fevereiro 16, 2013

Oscars 2013: Best Animated Short Film

Depois de ter visto os cinco filmes em concurso, e de já aqui ter analisado três deles - Paperman, Adam and Dog, Heads over Heels - quero deixar apenas breves comentários sobre os outros dois filmes - The Simpsons: The Longest Daycare e Fresh Guacamole. Aproveito também para deixar uma apreciação geral e uma indicação do potencial vencedor.

Os 5 Nomeados ao Oscar de Melhor Curta Animada

Fiquei surpreendido com a nomeação da curta, The Simpsons: The Longest Daycare (2012) de David Silverman, mas depois de a ver admito que não é apenas mais um episódio da série, é uma curta bastante interessante e que recai sobre um dos personagens menos trabalhados da série, Maggie Simpson, a bebé. A curta aborda a entrada de Maggie para o infantário a partir dos olhos da bebé, e é simplesmente hilariante. A arte por sua vez é muito mais detalhada do que aquilo que estamos acostumados a ver nos episódios.

The Simpsons: The Longest Daycare (2012) de David Silverman

A última curta do lote é Fresh Guacamole (2012) o último trabalho de PES (Adam Pesapane) que conseguiu cerca de 3.5 milhões de visualizações em quatro dias, contando neste momento com quase 7.5 milhões no YouTube. Para quem não conhece o trabalho de PES os seus filmes são normalmente pequenas animações de um a dois minutos em stop-motion de surpreendentes deslocações da realidade. Aconselho vivamente que vejam para além da nomeação, que coloco aqui abaixo, Roof Sex (2002), Game Over (2006) ou Western Spaghetti (2008). Fresh Guacamole é uma espécie de segundo episódio de Western Spaghetti. Podemos dizer que PES encontrou no stop-motion de comida inventiva um nicho a explorar. Aliás julgo que a Academia com esta nomeação não quis apenas reconhecer este filme, mas o trabalho que PES tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos.

Fresh Guacamole (2012) de PES

Por fim, olhando para as cinco nomeações é inevitável pensar que a curta dos Simpsons poderia ter dado facilmente lugar a outra nomeação, tendo em conta os restantes filmes. Aliás eu não teria a menor dúvida em substituir The Simpsons: The Longest Daycare por The Eagleman Stag (2011), um filme que já aqui analisei e que aconselho se ainda não viram. Mas consigo perceber a Academia que seguiu um padrão muito claro nas suas escolhas, nenhum dos cinco filmes nomeados tem diálogo, narração ou texto. Aqui The Eagleman Stag perde porque tem um narrador presente durante quase toda a animação. Julgo que a ideia da Academia será estimular a produção de técnicas de animação que sejam capazes de comunicar apenas visualmente, sem qualquer necessidade de verbalização. Parece-me um pouco forte, e até talvez obsessivo, embora reconheça na arte das ideias visuais a essência da animação, a animação é feita de arte visual e sonora. O diálogo não deve ser visto como um elemento estranho, embora também não deva servir de muleta para contar o que o animador é incapaz de contar em imagem.

Quanto ao vencedor não existe qualquer dúvida sobre quem irá ganhar, Paperman tem todos os trunfos. Não tem diálogo, inova na tecnologia, apresenta uma narrativa típica de Hollywood. É um filme que facilmente agrada a criadores, académicos e chega com muita força às massas. Gostava de ver Adam and Dog ganhar pela arte visual, apesar da história me decepcionar pela falta de rigor científico. Por outro lado a sua animação dificilmente consegue competir com a excelência do filme da Disney, falta-lhe produção o que é normal tendo em conta o modo como foi produzido. Aliás este é o mesmo problema de que sofre Head Over Heels tem uma narrativa soberba, mas a animação, apesar de muito boa, está longe do nível de Paperman. Num certo sentido a animação em Adam and Dog e Head Over Heels é até mais autêntica, mais pura, são os primeiros esboços dos seus criadores, enquanto Paperman denota as várias camadas de trabalho de produção subsequentes a cada esboço. Quanto a Fresh Guacamole parece-me que a nomeação é já em si o prémio que a Academia tinha em mente.

Vale a pena rever Paperman no YouTube em HD, nomeadamente ver as camadas de desenho à mão sobrepostas ao volume do 3d. Muito interessante por exemplo confrontar o puro 2d feito à mão de Adam and Dog com o 2d de Paperman e ver como as diferenças sobressaem ainda mais. Temos aqui não apenas uma tecnologia nova, mas uma nova técnica de animação.

Paperman (2012) de John Kahrs

fevereiro 15, 2013

"Alma", documentário interactivo

Alma: A Tale of Violence (2012) é um documentário interactivo feito para a Web e Tablet (iPad / Android). Alma fala sobre a violência na Guatemala, atualmente um dos países com a maior taxa de assassinatos no mundo (dados UN). O trabalho foi desenvolvido tendo por base um relato vídeo feito na primeira pessoa por Alma, uma rapariga de 26 anos, que passou cinco anos num dos gangs mais violentos da capital. É um relato forte e não indicado para pessoas mais sensíveis.


O documentário é apresentado num fluxo de imagens, feito de dois vídeos que correm em paralelo, podendo o espectador escolher ao longo dos 40 minutos qual dos dois fluxos quer seguir, simplesmente arrastando com os dedos para cima ou para baixo. Um dos fluxos apresenta Alma relatando directamente para a câmara, no outro temos fotografias, ilustrações, e vídeos. No fundo, em vez de termos um documentário em que se vai entrecortando o relato com informação mais visual, escolheu-se ter ambos sempre presentes, deixando nas mãos do espectador escolher como prefere acompanhar a narrativa. Do meu lado, passei grande parte dos 40 minutos para cima e para baixo. O relato de Alma é muito genuíno e muito forte, de modo que não queria perder a sua expressão, ela é o garante da intensa emocionalidade de cada fotografia e ilustração.

A acompanhar o documento interactivo existe depois toda uma camada adicional de informação que podemos visitar antes ou depois do filme interactivo. Muito trabalho adicional de recolha de informação no terreno em vídeo, fotografia, audio e voz, mas também muita informação trabalhada. O mais interessante dessa camada adicional aparece sob a designação de Módulos de Informação, que não são mais do que textos e fotografias que podemos ir apreciando ao nosso ritmo, mas que são verdadeiramente informativos. São quatro os módulos de informação presentes na aplicação: Violence, Prevention, Guatemala e Maras. De todos aconselho vivamente o Violence, que nos explica como a Guatemala se transformou num dos países mais violentos do mundo.

Todo este trabalho foi criado pelo fotógrafo Miquel Dewever-Plana e pela jornalista Isabelle Fougère. Na ilustração tiveram Hugues Micol, na montagem Lydia Decobert, e na música Greg Corsaro. O trabalho foi produzido pelo canal Arte. Tudo está disponível de forma gratuita tanto na web como no iPad ou Android.



fevereiro 14, 2013

OffBook: "The Art of Illustration"

Acaba de sair um dos mais apetitosos episódios da série OffBook, The Art of Illustration (2013). Enquanto via os curtos 7 minutos tirei mais de 50 screenshots para usar neste pequeno texto, quando normalmente me fico pelos 10, raramente indo além dos 20. Este indicador diz bem do que podem esperar encontrar dentro deste pequeno documental.



Além da enorme quantidade de trabalho que poderão ver, temos ainda entrevistas com a talentosa Yuko Shimisu, com Sean Murphy o criador de Punk Rock Jesus (2012), com Molly Crabapple e ainda Steven Guarnaccia o director do curso de Ilustração da Parsons New School. Gostei de dois reparos sobre o trabalho do ilustrador deixados por Yuko Shimisu,
"A minha maior preocupação como ilustradora surge quando tenho uma ideia para uma ilustração, se essa ideia puder resultar melhor como fotografia então não é uma boa ideia...
O objectivo é que a ilustração leve o leitor a parar na página, e queira ler o artigo..."
Yuko Shimisu




"Illustrators articulate what a photograph cannot. Using an array of techniques and styles, illustrators evoke stories and meaning in a variety of mediums, from editorial illustration in magazines and newspapers, to comics books, to activist media. And as their tasks over the years have become less informational and more expressive, their individual voice as artists becomes all the more critical and beautiful, revealing an exciting and awe-inspiring age of illustration."
OffBook

fevereiro 13, 2013

"The Master", porque não é o filme do ano

The Master (2012) é um filme inesquecível pelas duas interpretações principais - Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman - que são de nos tirar o fôlego. E só não digo três porque o papel de Amy Adams é muito menor por comparação, ainda assim sinto que os momentos em que aparece iguala, se não mesmo supera, os seus congéneres masculinos. Aliás estão os três nomeados, e são as únicas nomeações do filme.


Julgo que as nomeações poderiam ter ido mais longe, nomeadamente pela magnífica cinematografia suportada pela imponência dos 70 mm que servem uma imagem carregada de detalhe, textura e profundidade. Assim como a realização e a direção de actores que são absolutamente perfeitas, podendo não surpreender, mas ainda assim raramente se quedarem pelo conservadorismo.

No campo do guião, o filme pode até ser sobre Ron Hubbard, o criador da Cientologia, mas isso é na verdade pouco relevante para o filme. O que é aqui relevante é a história entre duas personagens opostas, em que uma tenta ser guia espiritual e converter a outra, sem que se perceba se o consegue alguma vez. No fundo é como Paul Thomas Anderson disse numa entrevista - "saímos como entramos". E isto é no fundo aquilo que caracteriza a filmografia de Anderson porque os seus filmes são obras desenhadas para criar experiências emocionais, ligando-nos mais perceptivamente do que cognitivamente. Por exemplo adorei e considero um dos seus melhores filmes, Punch-Drunk Love (2002), assim como Magnolia (1999), que não são diferentes deste no sentido em que saímos como entramos em termos de resolução narrativa. A gratificação dos filmes de Anderson não está nas ideias, mas nos estados de alma, nos momentos vicários, nos passeios por mundos ligeiramente deslocados da realidade, o suficiente para nos questionarem sobre a mesma. Realidades distintas, algo simbólicas, que nos tocam e abraçam.

Julgo que não me consegui ligar a The Master, algo parecido já me tinha acontecido com There Will Be Blood (2007) embora num grau muito menor. Talvez a ideia das seitas e religiosidades me afastem, ainda para mais quando Anderson provoca a todo custo o confronto, mas sem causa e menos ainda efeito. The Master é uma experiência muito interessante apesar de deixar um amargo de boca a quem procura respostas, podendo ainda assim extasiar quem apenas se deixar levar pelo fluxo da experiência.






Nota: 3/5

fevereiro 12, 2013

O Lado Negro da Moral

The Baby Lab (2012) é uma reportagem do programa 60 Minutes sobre a moral em bebés, realizada com os professores Karen Wynn e Paul Bloom da Universidade de Yale. Karen Wynn é directora do Infant Lab onde se estudam mecanismos mentais para compreender o mundo a partir dos olhos das crianças. Por outro lado Paul Bloom é autor do reconhecido livro How Pleasure Works: The New Science of Why We Like What We Like que já aqui analisei.


A essência dos seus estudos e trabalhos demonstraram que bebés com apenas 3 meses conseguem ter já um sentido moral. Esta descoberta leva-nos à simples constatação de que a moralidade e a justiça são algo que nasce connosco, ao contrário da ideia de que seria necessário educar as pessoas neste sentido. Ou seja a nossa biologia, fruto de milhões de anos de evolucionismo, sabe distinguir o certo do errado.
Karen Wynn: "Study after study after study, the results are always consistently babies feeling positively towards helpful individuals in the world. And disapproving, disliking, maybe condemning individuals who are antisocial towards others."
Paul Bloom: "What we're finding in the baby lab, is that there's more to it than that -- that there's a universal moral core that all humans share. The seeds of our understanding of justice, our understanding of right and wrong, are part of our biological nature."
Se assim é, então qual é o problema base do Mal na humanidade? É algo simples, que de tão simples se torna violentamente chocante. Algo que tem estado na origem de todas as guerras existentes na história da humanidade. A diferença. Nos estudos os bebés demonstram muito claramente que gostam de ver aqueles que são diferentes de si serem castigados. Simplesmente por não serem iguais a eles, no caso da reportagem através da simples arbitrariedade de não gostarem dos mesmos cereais. Se podemos ser assim apenas por causa de uma taça de cereais, imaginem quando o que está em causa é tão visível como a cor da pele, ou quando se torna visível a preferência sexual ou a crença religiosa, etc. etc. etc.


Parece ser verdade que o sentido de justiça nasce connosco, mas é um sentido que sai desvirtuado pelos efeitos de milhões de anos de sobrevivência. Ou seja ter um sentido de justiça para com quem se comporta bem socialmente ajuda a construir uma base comunitária de pessoas que me podem ser úteis futuramente. Mas ao mesmo tempo estar em estado de alerta perante todos aqueles que agem de modo diferente de nós, é importante para manter o nosso grupo forte. Primeiro nós, o nosso grupo, um grupo que se forma com pessoas iguais a nós, os outros são secundários.


Ou seja não precisamos de ser educados para aprender o sentido de justiça, mas precisamos de ser educados para compreender que a diferença não é algo mau, antes pelo contrário esta pode ser imensamente benéfica. O problema de tudo isto é que o efeito biológico tem predominância sobre o efeito cultural. E podemos até conseguir superar os instintos por via da tomada consciente de acções no nosso dia-a-dia, mas nada disto inscrito nos nosso instintos se vai verdadeiramente embora com a cultura ou a educação, como nos diz Bloom,
Paul Bloom: "I think to some extent, a bias to favor the self, where the self could be people who look like me, people who act like me, people who have the same taste as me, is a very strong human bias. It's what one would expect from a creature like us who evolved from natural selection, but it has terrible consequences. The kids who choose this and not this, the kids in the baby studies who favor the one who is similar to them, the same taste and everything - none of this goes away. I think as adults we can always see these and kind of nod. And the truth is, when we're under pressure, when life is difficult, we regress to our younger selves and all of this elaborate stuff we have on top disappears." 
A reportagem pode ser vista na íntegra no sítio da CBS.


Atualização 14.02.2013
No Facebook questionava-se a inovação deste estudo. Aqui fica a resposta.

A inovação deste estudo está na definição de uma metodologia que permitiu pela primeira vez obter respostas por parte de bebés com 5 meses, e até mesmo num dos estudos, até um mínimo de 3 meses. Esta é a primeira parte da importância, porque é extremamente complexo obter dados cientificamente demonstráveis com estas idades, já que ainda não falam, não desenham, nem escrevem. Aliás no caso dos testes com 3 meses nem sequer têm suficente movimento motor para se dirigir à escolha que fazem, obrigando o estudo a realizar-se com base no olhar dos bebés apenas. Conseguir dados com estas idades é assim, só por sim, um enorme avanço no conhecimento.

Depois a segunda parte da inovação é que estes bebés ainda estão muito pouco pouco aculturados. Estão muito próximos de tábuas rasas, no que toca a conhecimento apreendido. Assim, questionar um bebé destes é quase como questionar directamente a própria natureza, sem intermediário. Estamos aqui a falar de taxas superiores a 80% o que nos dá um panorama muito credível do molde humano à nascença. No fundo, o sentido como a Natureza encara o Bem, o Mal, e a Diferença.

fevereiro 11, 2013

folhas e corpos

Fiquei encantado com a beleza das ilustrações da espanhola Beatriz Martin Vidal. Podem ver o seu trabalho na sua página pessoal, no seu blog ou no DeviantArt. Adoro nomeadamente a sua obsessão com as folhas de flores e o modo como as representa entrosadas com os corpos humanos, e como trabalha o contraste de cores das flores com o dos corpos.

Capa do livro Little Red (2012) Beatriz Martin Vidal

Sequência do livro Little Red (2012) de Beatriz Martin Vidal


Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro Birgit (2011) de Gudrun Mebs

Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro Birgit (2011) de Gudrun Mebs


Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro El Pacto del Bosque (2010) de Gustavo Martín Garzo

Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro El Pacto del Bosque (2010) de Gustavo Martín Garzo

desenvolvimento de "Hundreds" (2013)

Hundreds (2013) é mais um sucesso no iOS a surgir a partir do mundo dos jogos Flash. A primeira versão Flash, que podem jogar no Newgrounds, foi criada por Greg Wohlwend um artista com parcos conhecimentos de programação, e está muito longe daquilo em que se viria a tornar depois de ser redesenhado juntamente com Adam Staltsman, criador de Canabalt (2009).


Hundreds (Site Oficial e App Store) apresenta um conceito simples, envolvido por um design gráfico ainda mais simples, tornando-se num jogo de grande qualidade minimal pela elevada consistência de jogo e enorme coerência gráfica. O visual limpo e esvaziado está em total consonância com as acções que o jogador tem de realizar e que se pautam por simples e rápidos toques que por sua vez são intervalados por tempos de reflexão que minoram o stress de cada toque. Basicamente o jogo consiste em tocar sobre círculos para os aumentar, evitando contudo que estes possam tocar outros círculos enquanto estão a  aumentar.



Entretanto encontrei alguma informação muito interessante sobre todo o processo de desenvolvimento do jogo depois de terem decidido desenvolver o jogo para iPad. Nomeadamente gráficos que detalham o desenvolvimento de cada elemento. É muito interessante poder ver este caderno de folhas e folhas de gráficos e símbolos com ideias e mais ideias, porque nos permite ter uma noção do processo de desenvolvimento do game design, que se faz por tentativa e erro, mas também por expansão e retracção de ideias, sempre em busca dos elementos essenciais de jogo, como acaba por nos explicar Staltsman.




Slides do Venus Patrol fotografados numa apresentação realizada por Adam Saltsman e Greg Wohlwend no Austin Independent Game Collective, JUEGOS RANCHEROS, 3.11.2012
"The goal was to build a game that kind of fully explored the idea of circles bouncing and growing in a confined space. In retrospect though I think we really started going in the wrong direction after a few months, and it took a few more months to realize my mistakes and kind of get steered back on track, and really find the sort of core or heart of the extensions we were making to the design." [Adam Staltsman na Polygon]
Entretanto o design de Staltsman ia sendo trabalhado do ponto de vista gráfico por Wohlwend,




Slides do Venus Patrol fotografados numa apresentação realizada por Adam Saltsman e Greg Wohlwend no Austin Independent Game Collective, JUEGOS RANCHEROS, 3.11.2012

Hundreds possui ainda uma pequena narrativa encriptada em pequenas frases que vão surgindo entre cada nível, mas sobre a qual os autores preferem não falar, preferindo aguardar que os jogadores a consigam decifrar trocando ideias entre si. Do meu lado ainda não cheguei lá, mas também ainda não joguei todos os níveis.

Trailer de Hundreds (2013) 

"Head Over Heels" (2012), de pernas para o ar

Head Over Heels (2012) de Timothy Reckart é o terceiro filme candidato ao Oscar de Melhor Curta de Animação 2013 a chegar à rede, depois de Paperman (2012) de John Kahrs e Adam and Dog (2012) de Minkyu Lee. Head Over Heels é um filme de estudante criado por Timothy Reckart, 24 anos, como filme de graduação do mestrado em Realização de Animação na National Film & Television School (UK). A mesma escola por onde passaram Nick Park ou Mark Baker.


Na arte temos stop-motion com personagens e ambientes criados em plasticina, rugosos mas muito consistentes e coerentes. A cinematografia está bem trabalhada conseguindo apresentar o espaço de modo credível e facilmente inteligível tendo em conta os espaços invertidos e sobrepostos. Por sua vez a imagem é rica em textura, com muita cor e boa diferençiação espacial através da iluminação.


Mas a excelência de Head Over Heels brilha mais ao nível do conceito narrativo. A base da ideia passa por representar o sentimento de um casal que ao fim de muitos anos de vivência em comum deixaram de concordar sobre o sentido de cima ou baixo, e desse modo passaram a viver em sentidos inversos, ela no tecto e ele no chão. O conceito ajuda a inovar no campo visual, servindo ao mesmo tempo de metáfora brilhante sobre o desencontro entre casais, algo que vai surgindo naturalmente com o tempo.


Relativamente à inversão da gravidade, Reckart refere que a inspiração lhe surgiu a partir do quadro The Philosopher in Meditation (1632) de Rembrandt. Ao olhar para a simetria das escadas em espiral questionou-se sobre a possibilidade de duas pessoas poderem partilhar aquela mesma casa, uma no tecto e outra no chão. Quero no entanto relembrar que ainda há muito pouco tempo trouxe aqui um filme, Reverso (2012), também de estudante da escola ArtFx de Montpellier, no qual o personagem principal tinha perdido o sentido de gravidade. Vale a pena ver ou rever.

Head Over Heels (2012) de Timothy Reckart

fevereiro 10, 2013

Virtual Illusion no Blackberry

É possível, desde o final do mês passado, aceder a este blog a partir da plataforma BlackBerry utilizando o aplicativo, VIRTUAL ILLUSION (v1), criado por Breno Carvalho para BB10. O Breno é um colega da Universidade Católica de Recife que trabalha no campo dos jogos digitais, e faz parte do Dev Group Recife para BlackBerry. Ele pediu-me para converter o blog como exercício, e eu agora pedi-lhe que me mandasse alguma informação sobre o processo de conversão. Deixo aqui o link para descarregarem a aplicação, e a explicação do processo de conversão que parece ser algo bastante simples.

O aplicativo do seu blog foi desenvolvido com uma aplicação da BlackBerry chamada App Generator. Essa aplicação online converte, de forma fácil e intuitiva blogs, canais do YouTube ou Flickr. É uma ferramenta bem interessante para designers, pois só é necessário conhecimento de comunicação visual, para a criação de imagens para o ícone, imagem do topo da interface e padrões de cores da mesma. Em poucos cliques, você define os aspectos visuais. Depois desse processo, basta discriminar que categoria se configura seu portal, palavras chaves da aplicação e o texto sobre a mesma para ser apresentada aos usuários.
Obrigado Breno Carvalho.