É absolutamente penetrador, o trabalho fotográfico, The Scene Makers: Actors Who Defined Cinema in 2010, feito pelo norueguês Solve Sundsbo para o New York Times. No brilho, no contraste, na textura e claro no momento e performance.
Nas qualidades referidas acima raramente o vídeo consegue superar a fotografia, porque a nossa atenção se torna menos concentrada e dispersa pelo movimento e narrativa que nos chega segundo a segundo. Mas foi desta vez tratado em pé de igualdade e com as atenções extra que o vídeo requer face à fotografia, sendo referido Fourteen Actors Acting: A Video Gallery of Classic Screen Types como: "This is the first time that video has been as significant as the print portfolio."
E é verdade ver a fotografia e ver o vídeo cria em nós ainda que de modos diferentes sensações muito fortes, o objectivo da editora Kathy Ryan desde o início: “We had to get somewhere really quickly with an impact. And it had to be beautiful.”
O que acontece então na passagem do estático ao movimento: "You’re going from making iconic images to creating narratives... but there is less of a narrative capacity in 60 seconds, so you need to create something like a poem that can lead your imagination.”
Claramente que no vídeo existe uma terceira dimensão, além do movimento não consagrada na fotografia, o som ou música. E aqui acredito que a escolha do músico Owen Pallett e a gravação pela Czech Symphony Strings ajuda e de que maneira à criação do tal poema, ou magia num minuto de tempo.
Dos vários trabalhos performativos vistos nos vídeos para mim alguns superam a fotografia outros nem por isso. Matt Damon e Anthony Mackie são soberbos no vídeo e conseguem um trabalho final muito acima da fotografia. Michael Douglas funciona muito bem em ambos os registos, no vídeo por momentos parece que estou a ver o pai Kirk Douglas. Mas é o trabalho de Chloë Moretz que me extasia, estática ou em movimento, é brutal, mais ainda se pensarmos que esta actriz tem apenas 13 anos.
Finalmente apenas duas recomendações mais. Primeira atentem no trabalho de Tilda Swinton a encarnar Maria Falconetti em La passion de Jeanne d'Arc (1928) de Dreyer, o vídeo mais uma vez captura muito melhor o que vai na alma da nossa Joana. E do lado da imagem e porque a arte não vive apenas do drama um momento de excelente boa disposição e beleza estonteante consagrada na imagem de Annette Bening (52).
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