Para onde vão os balões quando se nos escapam da mão e voam para o céu?
[Versão HD]
[a partir de No Fat clips]
"As filmed advertising changes into longer forms (brought to you, of course, by the Internet) it will be interesting to see how storytelling will change and who specifically (creatives and directors) will rise to the top. It’s tough to break free of more than fifty years of intuition and the reduction of stories into a mere thirty seconds." Barbarian blog [12.2008]A tendência está aí e como o texto nos diz graças à web. Será esta uma tendência para ficar? Os custos de produção são bastante mais elevados e demorados, mas não tenhamos dúvidas quanto à capacidade para gerar retenção na memória. O processo de contar histórias (storytelling) continua a ser o meio mais eficaz de o fazer e claramente que a publicidade só terá a ganhar em fazê-lo. Veja-se o anúncio de 4m44s da Saatchi.
Outros alicerces do personagem, não só deste mas também do republicano, assentaram nos comics. Um media tido como menos nobre dado o seu carácter etário e minoritário, foi utilizado como veículo de grande eficácia para esta campanha com um nível técnico e estético ao nível do infomercial acima referido capaz de ombrear com o nível dos comics Marvel/DC. De tal forma foi frutífera essa entrada que temos agora um número do personagem ficcional de Homem-Aranha (Amazing Spider-Man #583) a cruzar-se com o personagem, não menos ficcional olhando o estado de coisas, de Obama.
Talvez mais o que mais me impressiona em tudo isto é que tendo em conta o factor, fenómeno, se esperasse que isto pudesse abrandar, contudo não é isso que está acontecer. O personagem está aí para funcionar já não como tal, mas como símbolo. Obama é hoje parte de uma hiperrealidade baudrillardiana sustentada pela sua própria máquina que entretanto, há já bastante tempo, deixou de ter um controlo completo sobre o desenrolar dessa mesma realidade simulada, para fazer parte de um discurso maior metanarrativo fonte de todo um aparelho social ideológico.
Ou veja-se ainda uma exposição no Museu Nacional de Imprensa a estampar as capas de jornais e revistas de todo o mundo, agregando num só momento toda a capacidade icónica, suportada pela admiração da imprensa planetária, elevando o homem a uma condição messiânica onde o personagem e o símbolo são já meras etapas de desenvolvimento embrionário de um novo real.
O Departamento de Transportes do Reino Unido acaba de lançar uma deliciosa campanha de prevenção rodoviária para crianças intitulada Tales of the Road. Seguindo uma via pouco ortodoxa utiliza uma estética adulta, o género terror, para gerar impacto junto das crianças. Os filmes são superiores aos jogos apresentados no site porque não só a sua componente técnica é de elevada qualidade como a componente estética está mais equilibrada e coerente. No caso da primeira abordagem "Make Me Cross" do ponto de vista lúdico não houve qualquer tentativa para adaptar o gameplay à aprendizagem fazendo um uso ridículo da slot machine que não se encaixa de forma nenhuma no contexto. A olhar para o jogo o que ele comunica não é a ligação que eles quiseram estabelecer entre conseguir os 3 "certos" e o "Stop, Look and Listen" mas é, e porque o objecto visual escolhido (slot machine) assim se expressa, que atravessar uma estrada é um acto que depende da sorte. Este é apenas mais um dos exemplos a demonstrar a capacidade criativa publicitária e em simultâneo da ausência de investimento sério no modelo interactivo. Não deixo contudo de louvar a campanha que me parece muito interessante e de notar a aposta realizada no media da internet nomeadamente por via dos filmes e extras (veja-se a moldura que adorna o filme abaixo) que são preparadas para facilmente serem embebidos em qualquer blog e assim potenciar o efeito viral.
Matsumoto e Willingham compararam expressões faciais de atletas sem e com visão nos Olímpicos de Verão e Paralimpicos de 2004. Foram capturadas e analisadas mais de 4800 imagens de atletas de 23 países diferentes. Os resultados são descritos da seguinte forma:"There were no differences between congenitally blind, noncongenitally blind, and sighted athletes, either on the level of individual facial actions or in facial emotion configurations. Blind athletes did produce more overall facial activity, but these were isolated to head and eye movements. The blind athletes’ expressions differentiated whether they had won or lost a medal match at 3 different points in time, and there were no cultural differences in expression. These findings provide compelling evidence that the production of spontaneous facial expressions of emotion is not dependent on observational learning."Isto sugere muito claramente que a existência de algo genético está na origem das expressões faciais de emoção. Estes resultados não são propriamente revolucionários para a ciência das emoções, mas podem ter um impacto interessante nas restantes ciências. Há mais de 30 anos que Paul Ekman estuda as emoções faciais, tem argumentado fortemente em favor da existência de 5 emoções Universais - Alegria, Tristeza, Medo, Raiva, Nojo. Vários autores o têm defendido incluindo Damásio que opta pela adjectivação de Básicas. Contudo sente-se nas restantes ciências ainda alguma relutância em aceitar que o ser humano possa de alguma forma nascer pré-configurado. Nomeadamente todo o espectro das ciências sociais e humanas tem grande dificuldade em aceitar que a cultura é apenas uma parte da questão e que não pode ser tida como o denominador da caracterização humana. E é por isso que julgo que estes resultados são importantes. É importante que se demonstre esta realidade e que as pessoas tenham consciência que parte do que somos está pré-inscrito em nós à nascença e nenhum processo de aculturação o pode alterar.