retiraram o vídeo. Deve ter sido pressão da editora por causa dos direitos de distribuição do filme :(
É uma pena!