Nuno Lobo Antunes consegue imprimir a sua personalidade no ritmo do texto, contar as suas histórias e deixar que estas se apoderem de nós, algumas deixam marcas fortes, no meu caso foi "Jennifer" quem perdurou comigo para além da noite. Sem se aproximar da mestria do seu professor de liceu, Vergílio Ferreira, Nuno Lobo Antunes produz um belo livro, sincero e honesto (veja-se a Grande Entrevista). Por vezes algo moralista sem fundamentar o suficiente, mas sendo um diário não se pode pedir que nos convençam de algo em que se acredita por mera intuição humana.
"O pai, no dia do enterro, cobriu o caixão de golfinhos azuis que na pintura sorriam para ela. Na missa, a mim, seu médico e também carrasco, chamaram-me para a sua banda, e dando-me as mãos consolaram-me de um desgosto tão fundo de que só mesmo eles me poderiam içar. Durante anos, tive a sua fotografia no ecrã do meu computador, para que todos os dias me lembrasse porque trabalhava."
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