Depois de ganhar o grande prémio no Indie Lisboa 2009, no início deste mês, foi agora a vez desta produção da Filmes do Tejo ganhar no mais importante festival de cinema do mundo. O filme fala-nos de: "Mauro vive em prisão domiciliária. As tatuagens ajudam-no a queimar o tempo. Três putos do bairro aproximam-se da sua janela. Lá fora, o sol bate com a força do meio-dia". Sobre o filme João Salaviza, com 25 anos e o curso de cinema inacabado, escreveu um statement que se transcreve a seguir,
"What interests me more than capturing the transformations a place might undergo, is the tension that builds in the moments where nothing changes. The lead in “Arena” is restricted by limitations of both space and time. By filming Mauro in home confinement I was faced with the situation of a man with nowhere to go. I followed through with that idea from the script to the editing.Não podemos ver o filme mas podemos ver bocados entrecortados com uma entrevista ao João Salaviza, no trabalho realizado pelo programa da RTP Fotograma,
With the rule that no shot would prefigure the protagonist’s trajectory, nor suggest to him paths he simply could not see. That is right for someone who lives in a house with bars on the windows, and who secretly hopes that things will change by themselves. "
Quero apenas aqui a deixar bem frisado que esta é a primeira vez que Portugal ganha tal prémio. A razão para eu frisar esta situação é dupla, por um lado porque é importante, mas por outro para se perceber de uma vez por todas que o cinema português dito de qualidade que não agrada ao público português mas que "vende bem em festivais internacionais" cai aqui por terra. Manoel de Oliveira ganhou apenas no ano passado uma Palma de Ouro mas atribuída pela carreira (Lifetime achievement award for his work), não por um trabalho em particular em concurso regular, uma espécie de doutoramento Honoris Causa.
Ainda sobre os Prémios Cannes2009, Michael Haneke leva pela segunda vez a Palma para a longa "Das Weisse Band".