Do meu lado o que menos gostei foi mesmo da personalidade do príncipe, brincalhão, musculado e sem nada na cabeça, difícil identificar com um personagem assim, que mais parece um bobo. Ajuda bastante a companheira que está com ele todo o jogo, a princesa, com quem vai conversando, e que é verdadeira colega na aventura já que tem um papel muito relevante tanto no jogo como na história.
Mas claro que o melhor acaba por ser o campo visual que contribui para a criação de cenários absolutamente mágicos, para onde só nos apetece escapar. Esta beleza e encantamento tornam-se ainda mais poderosos, quando passamos o jogo a salvar regiões contaminadas, e de cada vez que chega o momento de libertar uma região das trevas, o mundo à nossa volta transforma-se de algo escuro e negro em algo absolutamente belo. Pode-se dizer que PoP construiu a partir destes momentos as melhores gratificações que um jogador pode desejar. Sentir que se contribui para libertar algo, e que ainda por cima esse algo que se liberta é magnânimo e sumptuoso, ao ponto de em certas regiões quase sentir vontade de respirar o novo ar do mundo que se nos desvela.
Um outro ponto imensamente discutido sobre PoP é o seu final. Falando sem dizer demais, apenas dizer que consigo perceber as várias leituras que este contém, mas acima de tudo dizer que pessoalmente não gostei de me sentir "forçado" a desfazer tudo aquilo porque lutei durante 20 horas. É uma visão, é a minha, mas foi o que senti, gostava de ter tido a oportunidade de dizer que não. Talvez simplesmente fechar o jogo quando começa o genérico, e não permitir que ele continuasse. Sei bem que não seria um final digno de Hollywood, habituados a vender sonhos e finais felizes, mas o contrário foi difícil de digerir. Talvez agora à distância pense tudo isto porque nunca me consegui identificar com o príncipe, acreditando muito mais nos ideais da princesa, julgo que ela estava correcta, e era como ela desejou que deveria terminar...
Para além dos problemas de interpretação da história, irritou-me ainda que o final fosse tão proletado em termos de game design. Sabemos que chegámos a fim, mas falta sempre mais um puzzle, mais um conjunto de acrobacias, mas um quase morte para chegar lá, parece que existe um certo receio de avançar para o final e acabar, desvelar tudo aquilo porque se lutou...
Apesar de tudo isto é um jogo com seis anos mas que ainda não perdeu nada do seu encanto. PoP não inova propriamente em nada, mas faz-nos viajar, sentir o encanto da ficção, do fantástico e por momentos esquecer completamente da nossa vida, escapar para um outro mundo.
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