junho 26, 2014

As escolhas que nos definem

A filósofa Ruth Chang realizou uma TED sobre “How to make hard choices” apresentando toda uma nova forma de nos posicionarmos face às escolhas difíceis. Todos nós já passámos por escolhas complexas, escolhas que tivemos de enfrentar - terminar ou manter uma relação; escolher um curso ou outro; escolher abrir uma empresa ou procurar um emprego - e para as quais não encontrámos respostas concretas. Quando chegados a um destes dilemas entramos em desespero porque ficamos ansiosos. É assim que funcionam as nossas emoções, quando não existe um efeito conhecido e concreto, a ansiedade toma conta de nós para nos obrigar a focar no problema e a resolvê-lo. O que Chang vem dizer é que podemos olhar para as escolhas difíceis como algo mais do que uma escolha entre o melhor e o pior.


Antes de avançar com a sua proposta Chang realiza um enquadramento sobre a racionalidade científica que domina o pensamento da sociedade atual na qual tudo precisa de ser quantificável, tudo precisa de ser medível, e tudo precisa de ser comparável com precisão. Nesse sentido, a racionalidade empurrou-nos para um precipício no qual conseguimos apenas racionalizar o mundo segundo três vectores: menor “<“; igual “=“; ou maior “>”.
"As post-Enlightenment creatures, we tend to assume that scientific thinking holds the key to everything of importance in our world, but the world of value is different from the world of science. The stuff of the one world can be quantified by real numbers. The stuff of the other world can't. We shouldn't assume that the world of is, of lengths and weights, has the same structure as the world of ought, of what we should do."
Deste modo Chang propõe que se deixe de pensar as escolhas como tendo de existir uma melhor que a outra. A ideia é passar a refletir sobre estas como nenhuma delas sendo melhor ou pior, assumindo antes que estão a par. Ou seja, a escolha será importante mas nenhuma é melhor que a outra. Desta forma o que Chang nos propõe é que sejamos então nós a decidir o que queremos para nós. Estando as opções a par, cabe-nos a nós, e só a nós, criar razões para escolher uma das opções. Ao fazê-lo estamos a definir aquilo em que acreditamos, aquilo que queremos ser em vez daquilo que os outros querem que nós sejamos. Tomamos a vida nas nossas mãos e tornamo-nos autores dela.
“When we choose between options that are on a par, we can do something really rather remarkable. We can put our very selves behind an option. Here's where I stand. Here's who I am. I am for banking. I am for chocolate donuts. This response in hard choices is a rational response, but it's not dictated by reasons given to us. Rather, it's supported by reasons created by us. When we create reasons for ourselves to become this kind of person rather than that, we wholeheartedly become the people that we are. You might say that we become the authors of our own lives.

So when we face hard choices, we shouldn't beat our head against a wall trying to figure out which alternative is better. There is no best alternative. Instead of looking for reasons out there, we should be looking for reasons in here: Who am I to be?”

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